Um acordo secreto entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita que cobre uma dívida estadunidense de 117 bilhões de dólares, e o compromisso de proporcionar apoio militar e logístico aos sauditas, foi conhecido hoje.
O site norte-americano Bloomberg revelou que este acordo foi firmado há mais de 41 anos -julho de 1974- e que até agora se mantinha em segredo.
Segundo o relatório, o acordo foi uma consequência da guerra do Yom Kipur, a sexta aventura militar empreendida por Israel contra seus vizinhos árabes em menos de três décadas e que contava com o ativo apoio militar dos Estados Unidos.
Este conflito, ocorrido em 1973, foi respondido pelos produtores de petróleo do mundo árabe com um embargo que quadruplicou os preços do combustível, disparou a inflação, derrubou o mercado de valores e afundou a economia dos Estados Unidos em uma profunda crise. A investigação de Bloomberg acrescenta que em julho de 1974, o secretário do Tesouro estadunidense, William Simon, viajou à Arábia Saudita, com um pedido da administração Richard Nixon, para tentar neutralizar o uso do petróleo como arma econômica e encontrar uma maneira de convencer Riad a financiar o crescente déficit financeiro dos Estados Unidos.
Revelou-se ademais que, depois da assinatura do acordo entre as duas partes, o rei saudita, Faisal bin Abdelaziz, exigiu que as compras dos bônus se mantivessem em estrito segredo.
Bloomberg cita uma fonte anônima do Departamento do Tesouro norte-americano, quem reconhece que o volume de investimento saudita na dívida nacional estadunidense é aproximadamente duas vezes maior do que o exposto pelas estatísticas oficiais.
Desta forma – acrescenta -, a cifra atual representa só 20 por cento de suas reservas exteriores, muito abaixo dos dois terços que os bancos centrais costumam manter em ativos de dólares.
Vários especialistas coincidem que a crise nas relações entre Washington e Riad está ligada à crescente proximidade entre os Estados Unidos e o Irã (inimigo irreconciliável da Arábia Saudita), e pelo fato de os sauditas financiarem abertamente grupos jihadistas na Síria e no Iraque, e manterem os bombardeios contra o Iêmen.
Por estas razões, assegura-se, os Estados Unidos começaram a afastar-se de seu tradicional aliado no Oriente Médio e, por sua vez, a Arábia Saudita começou a experimentar de novo as armas econômicas, que desta vez não só será com o uso do petróleo, como também se acrescentará a dívida.
Riad ameaçou desfazer-se de até 750 bilhões de dólares em títulos da dívida dos Estados Unidos, se o Congresso aprovar um projeto de lei que permitiria processar a Arábia Saudita pela participação de alguns de seus cidadãos nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Fonte: Prensa Latina
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