A luta de classes exige, frente ampla também nas eleições, já no primeiro turno.
Frente Ampla, para:
Lutar contra o golpe, a direita e o fascismo, nas urnas e fora delas, principalmente
A batalha eleitoral, como outro campo de luta qualquer, em hipótese alguma deve ser relegada. Como exemplo disso, cabe destacar que na Venezuela a direita tomou as medidas de ficar de fora nas eleições e amargou um parlamento sob total comando dos Chavistas. O boicote, por sua vez, também não pode ser relegado. Em certas circunstâncias, é inevitável. Marx e Engels condenaram a participação do Partido Socialista Alemão nas eleições, por tentativa de apenas coroar o reacionário poder prussiano da época sob via eleitoral. A base no entanto para a tomada de posição, é a Luta de classes, destacada por Marx.
Mas não tenhamos ilusões pois, a posição tomada pela direita na Venezuela, foi sem dúvida alguma com base nessa lei. Também, pelo que a história indica, os Socialistas se deslocaram da Alemanha para a Inglaterra, para convencer Marx e Engels de que, o que eles pretendiam estava longe de querer diminuir o aspecto da luta de classes. No entanto, em cada ação ou posição tomada na luta de classes deve indicar, antes de mais nada, uma posição anti liquidacionista de Partido, e o significado disso, é que, em todas as posições tomadas, a Revolução não pode ser relegada em hipótese alguma. Isso compromete os fundamentos da luta do proletariado. Esse liquidacionismo é uma rendição frente a luta de classes. Erros se comentem mas, o liquidacionismo, não é um erro é a passagem para o lado da burguesia. Assim fizeram os Mencheviques na Rússia e mais tarde a Social Democracia na Europa com Kautsky a frente.
E as eleições, como o fundamento de toda a ditadura Republicana capitalista, passa a ter aspectos de democracia Universal, sob a ideologia burguesa e seus seguidores. Não poder votar, não poder exercer a sua “cidadania”, parecem coisas de bárbaros. Mas, todo mundo sabe, que os bárbaros votavam (por aclamação) e decidiam, não uma vez a cada 4 anos por quem iriam ser governados, mas em cada decisão que lhes atingia diretamente. Aliás, os dirigentes de tribo e das gens eram depostos sem formalidades caso não cumprisse com as perspectivas dos seus postos. E por que acontecia isso? Primeiro porque o povo era dono dos meios de produção e, segundo, porque as armas estavam em suas mãos.
Mas para uma classe fazer o uso de algo importante para a sua luta política, ou seja, pra fazer desta luta um verdadeiro poder de avanço de consciência e força para enfrentar a outra classe, a exigência básica é unir-se e dividir o inimigo. É o abc da luta de classes e, por ser o mais simples, é o mais complexo. Marx não entendia como foi possível que os outros economicistas antes dele não tinham posto em evidência a mais valia pois, a mesma, decorria de uma concepção lógica. E ele mesmo responde: Explicavam os acontecimentos para justificar o existente de forma perfeita, nem por um segundo, deixavam se levar pela mais simples intuição, que o sistema era limitado, cheio de crises, de contradições insolúveis, e que passaria a história. E por conta disso, de defender o sistema, cada vez mais se aprofundavam no pântano teórico.
A unidade da classe tem a mesma força intelectual na política, como a mencionada a cima por Marx na economia. É simples, lógica, mas difícil de realizar por conta do oportunismo, isto é, todos os que tentam unir o proletariado trabalham na perspectiva de subordiná-lo ou achar um espaço melhor dentro do sistema capitalista, isto é, um espaço que lhes permita algumas garantias econômicas, alguns direitos existenciais para si e suas famílias e nunca na perspectiva deles próprios se tornarem classe dominante.
Nesse sentido, que o próprio chamamento de Marx à união do proletariado, “Proletários de todo o mundo, uni-vos”, acaba sempre por ser uma unidade econômica na mão dos oportunistas e não política como pensava Marx e Engels. Daí, porque as eleições, como elemento fundamental dos Partidos do campo popular e de esquerda não revolucionários ocuparem lugar supremo em suas políticas. E ao tratarem ela (as eleições) do ponto de vista fundamental distorcem a luta de classes pois reforçam o poder da democracia burguesa e rebaixam a luta pela transformação. A unidade do povo sem esse objetivo ( da transformação) é liquidacionista e, mesmo quando a luta está longe de possibilitar a condição de revolução, ela tem de ser o educador da luta e, de forma alguma, as eleições. Para Lênin, as eleições universais nas repúblicas burguesas, são simplesmente o indicativo da maturidade da classe operária, e dada essa condição, não se pode mais exigir nada delas.
E diante do quadro em nosso país, o qual não teremos a presença da maior liderança popular a concorrer; com um golpe que tornou-se objetivo com o impeachment e, desde então, vem aprofundando-se, e tendo no atual momento o domínio quase completo das decisões judiciais, qual o objetivo deste processo eleitoral? O bom entendedor sabe que nesse quadro a direita tem o controle total das urnas, dos votos, dos meios de comunicação, do judiciário, do executivo. Qual é o objetivo desta eleição para os democratas, progressistas, partidários de esquerda e dos revolucionários? Essa foi a pergunta que Marx fez para os dirigentes do Partido Socialista Alemão. Essa é portanto a resposta que temos que dar no atual quadro brasileiro ás vésperas de uma eleição golpista em 2018 no Brasil.
Em outras palavras, reafirmaremos o processo golpista com nossa participação ou denunciamos em toda a sua linha com o boicote? A dialética só pode nos salvar se a compreendermos ela dentro da luta de classes e não fora dela. Portanto a sua base de ação ( a dialética ) tem como objetividade a luta de classes. E tendo como objetividade a luta de classes e as particularidade de uma luta eleitoral logicamente podemos participar denunciando o processo, ou seja, é possível participar denunciando. E nesse sentido, a unidade já no primeiro turno deveria ser uma unanimidade entre aqueles que tem como base o golpe e o processo golpista dessas eleições. O resultado ainda não decidido nessas eleições, está por conta da direita e da extrema direita, que nesse quadro, disputam a direção do golpe. No STF, essa situação é patente.
O boicote também pode ocorrer em relação apenas às eleições presidenciais. A manutenção da candidatura Lula é uma forma de boicote das eleições para presidente pois, o mesmo, não existirá nas urnas e, para quem só nele quiser votar, terá que votar nulo. Mas se as eleições são fraudulentas sem a participação de Lula porque, seriam legítimas para governador e deputados Federais e Estaduais? Portanto, o eleitor não fará esta divisão de voto, e poderá votar nulo de cima a baixo, com toda a justeza. Não é a presença de Lula apenas que decide que a eleições são fraudulentas mas, toda uma série de condições na república ditatorial burguesa; a começar pelo Capital daqueles que o possuem e vão até o momento atual da existência de um golpe. Mas se tomarmos essa posição devemos levar em consideração o exemplo da direita Venezuelana que, na tentativa de anular as eleições sob os aspectos de fraude, acabou tendo uma derrota profunda, mesmo com o apoio do imperialismo Ianque. E aqui ainda tem um problema maior, os demais partidos do campo progressista, popular e de esquerda seguirão esta determinação? Não aprofundará ainda mais a divisão popular? (Portanto a esquerda, no Brasil, não pode cometer o mesmo erro da direita venezuelana).
O PRC é um partido que não está legalizado na justiça eleitoral e, portanto, o vínculo as eleições na ditadura burguesa tornam-se menos aguda internamente, como ocorre nos demais partidos populares e de esquerda, que ligam-se a essa tendência de cima a baixo. No entanto, essa discussão tem aspecto decisivo inclusive para estes partidos registrados, pois, a sobrevivência política, nos moldes colocados, estão praticamente extintos para cada um em separado. Portanto a unidade torna-se se fundamental para a luta contra o golpe. Ou seja, a Frente Ampla, mais do que nunca está na ordem do dia já no primeiro turno. Qualquer ilusão neste processo eleitoral levará as forças progressistas, democráticas, populares e revolucionárias a uma derrota maior que fora aquelas que , inconsequentemente, levaram a entrega de Lula à prisão.
As dificuldades eleitorais para o campo progressista, democrático e popular são imensas. Tudo joga contra. A saída política nessas eleições é a unidade ampla já no primeiro turno, tendo um programa avançado e denunciando os golpistas. Essa é a vitória eleitoral que devemos almejar, pois ela aproximará o povo dos lutadores e levará com isso a politização da luta e ao aprofundamento da divisão no campo oposto. É um passo decisivo também, para, passando as eleições, essa unidade se fortaleça e avance como uma força nova no cenário brasileiro e se coloque novas tarefas de enfrentamento do golpe. A vitória do movimento Lula Livre, também consiste na Frente ampla.
A sabedoria que a história da luta de classes nos passa é que táticas e estratégias só dão certos na simplicidade da unidade popular diante do inimigo. Temos milhares de exemplos, desde os vietnamitas vencendo o império americano, das considerações que Raul Castro fez na passagem da presidência a Dias – Canel, quando diz “ que o segredo da vitória do Socialismo em Cuba é a unidade do povo cubano “, e logicamente nas falas e nos escritos de Karl Marx: “Proletários de todo o mundo, uni-vos”. Portanto, o que pretendemos nestas eleições é, que não permitamos a divisão do povo com ilusões a respeito do quadro eleitoral em curso, porém, não demos trégua a direita, unimos o povo nesta batalha desde o início, já no primeiro turno a luta é contra o golpe, a direita e o fascismo.
– Frente Ampla para derrotar o Golpe, a direita e o Fascismo.
– Lula Livre.
– Viva o PRC e a Revolução.
– Viva o Socialismo.
João Bourscheid.
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