Quando Bertolt Brecht escreve em um de seus poemas, que os “tiranos fazem planos para dez mil anos”, ele logicamente não está errado. A burguesia, faz planos para a eternidade, assim como os Escravistas e os senhores Feudais também os fizeram. Engels, na Origem da família, da propriedade privada e do Estado, também mostra que o Estado, tens seus fundamentos na manutenção eterna da exploração. Por isso, do ponto de vista político econômico, o Estado capitalista e a burguesia monopolista, imperialista na atualidade, tem em mente, projetos milenares. Não é pra menos, que seu poderio bélico é sempre crescente, bem como suas corjas de agentes de espionagem e grupos de extermínio que agem em todo o mundo e, inclusive, em seus próprios países para que o proletariado não desperte para a luta e se organize.
Se vão bem no plano político, a econômia não lhes dá vida “fácil”. Para manter tudo isso, é preciso muito investimento de mais valia, que tornam esses Estados, uns verdadeiros parasitas. E, em épocas de crise, quando a produção de mais valia declina assustadoramente (diminuição da massa de mais valia), os projetos milenares só são assegurados com o fascismo. A guerra é o prenúncio, bem como os golpes, intervenções, guerras comerciais e as migrações forçadas por um lado( que neste momento batem o recorde da segunda guerra mundial) e o fechamento de fronteiras impedindo esse acesso por outro. Em outras palavras, a luta de classe se acirra levando a cada nova solução de um problema o aparecimento de outros ainda maiores.
Lênin chamava atenção em relação ao imperialismo, na luta contra a ala de direita da Social Democracia (Kautsky, Alemanha, e os mencheviques na Rússia), de que uma meia dúzia de nações ricas pensava em sobreviver eternamente cortando cupões; como que as massas proletárias assistiriam a tudo sem levantar-se para a luta. E elas, a todo o momento se colocam dispostas para a luta e, por ventura, estragam os planos mirabolantes da burguesia. Foi assim, que o povo Venezuelano minou o plano da aristocracia burguesa venezuelana e estadunidense (EUA), em explorar esse povo eternamente. A luta de classes, em determinado momento, fugiu ao controle dos tiranos e a farra do petróleo, da exploração extrema, ruiu.
Vitória do povo em luta na Venezuela. Porém, longe de terem eles derrotado os impostores. Os tiranos, fazem novos planos. E, para manter o domínio, planos ainda mais cruéis. O povo paraguaio, que o diga, quando em 1864 ergueu a bandeira da soberania, frente a potência Inglesa que naquela ocasião era a que dominava. A vinda do vice presidente americano, entre os encaminhamentos para aprofundar o domínio golpista no País, também vem com a perspectiva de negociar a intervenção na Venezuela; a qual já foi aprovada em reunião na OEA dirigida pelos ianques.
Mas, como sabemos, as vontades de classes dependem de leis objetivas da dialética. Aliás, se dependesse só de vontade, Hugo Chaves não teria voltado á presidência, após a farsa da renúncia no episódio de sequestro do presidente. E também se dependesse da vontade dos ianques, o projeto da Venezuela “livre” já tinha se viabilizado faz tempo. Mas, a burguesia aprende com a luta do povo contra ela e procura além das mil mentiras pregadas a todo instantes que se tornam verdades absolutas, também, construir uma maioria política que lhe de sustentação. Além de garantir uma hegemonia de partidos e países que apoiam a intervenção na Venezuela, os meios de comunicação garantem por outro lado, que os povos de muitos países da América, tenham uma opinião pró os tiranos. E, quando tudo parece calmo, a intervenção ocorre, como agora.
Mas em épocas de crise aprofunda-se os gastos de manutenção dos estados monopolistas, aumentando a dependência do trabalho alheio do mundo e do roubo aberto das riquezas naturais de outros países ( por conta de entreguistas, de invasão, cobrança de juros de dívidas, etc). Esse aspecto torna os projetos eternos a cada dia mais difíceis de serem concretizados. Lênin já falava que o estado burguês não tem condições de diminuir seus gastos e tornar o Estado cada vez menos oneroso. O dito estado neoliberal, que propaga um estado enxuto, patrocinou gastos ainda superiores. Esta situação, de um Estado que parece que vai engolir a Sociedade, é um projeto que a burguesia não tem como fugir. Esta obra (de por fim ao Estado) pertence ao proletariado, e com a revolução ele dá os seus primeiros passos quebrando com o estado burguês.
Temer, na tentativa de demostrar a população que iria acabar com a dívida e os gastos do estado brasileiro, em pouco tempo, mesmo pondo fim a vários setores de assistência social e com o congelamento por 20 anos em investimentos, os gastos foram cada vez maiores. O estado mínimo não existe para a burguesia, só para o povo. O Estado americano consome, em sua manutenção a cada dia, bilhões de mais valia roubada do proletariado do seu próprio país e do mundo inteiro. O seleto grupo burguês que comanda os golpes, intervenções, gastam sempre mais do que gastavam antes. Se a corja de Temer pro golpe, era um grupo menor, porque muitos deixaram de receber por conta desta intervenção (impeachment), ampliaram se os gastos com subornos, entregas, isenções, créditos, concessões, etc. O estado, para manter o golpe, precisou ser mais condescendente com os golpistas tanto internos como externos.
Nesse sentido, muitas vezes também, a própria esquerda quando assume o estado burguês, seja qual for a sua esfera (municipal, estadual ou federal), faz projetos eternos e o pior, pensa nas tentativas de enxugar a máquina pública. Essa máquina, no entanto, não tem como enxugar. Ela é feita para viabilizar a classe que comanda a economia do país. O gasto pode ter por base, como o própria Lula fez, uma concessão temporária, isto é, privilegiando a burguesia e direcionando um pouco, para o povo. Nada mais do que isto, e ao final de contas, ampliam-se os gastos. E quando a crise bate á porta, ou quando a burguesia for forte o suficiente para dissolver o governo das esquerdas, adeus concessões.
Portanto, por mais que sejam feitas campanhas para diminuir os gastos com o judiciário, com os golpistas de toda a ordem, com os gastos de subserviência ao capital internacional, de concessões ao latifúndio, aos empresários da Fiesp, de isenções dos ricos, etc., nada disso ocorrerá no capitalismo. Seja um governo de esquerda, seja um governo de centro, seja um governo de direita e extrema direita. Os militares, no pós golpe de 1964, com toda a exploração do proletariado, continuaram a bancar os parasitas em quantidade e qualidade cada vez maior.
Isso nos remete a quê, em primeiro plano? Á revolução sem dúvida. Segundo, que a burguesia só consegue limitadamente cumprir seus planos. Esses planos no entanto, são maiores ou menores, dependendo da luta de classes, isto é, da maneira que as organizações de esquerda enfrentam seu inimigo burguês, bem como na condução e unidade do povo.
Exemplo trágico disso é ver as eleição em si mesma, de forma metafísica ou mecânica, sem estar vinculada à luta de classes. É por isso que a unidade é tão difícil. Pensam os partidos, do campo popular e de esquerda, que estão, não só, em condições de assumir a administração melhor que os outros do mesmo campo, e para isso, precisam aparecer-se como diferentes, com projetos diferentes. Com a visão limitada de que se não for possível ocupar hoje essa posição, amanhã quem sabe. A compreensão do sistema capitalista, demostrada por todos esses grupos, não passa de uma análise formal, que não se sustenta pela dialética.
O PT e o Lula, com a ideia de que irá viabilizar de novo o seu projeto, de conciliação, que é em essência o mais viável, porém, foi através deste projeto que o golpe nasceu. Além do mais, nada será como antes; o PSOL e Boulos, que eles são novos e são diferentes que o PT, que tem a pretensão de fazer mais e melhor, e diferente; pois eles próprios são produtos daqueles pelo fato de não estarem de acordo com que foi feito. Aqui a ingenuidade é ainda maior; O PDT do Ciro, quer moralizar o Estado brasileiro, quer acabar com a anarquia; este parece ser a concepção mais populista de todas, pois foge totalmente as bases de produção e logicamente das bases políticas; o PCdoB de Manuela, se compromete apenas em voltar ao que era antes, isto é, acabar com a Reforma Trabalhista; mesmo sendo importante, não fará sem derrotar o golpe.
Se todos no entanto, olhassem a eleição como uma forma de luta contra o golpe, contra a direita e o fascismo, com a perspectiva de unir o povo e politizá-lo frente a conjuntura que está sendo patrocinada pelo imperialismo americano em conluio com a burguesia brasileira, seria sem dúvida alguma, a expressão da dialética na luta de classes, isto é, aquilo que é viável fazer neste momento. A dialética não é o relativismo, pelo contrário, com base nos conhecimentos profundo das leis, intervém, não cegamente como acontece com a natureza, mas com conhecimento de causa. Mas o pior, que se assim prosseguir estes encaminhamentos, cada um por si e o povo que se rale, teremos sem dúvida um resultado de uma ação cega na luta de classes.
Frente Ampla em defesa da Venezuela e de Maduro, contra a intervenção dos EUA.
Frente Ampla dirigido pela esquerda, contra o Golpe, a direita e o Fascismo.
Lula Livre.
Fora Temer.
João Bourscheid.
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