DIFERENÇAS ENTRE GOLPE E FASCISMO, MEDO E SUBESTIMAÇÃO.

Em relação ao medo, não faz sentido algum aqueles que tem a missão histórica de tomar os céus de assalto, se intimidar diante de um inimigo que blasfêmia ódio de classe. Para o proletariado isso não é novidade aqui no Brasil e nem no mundo. Em épocas de farturas burguesas, quando o sonho da eternização do capital brilha como ouro de tolo, quando empregos são quase iguais a força de trabalho disponíveis, a burguesia não deixa de reclinar da mesma forma o ódio aos trabalhadores, lhes impedindo de aumentos salariais de toda a ordem, bem como direitos para si e para sua família. E, o que esperar em época de crise? Quando seu mundo parece caminhar para um desfiladeiro sem volta?

Não. O medo para a classe a que o futuro pertence, nem como piada pode ser levada a sério. Do contrário, há na classe média e na própria burguesia, muito a perder. Por isso na crise, eles elegem o pior gendarme deles, aqueles que estão mais dispostos de levar adiante, através dos crimes bárbaros, torturas, prisões as tentativas de calar os seus inimigos de classe. Mas quando essa ação torna-se necessária, os projetos de classe se embatem o proletariado mais consciente, se educa no seu papel histórico. E por que? Não é apenas pelo terror burguês em fazer calar os seus filhos ou por duplicar ou triplicar a fome, a miséria, a dificuldades da vida. É porque, nesses períodos, a burguesia demostra que seu projeto histórico, eterno, não passa de uma ficção, fantasia.

Não queremos as baionetas, os massacres de prisões de nossos filhos, mas vemos que são eles que a querem. São eles que propagam a guerra, querem levar os filhos do proletariado a outros países para lutar uma briga que não é nossa, mas sim dessa classe degenerada e de seus gendarmes escolhido por ela. E os militares, ao lado deles, principalmente os generais, parasitas do trabalho do proletariado, vejam a perspectiva de se locupletar por mais algumas décadas, na tentativa de controlar o feitiço que a burguesia não consegue conter. E pelo contrário, são nestes momentos que aparece mais nítido para o proletariado o seu destino de classe, isto é, de coveiro da burguesia.

Já, a subestimação é própria da falta de teoria e entendimento da luta de classes. Os caminhos historicamente traçados pelo proletariado, como fala Marx nos 18 de brumários de Luis Bonaparte, sempre que há um projeto mais avançado colocado em pauta por uma classe ou um segmento de classe, o proletariado busca apoiar. Nesse sentido, difere do lúmpen proletariado e também das elites da burguesia, de sua aristocracia financeira e latifundiária. Porém, nesta perspectiva (o Proletariado) não cumpre decisivamente um projeto autêntico de sua própria classe. Não aparece no cenário como classe para si. E assim é forçado, a seguir aquilo que está posto de mais avançado das outras classes, em cada conjuntura.

Nesse sentido há uma subestimação da própria força de classe. Não consegue entender-se em sua perspectiva que diferencie de todos os projetos em comparação com as demais classes. Não se colocando á frente em seu projeto revolucionário, segue dirigida por outras classes, que muitas vezes apresentam propostas e projetos bastante consequentes. No entanto, ainda estão presos ao “Titanic” capitalista, que quando naufraga leva todos a bancarrota. As outras classes com projetos populares ou pequenos burgueses, são os salva-vidas do sistema, os botes, os que se desesperam pois seus planos afundam com o Capital.

Enquanto o proletariado não aparecer como classe autônoma e seu projeto revolucionário, tudo que se faz é subestimar a sua força. Porém, há momentos que as condições se tornam claras para essa compreensão, isto é, nas épocas quando os de cima não conseguem mais comandar e os debaixo não aceitam o seu comando. Esses dias ainda não vivemos, mas sem dúvida, eles não estão distantes quanto nos parecia a 10 ou 20 anos atrás.

A burguesia brasileira sob o comando do imperialismo ianque, põe em risco até a própria existência do Brasil como país. Este, foi tomado por elementos fascistas de toda ordem, pela extrema direita e militares, com o claro objetivo de nos tornarmos uma sucursal dos EUA. A docilidade da nossa burguesia não pode nos saltar os olhos. Em toda a América, essa sempre foi a tendência dela. O próprio Capital que aqui se constituiu é produto da necessidade de investimentos em épocas dos monopólios, da qual Lênin já tratara em seu livro sobre o imperialismo. O controle e a submissão das elites desses locais, dão forma á sua existência e seus pensamentos, isto é, ora se submetem a um império, ora a outro.

Vemos como reagem, esses serviçais do império, aqui no Brasil, na Argentina, no Chile. Países que são abertamente na atualidade, antipovo. Estão para salvar a crise do capital monopolista instalado desde 2008. Além de coordenar abertamente um caminho entreguistas no campo econômico, tratam de compartilhar e financiar ataques a todos que discordam desse caminho. E qualquer país que ousa a caminhar no sentido oposto, no caso a Venezuela, passam a ser concebidos por essa burguesia aristocrática, por duas formas: como uma desgraça para a humanidade (desgraça deles) e outra que não pode deixar existir (pois vá que o povo na América resolve seguir o caminho anti-imperialista).

Portanto, o projeto comum na atualidade, é a luta política antifascista, que aprofunda o golpe instaurado no país. Essa luta de classes aberta, só é possível fazê-la com a participação de amplos segmentos, isto é, progressistas, democratas, movimentos populares, sindicais, etc. Mas a sua direção, só pode advir pelos partidos de esquerda e mais precisamente, aqueles que representam o proletariado, na perspectiva de seu projeto político: os comunistas.

A história demostrou, que são exatamente estes segmentos que conseguem junto ao povo, manter a força diante de um inimigo resoluto a impedir qualquer avanço social. Portanto, é uma questão de embate histórico, a luta contra o fascismo. Aquelas classes ou segmentos de classe que estão presos de uma forma ou outra a manutenção ou restauração do Capital, nestas épocas, não lutam até as últimas consequências. As vacilações, decepções, ilusões, falta de perspectiva na luta, começam a aparecer muito cedo no enfrentamento com o Fascismo.

Golpe e fascismo são duas coisas diferentes. Sabemos da truculência por parte da burguesia no pós golpe, para fazer valer seus interesses econômicos. A máquina militar colocado a serviço do golpe, estende-se logicamente no campo político. Mas, se tudo isso, ocorrer dentro de um de uma crise que não ameace a continuidade burguesa imperialista, ainda não estamos falando de fascismo. A segunda guerra mundial levou ao fascismo, a primeira não. Porque? Na primeira guerra, a luta pela expansão dos impérios era a contradição principal; na segunda era a crise de produção de mais valia sobre as condições monopolistas, que levaram a estagnação do sistema de modo geral: a queda nas bolsas, é exemplo mais claro.

Os golpes atuais e a crise imperialista (hoje o exemplo mais claro é a crise comercial) seguem com ela, a guerra contra nações, venda de armas e saques pelas grandes potências, o crescimento dos movimentos de extrema direita, a xenofobia, o massacre dos pobres, dando a clara tendência de que a burguesia já não consegue mais conter o feitiço, isto é, o seu mundo. Daí vem o fascismo, o qual se manifesta em qualquer fenômeno (desde Bolsonaro até uma lava jato), o qual tem como base o extermínio de tudo que é progressista. O capital exige de seus representantes (a burguesia) novas tarefas, isto é, de destruição das forças produtivas para evitar o seu fim. A produção para a destruição.

Por isso, o golpe de 1964 em nosso país, é diferente do golpe atual. Esse ocorre em meio de uma crise imperialista, de crescimento da extrema direita no mundo, do capital exigir novas tarefas de seus representantes, isto é, colocando a base de todo o entrelaçamento da crise econômica, a única saída, o Fascismo. A tarefa histórica de derrotarmos o fascismo na América, não depende só do Brasil, mas da Argentina, do Chile e demais países da América Latina. A defesa da Venezuela, é um embate antifascista a qual é uma pedra no caminho ianque para poderem avançar. Essa defesa (Venezuela), ajuda de forma substancial no avanço da consciência proletária, pois além de ser uma luta contra o império ianque que é o centro do fascismo hoje no mundo, é a marca do internacionalismo proletário – o proletário não tem pátria.

Portanto, o proletariado no Brasil tem duas tarefas históricas. A primeira unir, lutar e resistir contra o golpe e o fascismo, construindo a frente ampla. E segundo, aparecer nestas lutas, com um projeto próprio, de classe, isto é, como coveiros da burguesia.

– Unir, lutar e resistir com a frente ampla contra o golpe e o fascismo.

– Em defesa da Venezuela.

– Fora Bolsonaro.

João Bourscheid.

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