As comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, são repletas de discursos de lideranças burguesas como Macron e Merkel, bem como de seus intelectuais, anunciando uma nova catástrofe Mundial. Os discursos nacionalistas, são as bases para a comprovação deste desastre, pois indicam que, cada país (melhor dizer) cada burguesia imperialista, quer salvar o seu Capital independentemente das perspectivas dos demais. Nesse sentido, Marx no livro o Capital já salientava que, em épocas de crise, cada burguês luta para se colocar em melhor condição para salvar-se da crise. Não age mais como classe, mas como indivíduo, e no caso atual, como monopólio.
O medo de uma nova primeira ou de uma segunda guerra mundial, são concretas. Mas a burguesia não tem como evita-las. A denúncia de uma parte dos imperialistas a outros, não passam de demagogias, pois do ponto de vista econômico, todas as medidas tomadas servem para aumentar as desgraças dos povos. E a guerra, como já sabemos, é a continuidade da política por outros meios, ou seja, a continuidade da luta de classes por outros meios. E nessa, a burguesia, como forma de conter parte do seu feitiço, destruindo os meios de produção, ata-se mais ainda, pois a produção ao sair da guerra fica ainda mais centralizada.
Sob a primeira e a segunda guerra mundial, aos EUA pode centralizar 50% do ouro mundial. Tornou-se o império dos impérios. A cada nova crise, fecham-se muitos concorrentes monopolistas os quais são incorporados a oligopólios. Portanto, quando um dos grandes censuram uma posição nacionalista de outro país, é porque o seu nacionalismo está sendo atingido. E o nacionalismo no mundo atual, sob o monopólio, chama-se chauvinismo, isto é, luta de conquistas monopolistas sob determinado estado monopolista.
É a época do lucro máximo como salientou J.Stálim. Com o domínio estratégico de ramos inteiros de produção, de matéria primas, mercados etc, a mais valia produzida na sociedade, corre para a sua bolsa. Como rios que deságuam no mar. Não existe Estado menor, que não sofra diariamente as tensões do FMI, do monopólio do petróleo, das doações que tem de fazer o tempo todo para os grandes Estados monopolista. A divisão internacional da mais valia, é medida segundo o domínio dos monopólios. A força portanto de um país burguês em nossa época, está na força de seus monopólios. Na disputa internacional da massa de mais-valia.
Nesse sentido, a vale do rio doce privatizada por FHC, as hidrelétricas que o setor privado está de olho e principalmente a Petrobrás, diminuem a capacidade de crescimento do País, em prol de outros grandes monopólios, pertencentes a outros estados. A Odebrecht foi destruída, como se rouba doce de criança, pelos monopólios maiores. O aparato do golpe, deu toda a sustentação para isso, que teve a frente o executivo, o legislativo e o judiciário. Essa foi a primeira fase do golpe, a qual demoliu com o setor que lutava internacionalmente na disputa desta massa de mais valia produzida, e que tinha o Estado brasileiro sob a direção.
Era um estado burguês? Sem dúvida. O executivo trabalhava para a burguesia? Não há qualquer dúvida em relação a isso. E por que razão do golpe? Por conta da crise do Capital, e a luta pela divisão da mais valia internacional não sofrer concorrência. Se a gasolina praticamente dobrou de preço, em dois anos, significa que se não houve diminuição no consumo, os monopólios lucraram o dobro que lucravam antes, sem que para isso tivessem investido um real a mais. Se a mais valia não veio da produção, veio da parte do leão, isto é, na diminuição da parte do salário dos trabalhadores. O custo de vida subiu, por conta dos monopólios. Por tanto na divisão de lucros, eles foram os grandes privilegiados.
Se a primeira parte do golpe foi draconiana, em prol dos grandes monopólios ianques, começa agora a segunda fase. Como segurar esse torpedo, com uma economia empobrecida, sem condições de disputa da mais valia internacional, de um estado submisso ao estado monopolista americano?
É por isso que, novamente os militares são conduzidos a direção do governo central. Força bélica, repressão, mordaça, fechamento de organizações democráticas, autoritarismo, obscurantismo, e que, acompanhada da crise internacional da produção de mais valia, com o desespero de grandes corporações, monopólios, oligarquias, vira fascismo. O desespero por não ter para onde correr, leva a burguesia internacional á destruição mais rápida das forças produtivas. Em outras palavras, á guerra. Em sua primeira fase, com anexações, invasões, submissão de povos de forma física; depois a guerra comercial, com aniquilamento da produção interna e externa, e depois a guerra aberta entre os grandes.
Nesse contexto, a crise não é por conta do PT, PSDB ou a condução da extrema direita ao governo com os militares. A questão aqui, é quem é mais capacitado para conter as massas diante da crise, e fazer sobreviver o capital. Esses estágios, estas diferenças se relacionam com a força dos grandes monopólios, seu grau de crise versus a força do proletariado. Se estamos vendo no mundo, forças de extrema direita serem conduzidos para os governos centrais de muitos países, significa que, a social democracia, partidos populares, mesmo governos de direita neoliberal, não são mais eficazes para conter (não a crise, essa é impossível) mas as massas.
Por isso, quando as forças políticas mais susceptível á luta da classe operária, neste momento, não buscam um entendimento nacional, com uma Frente ampla para enfrentar o período da extrema direita, agem contra esta classe que dizem representar. Esse é o período da construção de uma grande frente antifascista, de resistência a extrema direita que tem a frente Bolsonaro aqui no Brasil. Aceitar as eleições atípicas, golpistas, fraudulentas, e entender que a resistência pode existir sem uma grande colisão de forças, é um pensamento burguês.
Mas esse caminho é inevitável, isto é, da unidade popular, de uma frente ampla, queiram ou não, os partidos popular e de esquerda. O que não está decidido no entanto, para que lado vão ficar cada um destes, isto é, do lado do governo nas tentativas de se adequar a uma oposição responsável, ou passar para a luta da resistência contra o fascismo, em uma frente ampla.
Esse é o papel político, de saber exatamente como combater o inimigo de classe em cada época histórica, e não o papel de impedir a crise. Essa é a ilusão que até hoje vivem os extratos sociais que estão entre a burguesia e o proletariado, isto é, entre aqueles que tem tudo a perder e os que não tem nada a perder, a não ser seus grilhões.
– Frente Ampla, para resistir a extrema direita e o fascismo.
– Unir, lutar e resistir. Abaixo governo entreguista e serviçal dos EUA.
– Fora EUA da Venezuela.
João Bourscheid.
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