Estamos vivendo um momento de agravamento das mazelas do capitalismo, um Brasil muito diferente daquele Brasil de uma década atrás. Sim, o tempo passou. Para muitos, é difícil acreditar que aquele país que ensaiava escapar às condições históricas até então impostas por seu lugar na geopolítica mundial, ou seja, a de um país periférico pudesse ruir, dando lugar ao que há de mais grotesco e trágico nesse sistema que, embora por sua natureza, sempre reúna tais características, as deixa transparecer mais nitidamente em seus momentos de crise. Sim, foi um ensaio. Este país não pode dar certo se não for reinventado.
Brinquei esses dias com um amigo, que até mesmo para viver a “social-democracia”, o Brasil necessitaria de uma revolução ‒ e se for pra revolucionar, que seja em direção ao socialismo. Tragicamente, alguns acreditaram e ainda acreditam, confusos pelas circunstâncias, na possibilidade de chegarmos num outro lugar, mais justo e soberano, dentro do regime político burguês . Afinal, em que momento as famílias Sarney, Marinho, Magalhães e tantas outras, abririam mão ou tiveram retirados seus poderes para dar espaço para a “caravana da social-democracia”, com aquele “Quêzinho” de “socialista”, passar? Aqui é Brasil. “Terceiro mundo”. É “poder” contra “poder”, família contra família, disputando cada centímetro de riqueza existente. Milícia, Tráfico, Igreja, Latifúndio, Fábrica, Mídia. E ainda tem um pessoal que exige que o PT faça autocrítica por supostos erros cometidos quando esteve no governo. Não que erros não tenham havido, mas talvez seja fácil olhar de fora, quando não se está na posição de “gestor do Capital”, papel ao qual os partidos que orbitam à luta institucional acabam limitando-se.
O principal erro do PT foi de achar que poderia conciliar as classes no Brasil. O que ele fez ou deixou de fazer no Governo, além estar de acordo com seus projetos mais gerais, foi o que deu e o que não deu pra fazer nas condições históricas vigentes. Tem gente que acha que dava pra regulamentar a mídia. Outros, que seria possível fazer a reforma agrária, e que daria pra fazer uma reforma tributária e política sem romper com o sistema. Já ouviram a expressão “mexer na onça com vara curta”? O PT caiu por muito menos.
A essa altura do “campeonato”, não podemos ser saudosistas de um tempo que, certamente, não retornará. O fascismo bate à porta, e o acirramento da luta de classes no Brasil está a cada dia mais intenso. Exércitos de trabalhadores desacreditados se amontoam em palestras motivacionais em busca de uma direção, do que acreditam ser “empreendedorismo”, ao mesmo tempo em que o Governo Federal avança na contrarreforma da Previdência ‒ que vai “empurrar” outro exército de trabalhadores menos remunerados, sem qualquer perspectiva de aposentadoria e sem os direitos trabalhistas essenciais , enquanto o grande empresariado e o Capital gozam de privilégios oferecidos “de bandeja” ‒ enquanto nossas riquezas naturais são expropriadas e destruídas; enquanto nosso povo é massacrado nas favelas e periferias . E há quem comemore!
Acreditar que, em 2022, será possível reverter esse quadro, mais uma vez, é “vestir a camisa” da ingenuidade e da negação. Ingenuidade de não saber em que país vivemos e negar quais condições estão postas. Acreditar na mudança do quadro por meio das eleições burguesas é querer, ainda que ingenuamente, conservar o capitalismo no Brasil. Porque esse não afrouxa. Ele até cede, aqui e ali; disfarça as intenções, como foi durante os Governos PT, mas segue firme como seguiu, expandindo lucros por meio da exploração e da expropriação nas últimas décadas, nada além.
O momento é de ruptura. O povo quer uma ruptura, pois já é sabido de cor que, nesse país, sob o capitalismo, não existe justiça e igualdade, e o que o Governo Bolsonaro faz é escrachar ainda mais tais contradições. Caminhamos a passos largos para uma crise de proporções catastróficas, tanto no Brasil ‒ com o avanço desenfreado do projeto ultraliberal ‒ quanto no mundo, onde já se alarmam os sinais de seu novo avanço, estrutural e cíclico, sobre os principais centros econômicos, com a retração das economias alemã, chinesa e estadunidense.
Pensar, criar, agir. Um grande camarada me disse uma vez que o desafio mais difícil é criar o partido revolucionário. Uma vez criado, a Revolução socialista fica “logo ali”. Esses dias li um texto do Fidel Castro que dizia: “O dever de todo revolucionário é fazer a Revolução. Se sabe que na América e no mundo a revolução vencerá, mas não é revolucionário se sentar na porta de sua casa para ver passar o cadáver do imperialismo”. Trabalharemos para construir o Partido da Refundação Comunista, pois não há tempo a perder, pois a dita “democracia burguesa” foi pro “ralo”. O povo não pode sucumbir diante das investidas ultraliberais e fascistas do Governo Bolsonaro e do imperialismo. Se é para romper, que seja por meio da revolução, se for revolução, que seja para o socialismo. A palavra de ordem é Socialismo ou morte! Outro caminho é possível!
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