Será lançada em POA, no dia 07 de outubro, a frente mista parlamentar em defesa da Soberania Nacional. Subescrevem nesse evento 259 parlamentares Federais e Senadores. É uma iniciativa de grande importância. Porém, ficamos a pensar: A soberania Nacional, para muitos daqueles que nela vão se manifestar, a Reforma Trabalhista e Previdenciária, aprovada por muitos deles, não tem nada a ver com a luta encampada, por quê?
É importante destacarmos isso, pois vivemos uma nova ofensiva do imperialismo Ianque na América, e por conta da crise, sua fascistização assume contornos violentos, tentando fazer com que qualquer soberania desapareça frente à força do Império. A tendência à defesa Nacional tende a crescer, pois a defesa do território Nacional contra os ataques imperialistas faz o proletariado levantar-se em resistência. As revoluções proletárias, em alguns países Socialistas, foram marcadas pela unidade do povo contra os exploradores externos. A China contra o Japão é um exemplo típico entre império e colônia; Vietnã e Correia do Norte frente aos EUA, idem.
A Venezuela consegue unir seu povo contra os ataques nocivos do império americano que cobiça aquela nação e as riquezas minerais, essencialmente o petróleo, por não ceder aos seus domínios. A extrema direita em nosso país, sob o comando do Bolsonarismo, visa aprofundar a concepção histórica da burguesia brasileira em ser, não sócia menor da burguesia Ianque, mas lambe botas deles. Bolsonaro dá provas disso, doando tudo que for estratégico ao desenvolvimento de nossa Soberania aos monopólios Americanos, Japoneses, e a União Europeia (Mercosul X União Europeia) sob o comando da Alemanha.
Porém, para que um tema tão importante como o da Soberania Nacional no final da luta não signifique mais que um instrumento da burguesia afetada pela descapitalização, minguada, empobrecida devido aos grandes domínios de gigantes estrangeiros, o proletariado deve tomar a frente dessa condução. Unir o povo, frente aos ataques do imperialismo Ianque, não pode significar as tentativas de construir e fortalecer a burguesia brasileira ou alguns de seus monopólios e ficar por aí mesmo. A burguesia brasileira não quer rompimento, não quer briga com o Tio Sam, quer como um preso político e econômico, ter acesso a um banho de sol, pelo menos, uma vez por semana, e se conseguir dois dias, é um sonho.
É assim que pensa a nossa burguesia. Nada mais do que isso. E quanto à classe proletária, como pensa ela, a burguesia brasileira? Isso que nós vemos todos os dias: quando podem, retiram direitos conquistados, aniquilam leis trabalhistas, acabam com o direito à aposentadoria, salário mínimo no mínimo, cortes na educação, saúde, assistência social, habitação, etc, são iguais a qualquer burguesia no planeta. Se são aliados por um instante, por suas próprias desgraças e nos estendem as mãos, de certo aceitamos, pois os inimigos dos inimigos nossos, não são nossos amigos, são aliados temporários.
Aqui entra mais uma vez o Marxismo para nos ajudar. Se em todas as lutas não reforçarmos a classe em si à classe para si, não avançaremos um centímetro se quer, pois os nossos projetos não se equivalem aos dos nossos aliados temporários, pelo contrário, são antagônicos.
Um exemplo: No RS, nas festividades de 20 de setembro, a esquerda lança um manifesto contra aqueles que glorificam a dita Revolução Farroupilha. Os lanceiros negros sempre são lembrados, pois foram assassinados por aqueles que ombreavam na luta contra a monarquia imperial. Aqui é um caso que muito nos serve como ensinamento, pois de posse de armas e seduzidos pela luta que lhes pudesse trazer a libertação da escravidão, os escravos negros, confiaram nas palavras, na luta daqueles senhores de estância. Não tinham um projeto de classe, não tornaram classe para si. Caso contrário, não teriam deposto as armas e confiado nos seus inimigos de tantos anos.
Esses (os escravos) perderam a oportunidade que a história da luta de classes no Brasil lhes possibilitou: as contradições colocadas entre os estanceiros do RS e a Monarquia do 2º império. A luta de classes abriu uma janela histórica. A liberdade e a escravidão caminham juntas na luta de classes, e às vezes, a oportunidade dos escravos se encontra na próxima esquina (luta, crise),
A Soberania Nacional é algo de extrema importância na unidade do povo contra o imperialismo Ianque e os demais saqueadores. Ela é capaz de erguer o proletariado nessa luta. No entanto, o proletariado, nesses enfrentamentos, precisa ter um projeto de classe, caso contrário, trabalha esperançoso nas conquistas de dias melhores, porém, ao final do embate, vê que as cicatrizes das batalhas, continuam a mutilar o seu corpo e a sua classe.
A Luta pela Soberania Nacional, destituída da luta por uma Aliança Nacional Libertadora (ANL), só serve à defesa da soberania dos grandes grupos brasileiros que querem seu espaço vital, dentro do domínio imperialista. Estes usam o proletariado, tal como os lanceiros negros foram usados outrora. E a defesa da Soberania Nacional vem de mãos dadas também na defesa de outros povos da América principalmente onde a luta está mais acirrada, como na Venezuela, Cuba, Nicarágua, que sofrem ataques constantes de intervenção por parte do Fascismo ianque, com o qual a nossa burguesia está aliada. É preciso que o internacionalismo proletário esteja presente na luta contra o imperialismo.
Por isso, os partidos e dirigentes políticos de esquerda, progressistas, democratas, patriotas, nacionalistas, diante do ataque da extrema direita em nosso território, de mãos dadas com o imperialismo ianque, devem se unir. A nossa unidade deve fortalecer, e só se fortalecerá se a luta ultrapassar os limites da burguesia brasileira, no seu entendimento de Soberania Nacional. E o desafio na atual conjuntura pode ser de construir novamente a ANL. Por ela não ter atingido as perspectivas no passado, não significa que no atual momento não venha ser um desaguadouro da luta proletária contra o imperialismo, pois as suas evidências, de classe em si e de classe para si, são nítidas na história.
Por isso, neste momento em que a escravidão proletária e sua libertação se embatem contra o fascismo ianque, a defesa da Soberania Nacional e de um projeto autônomo da classe proletária nessa luta, estão intimamente ligados. Ter claro que as matizes políticas que nos acompanham, com seus limites, oportunismos, vacilações e suas ideologias de classe, não podem nos cegar. As palavras do poeta que diz “quem sabe faz a hora não espera acontecer”, estão lançadas, e a classe que melhor saber utilizá-las com certeza ganhará a batalha. Porém nunca é demais dizer, que a batalha final pertence ao proletariado. Por isso, VENCEREMOS.
– Fora, Bolsonaro e sua extrema direita!
– Em defesa da Soberania Nacional e da criação da ANL
– Unidade de esquerda e popular contra o Imperialismo Ianque e demais.
– Lula Livre!
João Bourscheid.
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