As contradições internas são superiores às externas, como nos ensina o materialismo dialético. Contrariando essa lei, Bolsonaro sente-se seguro quando o Trump lhe garante imunidade. Sente-se como uma pluma, leve, solto, como uma donzela, que, a depender da força econômica de seu padrinho, pode matar, cuspir, bravejar, fazer todo o tipo de arruaça, sem que nada possa de tão grave lhe acometer. Tal como o filho do Eike Batista (que fora o homem mais rico do Brasil), de nome Thor, achou que a fortuna jamais acabaria, e que podia passar por cima de quem quer que fosse (atropelou um ciclista), e nada lhe aconteceria. Hoje o “papito”, além de perder grande parte da fortuna, cumpre oito anos de prisão.
Esse é só um exemplo de que o Capital não assegura ninguém, só a ele mesmo. Na verdade, a subida de Bolsonaro na presidência estimulou também, além de seus filhos, muitos dos milicianos a sua volta, que o mundo agora seria diferente, e poderiam fazer o que lhes bem quisessem. Adriano, talvez pensasse o mesmo, Queiroz idem. Mas, o capital, também sabe preservar seus interlocutores, quando lhes são fiéis. Um exemplo disso, foi a corja de militares no Golpe de 64, onde torturaram e mataram e, ao final, tiveram anistia ampla e irrestrita. Isso porque, em ambos os contextos, golpe e pós-golpe, os interesses do Capital financeiro foram sempre preservados. O povo há de entender que o “melhor sempre” é a saída que menos causa dano ao Capital. Sai um grupo entra outro, mas o poder desta força econômica não pode ser impactado.
Em 2016, novamente o povo brasileiro viu-se diante de um golpe. Diferente de 1964, mas um golpe. Um circo foi montado, do ministério público ao supremo, passando pelo Congresso Nacional. A mídia anunciava todo o desenrolar “democraticamente”, enlameando o quanto pudesse os partidos de esquerda, principalmente o PT. Os fantoches movidos pela Casa Branca davam conta de enterrar as forças progressistas. O povo, atônito, com os escândalos da corrupção, se adequava à onda, vendo a imprensa tratar os golpistas como Moro, Temer, STF etc., como elementos de uma moral digna de uma conduta ilibada. E o golpe foi ganhando os seus contornos cada vez mais autênticos com a chegada da extrema direita, dos militares, dos fanáticos bolsonaristas, dos setores mais entreguistas. As contrarreformas anti-povo era o saque econômico principal, e toda a entrega do patrimônio Estatal (petrolífero, nuclear, reservas naturais, bases de lançamentos, eletricidade, e por aí vai).
As tentativas que ora se iniciam no Brasil do novo golpe de 2016, passando por eleições fraudulentas de 2018, agora sob o domínio de grupos de extrema direita, entre eles os militares, querem dar continuidade ao golpe de 64 interrompido em 1985 por uma crise financeira no Brasil, com uma inflação de mais de 100% ao mês, um povo atolado na miséria, e louco para dar um fim a tal ditadura militar. Mas a história só se repete por farsa, e os farsantes geralmente se utilizam de períodos homéricos, prósperos, de abundância, de felicidade para fazer seu retorno triunfante. Como seu legado é obscuro, contaminado de mil e uma escaramuça, traição ao povo, os golpistas atuais entram envergonhados na condução do governo brasileiro, porque quem não sabe que as eleições foram fraudulentas? Os militares até agora, sempre demostrando distante das contradições mais “cabeludas”, são blindados para não serem atingidos pelo olho do furacão. Seu escudo protetor é um sombreiro gigante e midiático para impedir realmente que o povo veja o que se esconde debaixo do coro cabeludo.
Bolsonaro, sob a crise, agora consciente que não é uma marolinha, procura salvar de todas as formas a combalida economia. Mas salvar não para o povo e sim para os banqueiros, os empresários e os monopólios estrangeiros. E além do mais, precisa levar em consideração duas coisas que não tinham na época da “marolinha”: um vírus mortal e a política externa de salvação dos EUA. Nas duas contaminações, surgidas externamente, Bolsonaro tem muito pouco para onde correr, e parece que nas duas corre para um lado e outro, e se firmando sempre no lado errado para se sustentar politicamente aqui no Brasil. Ao estar confiante de que seu padrinho ianque lhe garantirá vida eterna, faz coro a ele, atacando a China. Bate lá, e volta aqui acirrando as contradições internas. A Band (bancada pelo Agronegócio) bate abertamente chamando ministros de idiotas. Ronaldo Caiado (DEM/UDR) faz o mesmo caminho e desembarca do governo. (Lembrando que a china é o maior importador dos produtos do Agronegócio como: (soja, carne de frango e gado, açúcar bruto, celulose).
Ao tentar salvar a economia paralisada pela pandemia, Bolsonaro segue a cartilha de Trump (EUA), Conte (Itália), Sánchez (Espanha), e Johnson (Inglaterra), e não se deu por conta que esses países estão afundando diante da pandemia, e já deram pra trás. A consciência é de certa forma um termo que significa de mãos dadas “com a ciência” a qual rompeu há muito com a mitologia e com a filosofia da Idade Média, em que a razão e a lógica ao contrariar a fé ou a previdência, deveriam aquietar-se. A própria burguesia em sua época revolucionária rompeu com esse tratado. Hoje, atordoada pelo proletariado, abre a Caixa de Pandora, e deixa novamente aberta as portas de todo o reacionarismo, o clericalismo, o obscurantismo, em outras palavras, mais “modernas”, do FASCISMO.
Nesse sentido, já acuado e isolado, o governo rompe com outras forças internas, que estão apavoradas com o processo viral em curso. Com o discurso de salvar a economia, ruma abertamente ao naufrágio que levará o país ao caos, e provavelmente a maior recessão já vista em nossa história. O que está escrito se confirmará em breve. “Bolsonaro”, como diz a lenda, “nunca mais vi”, essa será a expressão que quem viver verá. E a saída para tudo isso? Um grande esforço nacional para manter o que tem, ou seja, a salvação do Capital, assinado O CAPITAL. E é por isso que Dória compra briga com Bolsonaro, pois sabendo da tragédia e da necessidade de seguir tirando o povo do processo de decisão, mantém-se como polo da direita, buscando nessa contradição agora aberta no governo, como um interlocutor dos empresários paulistas (FIESP), dos governadores e do PSDB.
A esquerda, depois de aceitar o aprofundamento do golpe, pelo aceite da eleição do “Capitão do mato” e sua corja de extrema direita, dá sinais que não deixará para 2022, a disputa pelo governo Federal, pelo menos, não contra Bolsonaro, e pede a sua renúncia; busca ser o interlocutor do povo. E o Capital, que já prevê a inevitável queda de quem lhe ajudou tanto, busca, como sempre uma saída de quem perdeu a batalha mas a guerra nem pensar. Nem sequer está colocado no cenário, a situação da qual tem que perder os anéis para não perder os dedos. A saída de Bolsonaro para ele (Capital financeiro, os golpistas, EUA) não é moeda de troca, mas de continuidade, de dar novas versões para o aprofundamento daqueles que por conta das contra reformas, levaram o povo rapidamente a pobreza e a miséria. Manter esse quadro, é o que vale a cabeça do Bolsonaro.
Manter o povo à distância, fazer o acerto por cima, é uma característica de quem domina o poder burguês e também por aqueles que se acostumaram com ele. E dentro da crise que se anuncia, qualquer acerto de contas com o povo apenas na torcida é suicídio político. E por falar nele (suicídio político), nos últimos anos, parece que a esquerda tomou pra si está empreitada, pois sempre tratou a luta de classes, como uma “marolinha”, como “não vai ter golpe porque temos votos o suficiente no congresso”, “Lula não será preso por conta das contradições do STF”, “Fora Bolsonaro só em 2022”.
“A voz do povo é a voz de deus” como diz o poeta. No sentido metafórico é, pois a força do povo que em última instância pode decidir, pra um lado ou outro. E é isso que temos que nos apegar agora, nesta recessão, neste estouro de bolha, nessa briga interna da burguesia. É hora de mobilizar o povo pelo Fora Bolsonaro e aumentar o ódio ao golpe, a extrema direita, aos entreguistas, as contrarreformas da previdência, Trabalhistas. Por isso, mais do que nunca é, Fora Bolsonaro, Mourão, Moro, Guedes…. Fora a extrema direita.
– Fora Bolsonaro e sua extrema direita.
– Sem trégua aos Fascistas.
João Bourscheid
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