A recidiva da recessão econômica iniciada em 2014 e o acirramento multilateral da crise política no topo, em conjuntura de pandemia e baixa mobilização popular, exigem das forças nacionais, democráticas e progressistas, especialmente os comunistas, iniciativas capazes de soerguer o protagonismo das grandes massas. Neste quadro, não basta o esforço de construir a frente ampla. Faz-se também preciso, como tema fundamental, garantir que as forças de esquerda constituam o seu polo mais dinâmico e consequente.
Para tanto, a tática revolucionária deve adotar os seguintes eixos principais:
— intensificar o trabalho de oposição ao Governo Federal como conjunto – não somente a uma ou mais personalidades individuais –, contrastando com as tentativas de rearranjo institucional por cima dos setores monopolista-financeiros descontentes com as posturas bolsonaristas, que se manifestam claramente na sociedade política burguesa, na mídia conservadora e nas intrigas palacianas, inclusive no interior da extrema-direita;
— apoiar, como política vital e atual, o enfrentamento ao Covid-19 com base na plataforma emergencial publicada pela Tribuna Proletária no Editorial da semana passada, passando pelo confronto à sabotagem de Bolsonaro – e seu bando reacionário – ao afastamento social necessário, às providências financeiras imprescindíveis para o suporte material da campanha sanitária e à solidariedade internacional em suas várias dimensões;
— trazer para o epicentro político da conjuntura os interesses próprios do proletariado, abrindo caminho para sua participação ativa e independente, como classe majoritária e massa mobilizada, única maneira possível de favorecer, organizar e ativar praticamente, nas condições vigentes, a sua intervenção e o seu protagonismo, sem o que seria uma simples reserva de manobra para conspirações invariavelmente hostis aos seus anseios.
No que tange à mobilização no mundo do trabalho, cabe destacar o documento assinado por cerca de 100 sindicatos, federações, confederações, centrais e instituições afins, apoiado por entidades internacionais como a Federação Sindical Mundial (FSM) e a Confederação Latino-americana de Trabalhadores Estatais (Clate). A “Nota de repúdio à redução de salários e à suspensão dos contratos de trabalho (Confiscar salários não combate a crise, a torna mais profunda)” é um bom exemplo de unidade com amplitude.
Trata-se de um manifesto para se contrapor à saída sonhada pelo capital – que agrava o mergulho do PIB por enxergar os lucros dos grupos econômicos privados como dogmas intocáveis – e conclamar o povo a lutar contra o descalabro da MP 936/2020, que usa o coronavírus como pretexto para suspender os contratos laborais, reduzir os salários em até 70%, excluir das negociações os sindicatos e reservar migalhas para milhões de brasileiros, como desempregados, informais, desalentados, subutilizados e intermitentes.
Redução de salários e suspensão de contratos, em uma traição e golpe ao trabalhador que se sujeita a migalhas.