Deputados da bancada do PT, PSOL e a coordenação do PCdoB na Assembleia Legislativa se reuniram, nesta quinta-feira (16), com o Procurador-Geral de Justiça, Marcelo Dornelles, para tratar da ação da Brigada Militar durante desocupação do prédio da Secretaria da Fazenda (Sefaz) na quarta-feira. Estudantes que estavam no local também estiveram presentes e deram diversos relatos de situações de violência que aconteceram durante a desocupação. “Abriram nossa boca e jogaram spray de pimenta pra dentro”, relatou um adolescente.
Participaram da reunião os deputados petistas Adão Villaverde, Jeferson Fernandes, Luiz Fernando Mainardi, Miriam Marroni, Stela Farias, Zé Nunes, o deputado Pedro Ruas (PSOL), o deputado federal Pepe Vargas, a deputada federal Maria do Rosário, o representante do Comitê contra a Tortura e Violência, Carlos D’Elia, pais, estudantes e advogados que acompanharam as detenções realizadas ontem.
Os deputados entregaram a Dornelles um documento denunciando a atitude dos policiais, acompanhado de um DVD com um conjunto de vídeos e fotografias, além de áudios com testemunhos dos adolescentes, que comprovam o abuso da violência policial e a violação dos direitos dos adolescentes. Um dos vídeos foi exibido ao procurador através do celular da deputada Maria do Rosário. Os relatos dos estudantes chocaram deputados e procuradores presentes na audiência, diante das brutalidades narradas. “O policial apontou para mim e disse: tu vai ser o primeiro para servir de exemplo. Me agarrou pelo pescoço, me sufocou para que eu não pudesse gritar e me arrastou para o camburão”, relatou o jovem de 17 anos.
“Eu fui presa junto com a menina que sofreu abuso sexual. Ela estava traumatizada. Na sala só tinham policiais homens. Ela pediu uma médica para fazer o exame de corpo delito. Tinha uma lá, mas se recusou a atender. Queriam que ela fizesse o exame com o médico. O policial disse: se fosse pra qualquer outro homem tu mostrava os peitos, agora pro médico não quer mostrar”, relatou outra jovem. “O policial bateu num colega negro dizendo pra ele: tu é neguinho, tu aguenta”, contou o estudante.
Mãe de aluno e ativista de mídia independente, Adriana Lameirão relatou que o comandante que estava no local informou à imprensa já na chegada que não estavam ali para negociar e sim “para desocupar o prédio, por bem ou por mal”. O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Milton Simas, entregou um documento pedindo providências contra o atentado ao exercício profissional sofrido pelo repórter Matheus Chaparini, que foi preso quando fazia a cobertura da ocupação do prédio da Secretaria da Fazenda. “Ele foi detido e acusado do crime de corrupção de menores mesmo depois de ter se identificado”, protestou Simas, destacando que ele usava um crachá do veículo onde trabalha.
O Procurador-Geral de Justiça disse que, mesmo discordando da presença de adolescentes na ocupação do prédio da Secretaria da Fazenda, nada justificava a violência demonstrada no vídeo. “Compreendo a gravidade da situação, acho que os excessos devem ser evitados por todos os lados, mas o vídeo demonstra que houve excesso e isso é inaceitável, e reprovável”, declarou Dornelles. O Ministério Público vai apurar as denúncias nos próximos dias e também vai buscar intermediar junto ao governador para que cesse a violência policial.
Fonte: Sul21
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