Atividades por todo o País confirmam o desejo popular por uma greve geral que pressione o governo golpista a respeitar os direitos trabalhistas
Durante todo o dia 22, manifestações convocadas por movimentos sociais e sindical ligados às frentes Povo sem Medo e Brasil Popular ocorreram em Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Goiânia, Fortaleza, entre outras capitais e cidades do interior. Os atos serviram como preparatório para uma possível greve geral contra o avanço da agenda de retrocessos de Michel Temer (PMDB). Entre os principais pontos apontados está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que impõe limites a gastos públicos em áreas como educação e saúde, as reformas trabalhista e previdenciária e outras.
Desde as primeiras horas da madrugada, trabalhadores de Belo Horizonte fizeram paralisações em fábricas da região metropolitana. “Hoje estamos unidos com outras entidades sindicais e movimentos sociais para realizar estes atos. Os trabalhadores têm motivos de sobra para somarem à luta”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Região, Geraldo Valgas. Na capital mineira, manifestantes caminharam da sede da Assembleia Legislativa do estado, onde ocorreu audiência pública sobre a PEC 241.
Em Ouro Preto, manifestantes denunciaram que o golpe também é contra as minorias. Eles caminharam pelo centro da cidade histórica com palavras de ordem e músicas de protesto. “O que aconteceu foi um golpe contra à soberania popular e todos os negros e pobres”, afirmou Aida Anacleto, do Movimento Negro em Mariana e Ouro Preto.
Já em Curitiba, organizações estudantis, somadas às das entidades sindicais reuniram-se em frente à sede da Caixa Econômica Federal, na região central da cidade. Um dos principais pontos do ato é rechaçar a política de privatizações já anunciada por Temer, inclusive em visita recente às Nações Unidas.
No último dia 13, o presidente anunciou a intenção de transferir 34 projetos de infraestrutura, incluindo hidrelétricas, aeroportos, áreas de exploração de petróleo, entre outras a empresas e grupos econômicos.
Porto Alegre registrou conflitos na madrugada entre integrantes de movimentos sociais, após terem sido atacados por soldados da Brigada Militar.
Para o secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antônio Fermino, a agenda de Temer está aliada a projetos de retirada de direitos que tramitam no Congresso Nacional. O sindicalista citou as 55 medidas denunciadas pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que atentam contra os trabalhadores. “As 55 medidas retiram direitos. Não podemos permitir isso. Mesmo a Caixa vem sofrendo ataques do governo golpista. Ela é um banco social, gestor de programas sociais”, disse.
O interior do estado do Paraná também contou com atos nesta quinta-feira. Petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem e manutenção industrial se mobilizaram desde as 7h na frente da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), na cidade de Araucária. Contra a retirada de direitos e em defesa da democracia, os manifestantes anunciaram que este é apenas um aquecimento para uma greve geral que se avizinha. A mobilização exige realização de eleições diretas já, plebiscito para uma nova Constituinte, além do coro contra o desmonte da Previdência e a retirada de direitos trabalhistas.
Em Recife, a fábrica da Gerdau amanheceu fechada por cerca de 200 trabalhadores metalúrgicos que bloquearam a entrada do local a partir das 5h30. A ação foi coordenada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal) com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Além das pautas contra Temer, o vice-presidente da Sindimetal, Enoque Amâncio Neto, afirmou que “a Gerdau foi a única empresa de Pernambuco que não aderiu ao acordo coletivo para aumento de salários”. Outra capital nordestina que segue a agenda de paralisações é João Pessoa.
Em Campina Grande, na Paraíba, estudantes, professores e demais trabalhadores participaram de ato unificado no centro da cidade contra a retirada de direitos, e também contra a reforma no ensino médio que tirou do currículo escolar disciplinas fundamentais, como Sociologia e Filosofia, além da PEC 241, que congela os gastos públicos por 20 anos. Moradores apoiaram a manifestação.
Em Palmas, capital do Tocantins, cerca de 400 trabalhadores do campo e da cidade marcharam pela Avenida Juscelino Kubitschek em direção à Praça dos Girassóis em defesa dos seus direitos.
Educação e greve dos bancários
Nesta quinta-feira (22), o governo federal anunciou uma Medida Provisória que pretende interferir no currículo do Ensino Médio, retirando disciplinas como Artes e Educação Física. Para a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel, a Bebel, a medida é “absurda”.
“A reforma do Ensino Médio retira do currículo justamente as matérias que provocam a crítica e a reflexão, além de provocar demissões de professores. É um enxugamento da qualidade do ensino, prejudicando justamente quem estuda em escola pública”, explicou a dirigente.
No carro de som que ia à frente do ato, dirigentes defendiam o ex-presidente Lula, que tem sido perseguido politicamente pelo juiz Sérgio Moro, grande mentor da Operação Lava Jato.
“Anteontem, em Nova Iorque, diversas entidades sindicais do mundo todo manifestaram apoio ao Lula. Isso mostra o quanto ele é importante para a classe trabalhadora mundial. Além disso, mostrou que não estamos sós nessa luta, a unidade é fundamental, inclusive para caminharmos rumo a greve geral”, afirmou João Felício, ex-presidente da CUT e atual presidente da Confederação Sindical Internacional, entidade com 180 milhões de sócios, congregando centrais sindicais do mundo inteiro.
A presidenta do Sindicato dos Bancários, Juvândia Moreira, lembrou que a categoria é a primeira a entrar em greve depois do golpe intituído no Brasil, que levou ao poder Michel Temer. A dirigente criticou a entidade patronal, que tem imposto dificuldades na negociação com os trabalhadores. “Tivemos nos últimos doze anos, aumento real. Porém, neste ano, os banqueiros, maiores sanguessugas da nação, apresentam proposta de reajuste com perda salarial. Eles são sócios desse grupo e querem diminuir o custo do trabalho para concentrar renda”, finalizou.
Fonte: Frente Brasil Popular e CUT
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