CAMARADA BRITO, PRESENTE!

Camarada Brito

UM HOMEM CHAMADO BRITO

Antônio Brito concluiu a sua rica trajetória de vida em 2019 – dia 28 de maio –, aos 79 anos. Em junho completaria os 80. Desde a madrugada, por meio de seus familiares, passando pela manhã, até o meio da tarde, quando foi enterrado em Feira de Santana, o relato correu pelo Brasil afora, de norte a sul, consternando as fileiras revolucionárias e os lutadores do povo, especialmente os jovens, que o admiravam e amavam tanto.

Que fora um exemplo de ativista, correndo mundo afora em sua motocicleta para ligar-se aos combates ou participar de reuniões, é notório. Entrementes, além dos traços comportamentais que fascinavam o senso comum, em sua personalidade pulsavam elementos mais fundos e consistentes. Sua conduta se associava a uma ideologia, uma consciência de classe e uma convicção que o marcavam como ser social engajado.

Nascido em Mata de São João, pertencente à Região Metropolitana de Salvador, o Brito adolescente começou a trabalhar na Capital baiana como barbeiro. Aos 16 anos ingressou no PCB. Destacando-se como redator hábil e talentoso, chegou ao jornalismo. Após o golpe de 1964 e já sob o regime ditatorial-militar, circulou através de vários estados, passando a residir nos dois distritos federais consecutivos, Rio de Janeiro e Brasília.

Em 2005, durante o I Congresso da Refundação Comunista, encontrou-se com dirigentes operários que mineravam cobre ao sul do Velho Chico, reestabelecendo antigos contatos políticos. Em março de 2018, Brito compôs a delegação baiana ao V Congresso do PRC e participou da Seção Nacional em Belo Horizonte. Quando faleceu desempenhava tarefas como Secretário de Organização no Comitê Estadual do Partido na Bahia.

Além de lutador sensível, bem humorado e notável, destacava-se pelas qualidades fundamentais que deve ter um quadro marxista. Estudioso, esforçava-se para se apropriar intelectualmente da realidade brasileira ou das circunstâncias em que vivia e trabalhava. Criticando o individualismo, cultivava o espírito e a prática coletivos. Certo de que os atos e volições isolados só conseguem reproduzir a ordem do capital, militava organicamente.

Camarada Brito! Você ajudou a construir os caminhos do movimento comunista, nas vitórias e nas derrotas. Portanto, integra uma história em processo. Sua existência singular e temporal terminou, mas sua obra prossegue nas militâncias persistentes, nas células partidárias e nos embates proletários, que ficam. Eis por que, além de imprescindível como sugere o poema brechtiano, você também se tornou, em certo sentido, eterno.

Brasil, outono de 2019

Comissão Política Nacional do Partido da Refundação Comunista

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