Já há muito que Lula tem investido nesta tecla de colocar o pobre no orçamento. Onde quer que ele vá, esse jargão tem sido constantemente repetido. Aos empresários brasileiros, aos estrangeiros nos países do Mercosul, dos EUA, da China, de Portugal, da Espanha e, agora recentemente, na Inglaterra. E ninguém ousa contrariar tal perspectiva, pois para qualquer liderança progressista ou democrática isso é incontestável, mesmo para um reacionário sempre ter o povo aos seus mandos, enganá-lo demostrando sempre que tudo o que faz é para sua causa, pensando nele, para a sua felicidade. Por isso, Lula segue com esse “abre alas” Brasil e mundo afora.
Mas não é só pelo fato de que todos querem passar por fiéis depositários do povo, que não há contestação. É porque o Lula, se sabe ou faz de conta que não sabe, diz uma grande besteira, pois o pobre está, e muito mais do que ele imagina, atrelado ao orçamento. Aliás, pobre é aquele que hoje faz parte dos 70% dos trabalhadores brasileiros que ganham um salário de fome de R$ 1.320,00 (já com o aumento desse ano), e tantos outros que ganham 2, 3, 4 e até 5 salários mínimos. A base do orçamento burguês é o pobre, pois é ele que sustenta os ricos e a acumulação capitalistas, paga os juros da dívida de 50 anos atrás e aquelas atualizadas, paga o juro de 13,75% aos banqueiros e ainda engorda as contas externas e sustenta todos os magnatas com privilégios na estrutura podre do Estado burguês brasileiro.
O que o Lula fala em essência é diametralmente o oposto do que verdadeiramente acontece. Quando o povo reage ao sustentar tantos privilégios por conta de seu orçamento, os de cima em revolta patrocinam golpes, desemprego em massa, rebaixamento ainda maiores de salários, por fim, punições de todo o tipo. Quando o pobre resolve tirar grande parte daqueles que vivem na aba de seu chapéu, aí que a gritaria não para. Essa inversão de ver as coisas, que faz o Lula não ver o povo como protagonista. É por isso que a maior liderança popular do Brasil subestima o poder das massas e superestima os poderes das “maçãs” (burguesia) que já estão podres há muito tempo.
Não queremos que o pobre entre no orçamento, pois como vimos, isso não faz o menor sentido. Queremos que o proletário brasileiro, que cria incessantemente toda a riqueza desse país, junto com as riquezas naturais que são gigantescas, possa entrar no rol das nações soberanas, no rumo do Socialismo. Para tanto, sem elevar o papel político dos trabalhadores de sul a norte de nosso país, isso é impossível. E para tanto, a luta teórica joga papel destacado para que as massas compreendam a sua força na emancipação dos seus destinos. Como um eterno pedinte, implorando concessões, colocando-se como um infortunado, como algo sem vida própria, como uma marionete, vamos demorar mais para formar os nossos coveiros da burguesia.
Os países da América Latina, principalmente o Brasil, começam a entrar no rol dos países que por mais de 500 anos vêm sendo agredidos pelas classes dominantes da época feudal e mais recentemente pela burguesia imperialista, e que não querem mais seguir nessa condição. Venezuela, Nicarágua e Bolívia são os últimos países a darem esse sinal verde. Cuba já o faz algum tempo. Se não investirmos em quadros que raciocinam do ponto de vista da libertação nacional, da soberania, de uma nova independência, da revolução e do socialismo, jamais criaremos movimentos de massa verdadeiramente revolucionários. Criaremos, no máximo como já vimos em nossa história, movimentos de massa Sociais Democratas.
Esses Movimentos Sociais Democratas elevam muito pouco a consciência das massas, porque ficam presos às questões democráticas burguesas, servem à luta interna dentro da própria centralização e concentração da burguesia, em outras palavras, a certos grupos liberais, neoliberais e fascistas. Nada além disso.
Superar essa concepção que atacamos em Lula tem o objetivo de demonstrar que caso não sairmos de uma concepção Social Democrata, não formaremos a vanguarda proletária no nível de conduzir as massas em um movimento mais avançado. Sem teoria revolucionária, o movimento não é revolucionário, porque ele não organiza a luta na perspectiva em que a necessidade objetiva de classes aponta, da sua concretude, da sua radicalidade e da solução. O rebaixamento da luta no seio do proletariado é central na Social Democracia para desviá-lo da luta emancipacionista, da luta de classe.
Por isso essa é uma luta sem tréguas na formação de um partido marxista/leninista.
Por um projeto político para o Brasil
Em defesa da Soberania Nacional
Pelo Socialismo.
Faça um comentário