Por Maria Luisa de Melo – Colaboração para o UOL/Rio de Janeiro – 04/05/2016
Divulgação/ASDUERJ
Com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em greve há quase dois meses, professores, alunos, técnicos e moradores da região do Maracanã (zona norte da capital fluminense) se reuniram, na noite de terça-feira (3), para protestar “com arte”, contra os problemas que a universidade vem enfrentando, durante o “Festival Uerj Hupe resistem”.
Uma das organizadoras do encontro denunciou o pagamento irregular de funcionários e a ausência de insumos básicos no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), vinculado à Uerj. “Esse é o nosso grito pela universidade pública de qualidade. O Hospital Universitário Pedro Ernesto é um dos mais importantes do país, e, para que ele esteja funcionando, muitos profissionais compram insumos básicos como gaze e luvas por sua própria conta. O hospital não tem o básico para funcionar”, denunciou a fonoaudióloga Margareth Attiaedezi, funcionária do Hupe há 30 anos.
Graduando de história, Luan Liro reclamou do fechamento do bandejão da universidade. “Não pagaram a empresa terceirizada do bandejão e a empresa saiu. Os alunos ficaram sem bandejão. É absurdo. Os funcionários terceirizados trabalham sem receber salário em dia. Isso é uma escravidão dentro da universidade. Vergonhoso”.
Um dos artistas convidados para o encontro, o cantor Tico Santa Cruz se solidarizou com os problemas enfrentados pela comunidade acadêmica como o pagamento irregular do salário de técnicos administrativos, dos funcionários terceirizados, e dos alunos bolsistas.
“O que estamos esperando para ocupar a Assembleia Legislativa do Rio?”, provocou ele, em referência à ocupação da Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta terça (3). “Temos que lutar pelos bolsistas, aposentados, professores, todos aqueles que são prejudicados por essa política imunda”.
Em seguida, Tico dedicou a canção “Blues da Piedade” ao vice-presidente Michel Temer e aos deputados federais Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, e Eduardo Cunha. “Agora eu vou cantar para os miseráveis que vagam pelo mundo derrotados”, cantou, enquanto os alunos vibravam “para essa gente golpista e covarde!”.
Divulgação/ASDUERJ
O cantor Dado Villa-Lobos também participou do festival
Alunos de escolas públicas ocupadas há cerca de um mês também participaram do evento. Uma estudante do 1º ano do ensino médio criticou a baixa carga horária dedicada a disciplinas como filosofia e sociologia. “Com o movimento de ocupação, as pessoas estão entendendo que nós somos os donos da escola. E a escola pode ser de qualidade, se lutarmos por isso”.
Outro artista que também marcou presença no festival foi Dado Villa-Lobos, ex-integrante da banda Legião Urbana. Ele repetiu inúmeras vezes que o Estado do Rio de Janeiro não era do governador Luiz Fernando Pezão, mas sim da população.
O cantor levou o público da Concha Acústica da universidade ao delírio ao cantar “Que país é esse?”, e dizer que estava dedicando a canção ao seu “pai, filho, e Espírito Santo”, numa clara referência à votação pela abertura do processo de impeachment, no mês passado. Na ocasião, alguns deputados federais dedicaram seus votos a familiares e a Deus.
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