Por Jairo Castelo Branco
No último dia 27 de maio de 2016, a justiça argentina condenou 15 oficiais por sequestro, tortura e desaparecimento forçados, entre eles o último presidente do período ditatorial do país, Reynaldo Bignone (1982-1983), que aos 88 anos, atualmente cumpre pena em uma penitenciária por diversos delitos, e foi condenado a 20 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade.
Os crimes referidos foram decorrentes da Operação Condor, uma articulação entre as ditaduras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, no sentido de trocar informações e perseguir militantes políticos que se refugiavam além de suas fronteiras durante as décadas de 1970 e 1980.
A Ditadura Militar na Argentina durou de 1976 a 1983, quando os generais se anteciparam aos possíveis fatos históricos que poderiam se efetivar a partir das manifestações por justiça e devolveram pacificamente o poder aos civis, na vitória eleitoral de Raúl Alfonsin, que tomou posse como Presidente da República em 10 de dezembro de 1983.
A Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas foi criada pouco depois da posse de Raúl Alfonsin, e contou com 10 membros nomeados pela presidência. A densidade e o caráter das investigações contidas no relatório “Nunca Más”, que documentou casos de 9 mil desaparecidos e se tornou um best-seller, fizeram da Comissão uma das mais respeitadas nacional e internacionalmente.
A Comissão da Verdade na Argentina conseguiu chamar a atenção e a curiosidade internacional, por conta da sua luta. A República Argentina, ao julgar os Oficiais Militares comprometidos com a tortura, passa a ser observada como um exemplo a ser seguido por outros países que enfrentavam dificuldades em reconstruir a sua história, fazendo justiça com as vítimas de violações de regimes autoritários. A participação das organizações de direitos humanos, ao oferecerem seus arquivos sobre os desaparecidos políticos, foram de extrema importância para esse processo. Foram inspecionados centros de tortura, departamentos policiais e cemitérios clandestinos, e ainda foram ouvidos exilados e familiares de vítimas da ditadura.
Que continuemos sendo capazes de nos indignarmos contra as injustiças cometidas em qualquer parte do mundo!
PRISÃO AOS TORTURADORES DA OPERAÇÃO CONDOR!
UNIR, RESISTIR E LUTAR!
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