O sonho de que há uma alternativa viável para derrotar o Golpe, sem uma ação de grande mobilização de massa, vem por conta da não compreensão do próprio golpe. Alguns veem como uma vingança de Cunha, quando aceitou um pedido de Impeachment. Outros por conta apenas de uma direita, que não aceitando o resultado das urnas, articulou-se para por fim ao mandato da então presidenta. Outros ainda, acreditam que, em vista das próximas eleições, com a volta então da candidatura de Lula, a direita estaria sem condições de vencer estas eleições de 2018. E outros, acreditam “seriamente”, que foi por conta das pedaladas fiscais e que a então presidenta, enganou o povo e deu vasão a crise econômica, gastando mais que havia.
Destas análises, permite-se muitos políticos defensores da Dilma ou não, ignorar a preparação do golpe, não levando como ponto fundamental a necessidade econômica e política do próprio imperialismo Ianque. A intervenção no Brasil e em toda a América do Sul, tem como ponta de lança os EUA e a crise do Capital. As análises limitadas acima, são frutos de uma concepção que vê a árvore ( no caso o Brasil ), e não vê a floresta ( no caso o mundo). São conduzidas pelo mesmo pensamento dos grandes meios de comunicação, em especial a Globo, que faz questão de impedir que nenhuma gota de compreensão se amplie mais do que os equívocos na administração do PT. E para esta compreensão, até os aliados fazem coro. A ignorância atinge quase todos. Podemos no entanto, ficar satisfeitos de que pelo menos entenderam que existe um golpe, embora que outros seguem batendo pé e teimam que não existe golpe nenhum. A direita agradece.
Mas essa miopia faz sentido, pois a esquerda institucional, apostou na instituição, e aos poucos as leis gerais do modo de produção capitalista bem como o Estado burguês, foram sendo apagadas. Como todos os exemplos históricos da Social Democracia, a sua condução não levou mais do que colocar a direita no comando e deixando a mesma preparar retrocessos históricos de envergadura. Na luta de classes, não tem espaço para a conciliação ou ilusões de classe pois, como diz Engels, o avanço de uma classe é o retrocesso da outra. O ensinamento político, histórico, só pode ser entendido por lideranças verdadeiramente comprometidas com a luta proletária revolucionária. Mesmo na América do Sul, em nosso próprio país, que já passou por inúmeros retrocessos e golpes, sempre os expoentes da pequena burguesia olham o mundo sob interesses comuns entre as classes antagônicas. E mesmo que a história já pisoteou e demonstrou mil vezes os equívocos cometidos anteriormente, lá estão eles novamente para fazer tudo igual. E por que? Por conta da classe a que pertencem.
Para exemplificar essa concepção na atualidade, com o golpe instaurado no País, bastou, os respingos da Lava Jato atingirem alguns ministros do golpista Temer, para começarem a defender e falar bem da Lava Jato e defender o filhote do imperialismo ( o Juiz Sérgio Mouro ), para que continue e aprofunde as suas investigações, para passar o Brasil “à limpo”. Santa ingenuidade. Mas além disso, tendo ainda perspectivas que o golpe pode ter um desfecho mais civilizatório, os partidos de esquerda, entram na cantilena dos golpistas, dividem-se e por fim votam para presidente da câmara, no todo “direitoso” Maia, que agora, passou a ser uma pessoa de boa índole e que tem uma conduta democrática (esqueceu-se que o mesmo votou pelo golpe), é do DEM, mas independente disso, colocará a câmara de novo no patamar que ela merece. Esqueceram de que não importa o que o indivíduo pense de si mesmo, mas o papel que cumpre na luta de classes. Tratam as coisas numa relação fora da luta de classes.
E, assim acontece o golpe. Não levam em conta a necessidade conjuntural na luta de classes. O mundo caminha para uma guerra imperialista. O fascismo avança. A crise econômica se aprofunda. Como, nessa situação, os EUA, vão permitir a América do Sul ter governos com características anti EUA. Como permitir que, o ouro preto que brota no Brasil e na Venezuela, seja produto destes povos ou de empresas monopolistas de capital brasileiro ou das Estatais destes Países? Como permitir em épocas de vacas magras, com redução dos negócios e portanto da baixa na produção de mais valia, permitir assistencialismo ao povo? Como deixar a América do Sul, ter ligações com países como a Rússia principalmente, e a China, numa cooperação chamada BRICS? Como permitir com a intensificação do Fascismo, ter um local onde cresce as organizações populares, lideranças de esquerda? Como neste contexto, permitir que a UNASUL ou o MERCOSUL, ou ainda a Conferência dos Países americanos votem contra os EUA? Portanto é um golpe político, econômico e ideológico. Não levar em conta estas características e ficar fissurado em Cunha e o diabo a quatro, que logicamente tiveram seus papéis; é brincar de fazer a luta.
Por isso a dificuldade da efetivação da greve geral, pois a mesma se constitui neste momento, num rompimento contra essa concepção de conciliação. Por isso nós os comunistas insistimos diuturnamente nela. Além do mais, ela pode abrir espaço para novas ações contra o Neoliberalismo e o Fascismo, e colocar a luta de classe em nosso País em um novo patamar. Temos a certeza, se a massa do povo participar dessa luta contra o golpe, nada do que foi será.
No entanto, para nós a luta é: Greve Geral, contra o golpe e o ataque aos direitos dos trabalhadores. É preciso mais cedo possível construir a resistência nas ruas.
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