“O Movimento é tudo, o objetivo é nada”. (E. Bernstein).
Há muito que temos avisado sobre a disputa pelo controle do golpe, isto é, que a direita e a extrema direita tenham se desafiado neste campo. Os primeiros tentando dar um ar “democrático” ao golpe. Dar entendimento que a Justiça, o parlamento e o executivo seguem as normas da Constituição brasileira. Do outro lado, a extrema direita não tem nenhuma pretensão de esconder as suas determinações fascistas. São diretos, autênticos na liquidação da esquerda, do aumento da miséria, do fim da soberania, etc.
O episódio da greve dos caminhoneiros expõe novamente e abertamente essa luta, tal qual já vimos algumas vezes no STF internamente e também na disputa contra Moro. É a luta travada na verdade hoje no mundo inteiro o qual a luta imperialista expõe o caminho da guerra. As ilusões nesse campo de disputa (direita e extrema direita) são grandes por parte da esquerda e dos movimentos sociais. Sempre na perspectiva de pintar o mundo fora da luta de classes. “Não, não vai ter golpe, o que eles querem é sangrar a Dilma”; “Capaz que o Lula vai ser preso”; “Se Lula não se entregar, não terá foro privilegiado”. Essas são algumas pérolas citadas pela companheirada.
E agora neste episódio que fez o país parar (greve dos caminhoneiros), novamente a direita e a extrema direita em luta para decidir o comando do golpe, atando a esquerda e os movimento sociais. E todos, contra Temer, tentando lhe decretar morte pós morte (porque dizem que ele é um vampiro), esquecem da extrema direita, da qual, também é a própria sobrevida de Temer. Na perspectiva economicista de pegar um vento favorável, todos se aliam a um movimento extremamente reacionário, que em sua história já derrotou muito governo progressista, Socialista, e que esteve inclusa na derrubada do governo Dilma.
O que surge neste momento, sem dúvida alguma é a ideia de Bernstein (fundador do Socialismo evolutivo e revisionista), onde sua principal tese era “o movimento é tudo, o objetivo é nada”. Vejo mais ou menos isso que a esquerda tenta fazer. Na ansiedade de se colocar em luta contra Temer, governo reacionário, entreguista; do qual nós também queremos ver o seu fim imediato; não percebe a luta existente entre esses dois segmentos da direita. E, sem que se faça nenhuma ressalva, a greve dos caminhoneiros é dada todo o apoio. Carta branca. Nem se quer é feita um histórico destes movimentos. Todo o poder aos caminhoneiros.
E o que pretende os caminhoneiros, além de baixar o preço dos fretes e combustível? Acabar com a esquerda, clamar por intervenção militar, retrocesso democrático. Todas as lutas políticas contrárias as nossas. Não se vê nenhuma faixa de Lula Livre, contra o golpe, em defesa da soberania dos povos da América, contra o Imperialismo ou os EUA. Aliás, nenhuma faixa do Fora Temer. Mas nós, decididamente, economicisticamente, sem forças para mobilizar o proletariado contra o golpe e em defesa da democracia (mesmo que burguesa e extremamente reacionária), jogamos nos braços de qualquer movimento, pois entendemos como Bernstein, que “o movimento é tudo e o objetivo é nada”.
Fora Temer.
Contra a Greve Chapa branca.
Contra o movimento é tudo e o objetivo é nada.
Lula Livre.
João Bourscheid.
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