Compreender essa manifestação das ruas (Fora, Bolsonaro!), significa orientar-se pelo espontaneísmo das massas? Não. Às vezes, as massas, cansadas da falta de comando dos partidos de esquerdas, frente a uma realidade desastrosa, rebelam-se, e tomam para si o abreviamento do caos. Presos às alternativas institucionais, burguesas e eleitorais, muitos partidos de esquerda querem facilitar a vida da extrema direita. Para isso, apresentam uma falsa contradição entre o Capitão do Mato (Bolsonaro) e o Mourão, bem como uma saída comportada e institucional. Seus argumentos são de um reacionarismo extremo pois, tenta por um lado levar o medo à militância e às massas e, por outro, puxar as rédeas do movimento das ruas, com o intuito de conte-lo, preservá-lo para as próximas eleições. Não veem que é desse ingrediente (medo) que o Fascismo se alimenta, e corrói a luta pela liberdade, pela revolução, e que, as eleições são um limite no processo de transformação.
Na Revolução Russa, quando os bolcheviques estavam no poder, sofreram, em determinado momento, uma série de atentados dos brancos (latifundiários, burgueses, czaristas, imperialistas), levando aqueles à morte e aos graves ferimentos (inclusive de Lênin). A massa raivosa reagiu espontaneamente de tal forma, levando ao aniquilamento de muitos assassinos. Essa reação foi condenada por alguns dirigentes Bolcheviques, mas não por Lênin, que reagiu àquelas posições que contrariavam o terror das massas aos assassinos deploráveis.
A luta contra a reforma da previdência tem se mostrado uma luta simplesmente economicista, e pior, tendo o parlamento como a base para impedir o fim da aposentadoria do povo brasileiro. Além disso, deixa-se a decisão de uma palavra de ordem mais contundente para o povo decidir, pois quem deveria fazê–la (a esquerda), não pode, pois estaria descumprindo as formalidades institucionais, ou simplesmente não a querem no enfrentamento nas ruas da extrema direita. Foi com base nessa compreensão que consumou-se um golpe no país.
Na época do golpe contra a ex-presidente Dilma, grande parte da esquerda institucional dizia que, além da oposição (direita e extrema direita da época), não ter forças (votos) para passar o impeachment no parlamento, o que os golpistas realmente queriam era sangrar (caluniar e derrotar política e moralmente) a Dilma e ganhar as eleições de 2018.
Essa avaliação se afundou no navio da luta de classes, pois eles deram o golpe e de lambuja, brincaram de eleições presidenciais em 2018. Agora, a expectativa da esquerda (que ainda não entendeu que existe golpe), é deixar o Bolsonaro governando, e derrotá-lo nas eleições de 2020 e 2022. Para sua tática, novamente equivocada, ser viabilizada, fazem a contenção das forças populares, impedindo de elas alçarem voos mais altos, como por exemplo, correr com a extrema direita do planalto, isto é, Bolsonaro e sua corja (Mourão, Moro, Vilas Boas, Heleno, Santos Cruz, etc.).
O erro de toda essa avaliação é produto da ideia de democracia (universal), tendo o parlamento burguês e as eleições burguesas o maior fundamento democrático de todos os tempos. Nessa compreensão, não reconhecem a força das massas, enfurecidas nas ruas contra as mazelas do capital, como a maior expressão democrática. Porém, aqui é o limite das massas. Sem direção, consciente da esquerda, seu sinal pode mudar rapidamente e tomar outro caminho. O exemplo é 2013.
Se a massa rebelada contra os nossos inimigos, sentir vacilação nas esquerdas, perderão o ímpeto. Daí a força da direção, no comando da espontaneidade das massas. Por isso, essa fusão é necessária da esquerda com o movimento de massas, na luta contra Bolsonaro e sua corja, para a contenção agora da extrema direita, do crescimento do fascismo em nosso país. E só nas ruas, podemos ter êxito.
A esquerda que aceita os prepostos das eleições burguesas como a maior conquista democrática do proletariado, em essência, quer preservar a ditadura da burguesia. Pois, se olharmos mais profundamente, vemos que essa democracia é pra inglês ver; pois a burguesia em toda a sua trajetória no domínio político, usou e abusou do poder estatal sob outras forças, e muito pouco pelo uso do voto. Golpes, guerras, repressão das massas, assassinatos, corrupção, etc, são as formas usadas todos os dias no mundo inteiro pelo imperialismo.
Por isso, espera-se que os partidos de esquerda conscientizem, orientem e apresentem em cada ação o significado essencial da luta política em curso no Brasil, para se unir e poder dirigir o proletariado no rumo de um combate efetivo contra o golpe e o fascismo imperialista Ianque, que se manifesta em nosso país com os dois pés. O “Fora, Bolsonaro!”, representa isso. Se quisermos realmente avançar em uma luta real contra a extrema direita e uma nova democracia de classe, esse é o caminho.
Entendemos a defensiva de primeira hora dessa palavra de ordem, mas, no atual quadro, não defendê-la, rompe-se as bases de uma Frente Ampla, pelo simples fato de eliminar a principal força desta frente, a voz das ruas, que é: “FORA, BOLSONARO!”.
– Fora, Bolsonaro e sua extrema direita.
– Fora EUA da Venezuela.
– Pela autodeterminação dos povos.
– Lula Livre.
João Bourscheid.
Bom dia.
Penso igual. Nao ha motivos para a permanencia desse governo. Pergunto: O que fazer? As manifestacoes de rua so se for com muita gente …qual as suas opcoes?
João,
01 – Qual a força do governo Bolsonaro? Qual o perfil da Câmara e Senado Federal, quem hegemoniza as ações?
02 – Qual a sua avaliação da derrota que sofremos na questão da Previdência?
03 – O campo da direita está dividida? Existe disputa nesse campo?
04 – O campo democrático e popular tem força para centralizar a disputa do eixo tático? A esquerda não se encontra fragmentada nesse momento?
05 – O movimento sindical apresentou uma pauta para esse momento? Houve alguma vitória dos trabalhadores nos últimos meses?
06 – Concordo sobre as eleições de 2020, sendo que considero um importante espaço de disputa. Minha ponderação: haverá eleição limpa em 2020? O documentário Privacidade Hackeada demonstra o poder de manipulação das redes sociais, além das notícias falsas e o poder econômico e as milicias entrando no jogo efetivamente.
07 – A correlação de forças se demonstram favoráveis para um Fora Bolsonaro? Camarada, não é uma questão de vontade.
08 – Volto ao tema. O que o inimigo quer nesse momento? Sabemos da unificação em torno do projeto ultraliberal, sabemos do eixo tático da pauta dos costumes, sabemos que a família bolsonaro quer centralizar todas as ações do campo da direita, com iniciativas para se manterem no governo, conspirando contra a institucionalidade constituída.
09 – A conjuntura internacional é instável, cenário em que o núcleo do governo se coloca subordinado aos interesses dos EUA.
10 – Qual o papel das forças armadas no governo Bolsonaro? Qual a força do judiciário nesse momento. (Perdem força?)
São questionamento para reflexão no sentido de se definir um eixo tático.