OS PARTIDOS NA LUTA DE CLASSES

A organização partidária nas ditas democracias Capitalistas, como forma organizada de participação na condução institucional da política burguesa, camufla as suas existências como reflexo da luta de classes na Sociedade. Esses partidos são tão “democráticos”, que neles podem ter, operários, capitalistas, pequenos burgueses, camponeses, latifundiários, etc., além de possibilitar e desfrutar da organização democrática por setores e religiões, como o partido cristão, e o partido dos aposentados, por exemplo.

Para a dita democracia, são pessoas, indivíduos soltos que se agregam a uma ou outra sigla partidária, e que tenham como seus interesses levar a cabo as suas ideias e pretensões. Essas são da mesma forma concepções aleatórias individuais que nada tem a ver com classes. O capitalismo é tão “democrático”, que a concepção de classe é algo que atrasa a teoria. Parece brincadeira, mas a estrutura do sistema funciona assim, isto é, o poder financeiro e das bolsas domina e comanda em essência a política do Capital, mas na aparência, quem aparece para as massas, são os políticos e os partidos soltos, sem relação alguma com aqueles. Em outras palavras as siglas.

Mas, estamos falando isso, porque o Bolsonaro escolheu uma sigla a seu bel-prazer para levar a cabo a sua eleição e aprofundar o golpe em nosso país. Para tanto, a burguesia brasileira golpista, juntamente com o imperialismo ianque, direcionaram o conteúdo “democrático” eleitoral, se assegurando de qualquer imprevisão deveria ser descartada, isto é, desde a prisão do candidato popular com as melhores chances de ser eleito (Lula) e de todas as ameaças que pudessem questionar tal decisão.

Tendo em vista que os partidos são produtos da divisão de classes antagônicas na Sociedade, a organização partidária tem um significado importantíssimo para o proletariado no que tange ao assalto ao poder, e para burguesia na manutenção do poder. E para isso ela (a burguesia) ora faz um carnaval de partidos para melhor dominar, diluindo as suas várias correntes em um conjunto de siglas, e em outros lugares, preserva um ou dois partidos no comando para melhor controlar as ações do Estado. Não importa o partido ou a sigla, o principal é saber se há correspondência em relação ao comando do mercado, isto é, das bolsas, dos monopólios internacionais. Em outras palavras, á que classe pertence.

Nesse sentido, Bolsonaro sair do PSL e ir para outro partido qualquer, está valendo. Talvez, daqui a alguns dias, o PSL nem exista mais, tal como o PRN de Collor de Melo que se elegeu em 1990, como presidente. No entanto, é importante destacar a organização partidária na luta de classes que mantém uma tradição orgânica em determinado país; sua influência, é muito maior na luta de classes. Lênin falava, que o primeiro passo na construção de uma organização partidária, era a estabilidade dos dirigentes. Para isso, é necessário quadros, ideologicamente preparados.

No Brasil, após a ditadura militar, onde o capital financeiro comandava institucionalmente com dois partidos de então, apenas, ARENA e o MDB, no período seguinte (pós ditadura militar), transformaram-se em novas organizações Partidárias. O MDB aproveitou a sanha oposicionista, ao se tornar PMDB, mantendo por um longo período este “título oposicionista”, além de manter por um longo período em suas fileiras, democratas, liberais progressistas e anti-regime militar; embora muitas organizações que dele faziam parte adquiriram legendas próprias. Já no lado da ARENA, os partidos formados tentaram esconder a suas características de extrema direita, fundidas a Ditadura Militar, e daí houve várias formações, desde o PDS, PFL, PPR, PP, DEM, siglas que foram se remodelando, e até hoje tenham dificuldade de ser os preteridos do povo. No PMDB, a principal divisão deu-se com a formação do PSDB, tendo ambas as siglas, conseguido galgar espaço neoliberal dentro da conjuntura do País. No entanto, cada vez vai ficando mais claro, a tendência desses partidos, assumirem a voz fascistas e ultraliberais dos monopólios estrangeiros, seja no apoio do golpe ou na entrega da soberania Nacional. A resistência existe ainda no campo político, mas não no campo econômico.

No campo da esquerda, as siglas como PT, PCdoB, PCB, PDT, PSB, logo ocuparam o campo popular de esquerda, neste no período de abertura política. Porém, foi o PT que se estabeleceu como o maior partido deste campo, tendo procurado organicamente manter em sua formação as várias correntes, tendências e grupos. A luta entre elas não levou a liquidação do PT, pelo contrário, uniu muitos lutadores em torno da sigla, na qual o PT passou a tornar-se maior que as correntes internas.

Nem mesmo as três derrotas consecutivas que o PT sofreu nas eleições presidenciais (1989, 93, 97,) com Lula à frente; o mandato por 13 anos no governo Nacional e o golpe atual não foram suficientes para desmontar o PT. Mesmo com a prisão de sua maior liderança, a sigla resistiu. Não houve sequer grandes defecções. Porém, em cada luta travada, um partido ou se tempera ou vai se acomodando frente aos desafios que a luta de classes impõe. A luta ideológica dentro da esquerda é constante, pois a pressão exercida pela burguesia sob os dirigentes, é mil vezes maior do que em relação a transformação dos seus operários em aristocracia. O liquidacionismo sempre está a rondar os partidos de esquerda, e a sua aspiração apenas via institucional, já é uma demonstração de sua coptação.

E o quadro que se avizinha aqui na América do Sul de crescimento do Fascismo por um lado e reação do povo por outro, impõe nova política, pelo simples fato de que a luta de classe tornou-se aberta. O Chile, o Equador, a Venezuela, a Nicarágua, vão demonstrando isso. A luta institucional, por mais de 30 anos na América, isto é, pós os golpes militares; mesmo elegendo dirigentes popular de esquerda, não oportunizou consciência na classe para si. E por que? Pelo simples fato que a esquerda organizada em Partido institucional, deixou de ver o proletariado como classe revolucionária. E isso se demostra, pelas políticas desenvolvidas até hoje, que não passam de assumir governos para ajudar o proletariado, e não para emancipa-lo. Onde foram criadas, pelos governos, comitês de luta contra o imperialismo? De rompimento com a política de dependência? isto é, as ANL (Ação Nacional Libertadora). Hugo Chaves, demostrou desde o início, que confiava no proletariado, no povo, dando pleno curso a construção dos círculos bolivarianos.

Alguns dirão que tudo isso parece coisa de esquerdistas, ou do próprio esquerdismo. Pelo contrário, não houve qualquer transformação na história de luta do proletariado contra a burguesia, sem que o povo estivesse organizado, em seus próprios comitês de luta. As comunas (na revolução de Paris), os Sovietes (na revolução Russa), o exército vermelho popular (na revolução Chinesa), a guerrilha (na revolução de Cuba) etc, foram ações que organizaram o povo na luta pelo rompimento. Sem essa perspectiva, não tem movimento de libertação.

E por falar em esquerdismo, Lênin entendia que o mesmo era uma doença infantil, isto é, pelo aspecto limitado de ver a luta de classes, em relação as forças de ação em cada momento. No entanto, jamais condenava os objetivos maiores de sua luta. Assim como a condenação que Marx e Engels faziam aos Anarquistas, no campo da luta política, e de forma alguma contra a sua utopia. Os que condenam a luta pelas aspirações revolucionárias, tem outro nome, isto é, os sociais democratas, que são partidários das aspirações de tornar o capitalismo sem as suas mazelas desagradáveis. Em outra palavra, trabalham na manutenção do imperialismo.

Nunca é demais reafirmar o papel dos Partidos e acompanhar os seus desdobramentos. Eles também não fogem às leis da dialética, isto é, às leis do desenvolvimento. Às vezes, um partido conciliador rompe, e um que se diz revolucionário torna-se conciliador. Essa é a luta de classes interna que se impõe hoje aos partidos de esquerda e principalmente ao PT, pois a sua grande influência nas massas do povo é indiscutível. Por isso eles (os partidos de esquerda) ou avançam no rumo do rompimento, ou se afundam em partidos de “oposição”, (tal como fora o PMDB anteriormente), que reconhecem a legalidade e a legitimidade do sistema burguês e do Imperialismo Ianque principalmente, isto é, das bolsas e do mercado financeiro, na condução e supervisão da política econômica do Brasil.

E neste momento conjuntural que estamos vivendo, onde os partidos burgueses também estão exprimidos pela ação das massas, mais do que nunca, as direções revolucionárias, partidos de esquerda e populares, serão testadas. E o primeiro teste para isso, é colocar para as massas, o que existe por trás das siglas partidárias, e a que classe realmente elas servem. O PSL e o PRN, siglas que querem indicar para as massas o novo, nada mais são, que instrumentos para levar adiante, as políticas dos grandes monopólios, do mercado, da bolsa, do imperialismo; cumprem o caminho conjuntural existente em determinado país, no caso o Brasil. Depois da tarefa cumprida, descarta, da mesma forma que ocorre com suas lideranças.

Porém, aliado a isso (esclarecer as massas do significado das siglas partidárias), fica a nossa tarefa principal: Construir nas massas, em cada luta política, os comitês de luta, os sovietes, as comunas, os círculos bolivarianos, os comitês da ANL. As eleições municipais serão um teste prático para tanto. Ou elevamos a consciência das massas, ou vamos conduzir elas ao todo “democrático” Estado burguês, organizado e estruturado para manter infinitamente a burguesia no poder, e nos esforçando para demonstrar que não existe política fora da filosofia da miséria.

– Fora, Bolsonaro e sua extrema direita!

– Pela política de rompimento contra o imperialismo Ianque!

– Lula Livre!

João Bourscheid.

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