A IDEOLOGIA QUE NÃO IMPÕE LIMITES AO INIMIGO DE CLASSE, É LIMITADA

Dizem que o isolamento político significa a provável derrota na luta de classes, e, portanto, em hipótese alguma devemos seguir esse caminho. No entanto, ninguém ousa discordar da célebre posição de Lênin sobre a “liberdade de crítica” a qual tomou conta de determinada época no movimento revolucionário Russo, em que a grande maioria queria atrelar-se ao movimento liberal. Lutar para não ir ao pântano e combater aqueles que lá desejam ir, é o que anunciava a parte desse escrito. A ideia aqui, é que, às vezes não tem jeito, de nada adianta buscar ou manter aliados, se os mesmos propõem que esqueçamos os parâmetros revolucionários.

A ideia de que ninguém solta a mão de ninguém é mais uma aberração do ponto de vista de classe. Se o proletariado não romper de vez o cordão umbilical que o liga à burguesia, e realizar o parto com a Revolução, não sentirá o gosto de um mundo novo. E para isso, é preciso soltar primeiramente a mão de toda a filosofia Positivista (subjetivista, liberal, pragmática), que move o mundo imperialista. Para o proletariado, a unidade é determinada pela luta no rompimento com o Capital. Por isso Marx, Engels e Lênin, educavam que a violência é parteira da história, que o ódio de classe nunca deve ser menosprezado. A ideia de delimitar campos de classe é pintada em cores vivas. A própria concepção de classe para si é o anúncio de uma ideologia que deve romper com o inimigo de classe, se quiser avançar.

A tática de ampliar radicalizando e radicalizar ampliando, deve sempre ser o norte do proletariado. A ideologia que não impõe limites a classe antagônica é limitada. O próprio partido já nasce batizado pelo cerceamento, se não, não teria tal denominação. A universalização, da qual é recorrente a burguesia imperialista na política econômica, faz-se presente também, na esquerda quando propõe as palavras de ordem: governar para todos; democracia como valor universal; ninguém larga a mão de ninguém; de que a inclusão é um elemento de vontade política; etc. Essas aberrações levam ao entendimento de que o fascismo é um movimento que não tem base burguesa, o qual (fascismo) quer solapar a democracia Universal (burguesa), a qual todos têm que defendê-la.

Nesses tempos “bicudos” ou de crescimento do fascismo, quando a burguesia imperialista abandona um determinado tipo de ditadura e impõe outra mais eficaz (Fascista) para o momento, defender a democracia mesmo nos moldes burguês (clássica liberal), parece ser eficiente, pois joga com setores da própria classe burguesa que se deterioram ante a centralização das riquezas dos grandes conglomerados internacionais. Além disso, faz com que certos setores fiquem na neutralidade, isto é, fiquem sem ação momentaneamente.

Mas, se a negação da negação não se impuser como resultado dessa luta de classes aberta, o proletariado jogará na política, um papel secundário. A luta que o proletariado faz ao lado de certas matiz burguesas, grupos, Estados, contra a própria burguesia fascista, em hipótese alguma poderá ser um casamento ou um namoro firme. São dois projetos antagônicos, que no máximo encontraram razões objetivas e subjetivas para se porem em ação contra um inimigo comum. Esse (inimigo comum), no entanto, para certos setores da burguesia, a dimensão é ECONÔMICA, nunca político-ideológica. Já para o proletariado, a razão é antes de qualquer coisa POLÍTICO-IDEOLÓGICA e a economia fica exprimida dentro desse conteúdo.

Essa luta para o proletariado é extremamente difícil, pois faz com que ideologias antagônicas aliam-se, aparentemente sem demarcar limites. Essa falta de demarcação ideológica é mil vezes mais nociva para o proletariado, pois luta num terreno burguês. E se nem todas as condições para o assalto ao poder estejam dadas, é no terreno subjetivo que a burguesia cresce, diminuindo todas as contradições do antagonismo de classe e elevando os interesses patrióticos, nacionais, humanitários, etc, desarmando o proletariado.

Se não bastasse toda essa encrenca com os inimigos históricos e antagônicos, o proletariado ainda luta com os seus aliados internos, isto é, aqueles que seguem um movimento “puro”, sectário, que impedem de acumular forças e avançar rapidamente; e aqueles que nunca sabem a importância de “soltar a mão”, de se desvencilhar daqueles que impulsionam o movimento para trás, tais como dos aliados táticos, ignorando a dialética da luta dos contrários.

Palavras que não impulsionam a luta de classe para frente, não causam problema algum para a burguesia e não apontam a luta real, fazem parte da ideologia burguesa e sempre aparece nessas horas, jogando na contramão de uma propaganda e agitação efetiva, de mobilização e organização do proletariado, tais como: “temos que disciplinar a Lava Jato”; “O golpe findou-se com as eleições de 2018”; “Não ao “Fora Bolsonaro e sua extrema direita”, “ em 2022 daremos o troco”; “ninguém solta a mão de ninguém”; “ O Fascismo no Brasil não tem viabilidade”.

Para tanto reafirmamos: que o golpe não cessou, aprofundou-se com a eleição de Bolsonaro e continua avançando. Por essa razão, o “Fora, Bolsonaro e sua extrema direita” unifica a luta contra o que há de pior na política brasileira. Além disso, servem para unificar a luta em todo o país, e inclusive nas eleições municipais, como forma para mostrar ao povo o inimigo comum que enfrentamos. A luta contra a extrema direita, é sempre uma luta antifascista, pois eles são o produto do Capital mais destacados na defesa do Capital financeiro. Portanto, aparecem abertamente em épocas de crise crônica do Capital; e não é para menos, que o Socialismo passa a ser o seu maior inimigo, bem como todos aqueles que lutam pela revolução.

A construção da ANL ou comitês de Lutas contra o Fascismo junto ao povo, são decorrentes de uma análise conjuntural que se apresenta, no Brasil, na América do Sul e no mundo, diante da crise crônica do Capital, que coloca rapidamente milhões de indivíduos na extrema pobreza. O despertar das massas para a luta contra o Estado Burguês, que lhe rouba toda as expectativas de vida, parece só estar começando. Quem achar que isso é só uma “marolinha” pode seguir em frente, e com certeza, caminham para o pântano.

Por isso, mais uma vez, ideologia que não impõe limites ao inimigo, é limitada, pois não se organiza e não se prepara para travar os embates decisivos. Também não cria problema para a classe antagônica, pois pensa que ambos podem de mãos dadas, sem ninguém soltar a mão de ninguém, construir o mesmo mundo.

– Fora, Bolsonaro e sua extrema direita!

– Abaixo o Fascismo! Abaixo o imperialismo!

– Fora, EUA da América Latina!

– Em defesa da ANL e dos comitês de luta conta o Fascismo.

João Bourscheid.

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