O Natal de Bolsonaro et Caterva

No dia 23, os ultraliberais enviaram à Câmara um PLC que permite a liberação de recursos públicos para bancos em situação de crise, revogando a obrigação de lei específica. Na madrugada do dia 24, os integralistas jogaram bombas na sede da produtora Porta dos Fundos. Na noite de 24 para 25 de dezembro, quando a grande maioria dos brasileiros se reunia com familiares para o tradicional congraçamento natalício, o presidente protofascista invadiu os lares pela TV com mentiras e demagogias.

Começou com piada de mau gosto, ao dizer que escolheu “22 ministros, pelo critério técnico” e que “o viés ideológico deixou de existir em nossas relações comerciais”. Ocorre que o escalão superior foi composto com inimigos confessos da cultura e da liberdade. Ademais, a política exterior atual se move pelo missionarismo e pela vassalagem pró-estadunidense, apoiando o bloqueio a Cuba, a invasão à Venezuela e o golpismo na América-Latina, bem como hostilizando o novo presidente argentino.

Na sequência, gabou-se: “hoje temos um presidente que […] acredita em Deus”. Ao seu lado, a esposa ostentava uma camiseta com a inscrição “Jesus”, como se fosse uma espécie de outdoor ilustrando a palavra presidencial. Além de sugerir que os presidentes anteriores compunham uma legião de agnósticos, ateus e materialistas, violou claramente o caráter laico do Estado. Como se não bastasse, usou a religiosidade popular para fins utilitaristas, instrumentais e politiqueiros, desrespeitando-a.

Depois, entre um rol de informações fora do contexto, resolveu exagerar o que chamou de “números positivos na economia”, ignorando que o PIB em torno de 1% após cinco anos de recessão e recuperação ziguezagueante – 3,6% abaixo do alcançado no primeiro semestre de 2014 – significa tão somente que a crise cíclico-conjuntural se move ainda no interior da concavidade e que os empregos criados nem conseguem absorver os 0,8% de jovens que adentram o mercado de trabalho anualmente.

Por fim, afirmou que o Brasil, após uma “crise moral”, estaria “terminando 2019 sem qualquer denúncia de corrupção”, escondendo que pessoas muito próximas ao Planalto estão sendo investigadas e que as gangues milicianas funcionam com muito mais desenvoltura. Aliás, nem se referiu às contrarreformas que suprimiram direitos populares e aumentaram a superexploração do trabalho pelo capital monopolista-financeiro, que só não devem ser nomeadas como roubo porque foram cristalizadas em lei.

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