O PROTOFASCISTA E A TENTATIVA DE AUTOGOLPE

A conjuntura, embora seus contornos permaneçam os mesmos, agravou-se na semana passada. Precedido pela permanente hostilidade olavista em relação às liberdades, pelas elitistas proclamações antiproletárias de Guedes, pelo congestionamento em marcha dos corredores palacianos com militares submissos, pelas manobras diversionistas sobre a vil execução de Marielle, pelos ataques provocadores do general Heleno a parlamentares, pelas perseguições de Moro a oposicionistas e pelo incentivo a milícias infiltradas nas polícias militares, Bolsonaro agora chefia, pessoalmente, a organização e convocação de um tumulto no próximo dia 15.

O País assiste não a uma simples concentração legítima – como havia sido a justa e reprimida greve trabalhista na Petrobras –, mas sim a uma tentativa claríssima, pública, despudorada e ilegal de atacar, cercar e manietar o Congresso Nacional e o STF, cujos componentes vêm relutando, mesmo em termos parciais, em cumprir a ordem unida que a presidência planeja e lhes grita. O foco dos políticos situacionistas enrustidos e fantasiados como vítimas do “sistema” é, porém, reprimir o movimento popular, com destaque às entidades sindicais e às fileiras da esquerda, inclusive os comunistas, que sempre serão alvos preferenciais da sanha ultra-reacionária.

O Comitê Central do Partido da Refundação Comunista, em dezembro, antecipou: “Nostálgico do regime ditatorial-militar, o autocrata e sua tropa de choque sempre buscam, em palavras e atos, restringir os direitos fundamentais, suprimir as liberdades civis e, como finalidade irredutível, liquidar o regime democrático-constitucional ainda existente”. Exemplificou: “sublinhem-se os seus elogios às torturas e ao AI-5”. Para concluir: “semelhante conteúdo é que anima, também, o seu propósito confesso de suprimir os vários matizes de resistência ou mera dissonância que ainda se manifestam em órgãos estatais.” Urge tirar conclusões e agir com decisão.

A extrema direita, consumada sua meta golpista de ocupar o Governo Federal, reúne suas hordas, prepara seu aparato castrense, forja um clima psicossocial e constrói condições políticas para destruir as instituições do regime político atual, quer pela capitulação, quer pela extinção, realizando a intenção de retroceder a 1964 mesmo que provoque um conflito fraticida. Eis o que prepara e jamais deixará de querer, custe o que custar. Portanto, a sua conspiração tem que ser barrada! No entanto, apenas será derrotada se os brasileiros se unirem. Chegou a hora de encher as praças e ruas sob a bandeira da frente ampla, nacional, democrática e progressista!

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