Contra a Guerra e o Fascismo

Quando tudo parecia caminhar sem grandes preocupações, e na esperança de que o ano de 2019 teria ficado para trás, já que, mesmo com todos os ataques aos trabalhadores, tudo indicava que 2020 seria o ano dos delírios burgueses nacionais e dos monopólios estrangeiros, mas a vida não imitou a arte na plenitude dos planos golpistas. A crise internacional do Capital que já vinha dando sinais muito claros de quebradeira, guerras localizadas, golpes, crise comercial, foi antecipada pela Covid-19.

Nem as reformas trabalhistas e previdenciárias, a entrega da Petrobrás, da base de Alcântara, do desmantelamento de setores de energia elétrica, gás, serviços, a venda de imóveis estatais, de terras, foi possível ao Planalto ter um dia em que os problemas não se avolumam a todo instante. Agora o golpe na entrega do Brasil vai ganhando dimensões cada vez maiores. A entrega das águas do subsolo brasileiro (conhecido como o Aquífero Guarani) e o Amazonas dão uma compreensão real do que está sendo feito em prol do golpe. E, diga-se de passagem, com apoio do Congresso, Senado e do STF.

No sentido político-econômico, a burguesia está de mãos atadas com o golpe, sem dúvidas alguma, quando o tema é apunhalar o povo brasileiro. Mas, em termos políticos, a burguesia bate cabeça. Tem dificuldades de se unificar, pois no lado do proletariado cresce a indignação, o desemprego, o repúdio a figuras centrais do Planalto, bem como a consciência de que a institucionalidade da “madura” democracia brasileira vai de mal a pior. Se pouco sabe a burguesia, sabe muito como enganar o povo ou sair de uma grande crise econômica. Sabe quanto nós, que a economia por si só tem seus limites, e a ação política é determinante. Se os senhores de “negócios” (a grande burguesia), só quer saber de ganhar mais, os seus políticos e intelectuais investidos por ela, sabem que impedir que o outro lado se unifique e faça da política a sua essência, isto é, um caminho ao poder, a coisa se complica, e aí, nada do que foi será.

Por isso, pisam em ovos. Nenhuma grande gritaria pode ser feita, pois os ecos ultrapassam rapidamente os limites do Planalto, tal como as palavras de Gilmar Mendes sobre os militares estarem se associando ao genocídio da pandemia. Uma nota de repúdio das forças armadas, e segue o baile. Moro cai atirando, mas de uma maneira civilizada, pois qualquer ação mais áspera pode-se pôr tudo a perder, desde a Lava Jato até o golpe. Queiroz, Wassef, Flávio, assassinato de Marielle, Fake News, tudo anda cadenciado e controlado sob o golpe. Mas a economia o que faz de melhor é empurrar a burguesia para o abismo, e aí, haja política para sair da crise. A massa vai empurrando e exprimindo a burguesia, pois quer ver suas necessidades atendidas, que sejam minimamente, como a fome, o desemprego, a saúde, a proteção, etc.

Com a entrega aberta das riquezas naturais (água, terra, mata Amazônica, petróleo) cada vez mais Bolsonaro, para se segurar e manter-se à frente do Planalto, rifa aos monopólios o espaço físico brasileiro. Em síntese, tornando-nos cada vez mais estrangeiros dentro do nosso próprio país. A ideia, disso, é abrir uma clareira ante o desfiladeiro, acenar aos monopólios, que não existe governo melhor para eles. É por isso que as bolsas de valores avançam, mesmo com a crise afundando os trabalhadores e muitos daqueles que algum dia pensaram que eram “empreendedores”, e cujo capital não dava para se assegurar um mês sequer com o estabelecimento fechado. Essa é a cara do empreendedorismo no Brasil, que não passa de um subemprego.

E, por mais santificadas que sejam os presentes de Bolsonaro, Mourão e Guedes aos monopólios estrangeiros, isto é, dos golpistas, não são as riquezas brasileiras do solo e do subsolo, nem mesmo a força de trabalho roubada em condições extraordinárias e absurdas, que salvará o Capital, mas a guerra. E é nisso que o Imperialismo Ianque está a cada dia mais centrado. Guerra contra a Venezuela, guerra contra a China, guerra contra a Rússia. E essa contradição é superior a qualquer outra necessidade do modo de produção burguês, no entanto abre caminho ao maior pesadelo – a Revolução. Ela (a guerra) salva temporariamente a burguesia ao mesmo tempo em que também a aniquila. Mas a cada dia que passa com a crise se tornando mais arrebatadora, ela sabe muito bem, que esse caminho é inevitável. Lula chama atenção para o movimento de Guerra do governo brasileiro contra a Venezuela a mando dos EUA. A Rússia também lamentou a decisão do país. Enquanto isso, o presidente Argentino condenava os exercícios de guerra da Inglaterra nas Malvinas, que depois da saída deste país do Bloco Europeu, tornou-se 100% EUA.

A América do Sul tornou-se um caldeirão. Chile, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Brasil, seus governos estão mais do que nunca com a corda no pescoço. O próprio Trump também está assim como o Imperialismo Ianque. E uma guerra, além da necessidade que o capital exige, poderia ser a política que estaria faltando para a burguesia imperialista, sair da defensiva e furar o cerco. Porém, sabe também que essa política, pode levar a perder a cabeça de vez.

Desde os tempos dos impérios Romanos, Gregos, Persas, das Cruzadas, das expansões mercantilistas, ao domínio do Capital e do Capital financeiro, uma por uma das classes que então se sustentaram e se extinguiram na história, as guerras sempre foram o instrumento político de expansão bem como de seu último suspiro. Portanto, a guerra na luta de classes, por mais que se torne uma institucionalidade (pois qual o país no mundo que não investe grande parte de seus recursos na obra de defesa e ataque?), é um elemento da política que, em última análise, leva ao fim da classe, que passou a sua época, que impede o desenvolvimento das forças produtivas. Prova disso é a própria história.

Por isso, esse “barulho ensurdecedor” de Guerra é mudo no Planalto, nos noticiários da Globo, da Bandeirantes, da CNN, etc., guardado a quatro chaves, pois há mais dúvidas do que certezas entre a burguesia e o exército, pois sabem que o vizinho que querem atacar (a Venezuela) não é o Paraguai de 150 anos atrás. Além disso, enfrentar um país que luta pela liberdade, não é simplesmente enfrentar o Capital contra o Capital. As experiências, novamente históricas, são representativas o que foi feito da máquina de guerra Nazi Fascista quando invadiu a antiga URSS, bem como o próprio EUA já provou desse gosto amargo ao invadir o Vietnã.

A Guerra é o elo fraco do golpe, da burguesia brasileira medrosa e parasita, da submissão eterna ao Imperialismo Ianque, das ideias institucionalizadas de uma democracia “madura” e independente. A possibilidade e a realidade da guerra parecem já não ser mais uma questão teórica, pois os movimentos de Mourão e do exército brasileiro na Amazônia não enganam nem mesmo uma criança, de que lá estão para fazer frente às queimadas na floresta.

A verdade é que a luta de classes na América do Sul e no Brasil está sob aquelas épocas, citadas por Marx, em que dias correspondem a anos, meses a décadas. E é isso que faz a burguesia tremer e bater cabeça.

Contra a Guerra e o Fascismo.

Fora, Bolsonaro, Mourão e sua Corja.

Se podemos trabalhar, podemos protestar.

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