O Marxismo nos ensina que sobre qualquer assunto referente à Sociedade, precisa-se colocar antes a pergunta: “para quem?”. Esta forma de ver as coisas, diminui as chances de um lutador Social entrar em uma canoa furada, isto é, de pensar profundamente sobre todas as contradições que envolvem determinados assuntos tendo como base a luta de classes. Outra coisa também poderosa no marxismo/leninismo, é sempre buscarmos em determinada luta, além de unir os afins, desmobilizar ou neutralizar os setores que possam se tornar prejudiciais ao avanço de determinada luta. Também, sempre ter presente que, todo o ato em defesa da democracia por um lado é a defesa da antidemocracia. Isto é, ser democrático leva essa consigna dupla, que uma vez esquecida, abre-se caminhos para o pântano da democracia como valor universal.
Uma vez identificado que a esquerda sozinha não poderá barrar o fascismo no Brasil, ou o golpe do Bolsonarismo, ela caminha para alianças mais amplas, com a perspectiva de que possa neutralizar setores anti PT, anticomunistas, antissocialistas, enfim, busca derrotar setores que apoiaram o golpe e o defendem com todo afinco, contra qualquer movimento mais à esquerda. É nisso, que se baseia a tese de quem defende a Frente Ampla. Tendo em vista essa análise, para muitos ficou evidente que, a derrota momentânea nos grandes centros, nas capitais do país nas últimas eleições municipais, foi pelo fato de não serem construídas tais frentes. Parece que o próprio candidato do PSOL em São Paulo, Boulos reconhece tal fato. Sua eleição, talvez não teria problemas, desde que fosse vice de Covas ou este daquele. Se o objetivo era simplesmente eleger, isto estava dado e a frente ampla já teria decolado ainda mais.
Agora, para a presidência da câmara de deputados, houve uma nova Frente Ampla, onde os partidos de esquerda se comprometem a apoiar o candidato do DEM, Baleia Rossi. Sem o apoio da esquerda, o DEM ou o PSDB não se elegeriam para a mesa e é provável que dariam de mão beijada a presidência desta casa ao candidato apoiado por Bolsonaro. No entanto, nos dois casos, parecidos, ambos tem diferenças muito grandes. Na câmara as questões estão dadas, não há como modificar a situação e apenas duas alternativas se apresentam para a esquerda: Uma, a esquerda marcar posição dizendo que “tanto faz quem será o presidente da câmara, nada muda” dando de imediato a vitória para o Bolsonaro. Por outro lado, poder-se-ia garantir uma unidade com um programa mínimo de esquerda, que passaria a ser defendido nas ruas, contra o golpe, pelo fora Bolsonaro e até articulações das próximas eleições…
Mas, demostrou-se com o apoio da esquerda ao candidato de Rodrigo Maia, que o caminho principal é barrar o Bolsonarismo na Câmara, atraindo setores mais amplos para derrotar o dito cujo. Esse resultado é de fundamental importância para a direita dita civilizada, que quer voltar a ser protagonista. Se a esquerda se contenta com isso, é porque a própria esquerda institucional, acredita que o cenário para a derrota do bolsonarismo fica mais fortalecido diminuindo a sua presença nas direções do parlamento, bem como, as tentativas de criar um polo único das esquerdas não traria benefício político algum. Tanto nas eleições municipais do ano passado, quanto essa da votação da câmara, há uma comemoração de parte da “esquerda” que a Frente Ampla vai se constituindo e se fortalecendo.
Na verdade é que a esquerda institucional, não tem força porque não quer ter força como esquerda. A esquerda se esforça para ter força como elemento institucional para ser oposição a “A” ou “B”, jamais como um elemento de transformação Social. Quer cultivar um parlamento burguês, onde possa intervir no sistema capitalista com propostas objetivas, com o intuito de dar condições para que os capitalistas possam investir e fazer a sociedade “avançar”.
A nossa esquerda se viciou a tal condição que não suportaria fazer um esforço de ter que um dia sequer pensar em algumas condições pré revolucionárias. O jeitinho da esquerda brasileira, não é da luta pelo novo, e sim de melhorar o velho sistema. Daí sua falta de ousadia.
Aqui, não estamos dizendo que, a derrota do Bolsonaro em qualquer lugar e mais ainda no parlamento não seja um resgate da autoestima para a luta, assim como, a própria derrota de Trump nos EUA. No entanto, perder a consciência de que o que a direita quer é voltar a ter um espaço maior na continuidade do golpe, ou mesmo que Biden é tão nocivo ou pior que Trump, que é terrível. Este “festival de amiguinhos”, que se chama Frente Ampla, já havia sido formado no governo de Dilma com Temer. Se naquela época foi importante para derrotar o PSDB, DEM e Cia, a falta de objetividade na luta, não viu que o castelo feito sob a lama, iria afundar. E afundou por exatamente isso, pelo espontaneísmo na luta de classes, isto é, sem que a luta pela transformação Social fosse o centro. Em outras palavras, a inconsequência do liquidacionismo.
Mais uma vez fica claro que a esquerda brasileira sabe que o “galo canta, mas não sabe aonde”. As velhas oligarquias, sabem muito bem serem ardilosas, para se manterem no poder. Basta um aceno aos opositores e à esquerda, como o da defesa da democracia como valor universal, por exemplo. É nesse sentido que Biden está conclamando a todos os grandes aliados imperialistas para cerrar fileiras e unir-se contra o que eles conceituam como “ditaduras” tais como a Venezuela, China, Cuba, Coreia do Norte, Nicarágua, e a própria Rússia, que um dia já servira ao proletariado. Restaurar a OTAN e os investimentos para que a democracia imperialista avance, é o seu maior objetivo. Quando ameaçados, os imperialistas deixam bem claro, “para quem?” defendem a democracia.
Na luta de classes a desgraça permanece e avança contra os povos enquanto a classe revolucionária não toma para si os rumos da direção política. “Tomar para si os rumos da direção política”, evidentemente, esse é o papel das organizações revolucionárias e de suas organizações irmãs, isto é, os partidos de esquerda, para organizar a classe proletária para a luta por sua emancipação política.
Foi de Lênin a frase “Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”, porém se entendemos que no Brasil existe esta teoria, está mais do que na hora de tal movimento dar o ar das graças, isto é, de aparecer de forma independente, caso contrário não poderá marchar à frente de todas as demais lutas Sociais, nem educará o proletariado rumo à transformação política. No máximo essa esquerda fará o proletariado entender que só com frentes amplas é possível ocupar governos burgueses, fazer reformas políticas, suprir minimamente, de quando em quando, as necessidades e angústias do proletariado, ou seja de construir um capitalismo para todos, mais humano, justo, fraterno – como se fosse possível um capitalismo justo ou fraterno.
Por isso, afirmamos que a forma de negar a Teoria Revolucionária no Brasil, chama-se Frente Ampla.
Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja.
Abaixo o Fascismo imperialista.
Em Defesa da Teoria Revolucionária
Frente de Esquerda Unida em Defesa da Soberania e da Transformação Social no Brasil.
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