A incapacidade de ver o óbvio

Ao ganhar as ruas, o movimento Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja, vai pouco a pouco derrubando os pilares do Golpe e reagindo ao incipiente movimento Fascista no Brasil. A disputa entre aqueles que defendiam contra o Fora Bolsonaro por o mesmo não conter propriedades sólidas de mudanças concretas no país, ou ainda que, não deveríamos usar as palavras “Fora Bolsonaro” sem indicar quais os instrumentos a serem utilizados para viabilizar a sua saída (impeachment, renúncia, novas eleições), ignoram o fato de que a agitação é um elemento crucial para trazer as massas para a polarização a determinado quadro dado. Só é possível dar um passo adiante, caso a própria agitação tenha tornado efetivo, e isso só acontece quando grande parte do povo se convença de que as suas desgraças iminentes estão intrinsecamente ligadas ao representante do golpe, do fascismo, do genocida Bolsonaro.

E, com o movimento do dia 29 de maio, muitas coisas mudaram em nosso país. Primeiro que não era bem isso que a direita gostaria. A hipótese de ter que conviver com um movimento de massas exigindo o Fora Bolsonaro, coloca ela (a direita – PSDB, DEM- Rede Globo-) em uma saia justa, ou seja, na medida que lutava por mais espaço no golpe, tinha ao mesmo tempo a ideia de acomodar e restringir a esquerda a uma força apática ou secundária no processo, colocando ela a seu serviço, embaixo da sua asa. Com o fortalecimento da esquerda no processo, altera-se essa correlação de forças. Daí a hipótese de a polarização entre Lula e Bolsonaro acende uma luz na cabeça de todo o neoliberal, antipovo, golpista, entreguista, que queria se livrar da pecha de fascista, isto é, de não ter que novamente tirar a carapuça, demostrar as suas origens, e ter que optar entre A ou B.

E o movimento de ruas pelo Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, não trouxe problemas só para a direita; a própria esquerda teve que sair da posição secundária que se encontrava tendo que subir no palanque e verberar junto ao povo, que a única vacina contra a miséria, o desemprego e a pandemia é Fora Bolsonaro. Daí que a polarização da luta de classes no país, com as tentativas de serem amenizadas e conduzidas para 2022, faliu, pois o tempo avançou sob aqueles que diziam que queriam soluções agora, mas se escondiam atrás de palavras vazias. Agora terão que juntar-se às massas que desejam luta nas ruas, e não apenas conduzi-las a um momento institucional de colocar o voto na urna.

A própria extrema direita sentiu o revés. Para quem se acostumou a ver nas ruas os seus apoiadores, ver agora uma massa de gente a exigir Fora Bolsonaro genocida, abaixo o fascismo, viu que o espaço que antes era deles se esvaziou de sua presença e ficou tomado pela unidade da esquerda com o povo. Quando Bolsonaro ri, é por conta de sua própria desgraça. Contudo, de imediato tomou medidas, indo aos meios de comunicação, defender a compra da vacina e as parcas medidas de assistência ao povo, como um esforço dele e de seu governo. Isso prova o medo que essa gente tem do movimento organizado da esquerda junto ao povo. Sempre dissemos: A esquerda unida une o povo.

Retirado o véu que impedia de muitos verem o óbvio, a prática veio a se fundir com a teoria. E quando elas estão unidas, é difícil que o desenrolar da luta de classes não venha a ter bons desdobramentos. Marx dizia em determinado momento de paralisia da Social Democracia na Alemanha “que uma ação prática vale mais do que dez programas”. Diante da pandemia, ao condenar de todas as formas o negacionismo bolsonarista, com todos os tipos de tese, lives, etc., a luta prática, de rua, ficou atrofiada. O seu resgate neste momento é a condição “sine qua non” (indispensável) para avançarmos em todos os sentidos, principalmente porque ela altera a correlação da luta de classes no Brasil.

Porém, se uma parte da obviedade já foi “superada”, ainda tem outra, isto é, sobre o lado que devemos fortalecer nesta conjuntura, além do empreendimento pelo Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja. Dada a tendência da luta de classes se radicalizar, que é de onde partimos dada a crise internacional imperialista, pouco espaço terá uma candidatura de esquerda para selar um acordo ou uma conciliação, a não ser que entregue as armas. Sabemos que sempre há espaços para a traição ou a conciliação, mas é justamente neste terreno onde os comunistas devem se adiantar criando todo o tipo de empecilhos. A luta na rua pelo fora Bolsonaro é já em si mesmo um desses mecanismos, o outro é selar uma aliança com o povo pobre sedento por mudanças, jamais se contentando com um programa economicista que não traz avanços algum para a libertação do nosso povo.

Por isso, não podemos pensar como partido Social Democrata, que pensa apenas no seu umbigo partidário, de ocupar espaço para crescimento de partido na institucionalidade. Não podemos nos dar ao luxo de enfraquecer uma forte candidatura, não se aproximar dela e não reforçá-la com a nossa presença, com o nosso programa de defesa da Soberania Nacional, e a ele trazer todo o proletariado mais avançado. Não se antecipar ao quadro colocado, é dar tempo para que a direita também atue em meio dessa conjuntura, com a intenção de dividir, confundir e atrasar as perspectivas de um projeto popular.

Ao ver o povo se aproximando de um movimento que concretamente se coloca contra o fascismo e que tende a derrotá-lo, os comunistas ficarem desdenhosos ou amarrados diante desse quadro, não dando ao movimento a consistência e a envergadura necessária, impulsionando para além dos seus limites, simplesmente é um absurdo. Por isso, desde já, devemos ter como centro de nossas perspectivas políticas, além do Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, cerrar fileiras para forjar, amadurecer, fortalecer a candidatura de Lula Presidente e a defesa de um projeto de Soberania e de um Brasil popular.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja.

Abaixo o Fascismo.

Em defesa de um projeto de Soberania Nacional.

 

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