Os cuidados para não se isolar X o oportunismo e o aventureirismo.

O proletariado, como classe presente e futura na história, fará do próprio Estado Socialista um semi Estado como demostrou Lênin. Todos os Estados que a história conheceu anterior ao Socialismo, são Estados que existem para defender uma minoria da grande maioria. Esta é a razão de sua existência. É nesse sentido que Marx, no Manifesto do Partido Comunista, demostra que a luta de classes, fez do Estado o expediente dos Patrícios contra os plebeus, dos Escravagistas contra os escravos, dos Senhores Feudais contra os Servos e da burguesia contra o proletariado. Sempre uma minoria de um modo de produção ao falir, a nova classe que assumia o poder, era sempre uma minoria. O capitalismo é historicamente esse último capítulo, pois não criou nenhuma nova classe minoritária a assumir o poder, a não ser os próprios explorados.

Sendo a maioria, a grande massa que trabalha e toca com seu trabalho intelectual e braçal o modo de produção capitalista, e por contingência sabe todos os mecanismos de produção, mesmo assim, sua política jamais pode caminhar na perspectiva de isolamento. O isolamento pode atrasar determinada luta. O isolamento é sempre a vitória do outro lado, do inimigo. Eis porque essa é uma das grandes tarefas na luta política. Mas o isolamento também pertence ao mundo objetivo, da luta de classes. Muitas vezes, se esta não for colocado sob as bases concretas da luta objetiva, a insistência de evitar o isolamento poderá leva-lo ao isolamento. Neste aspecto por exemplo, a Social Democracia na primeira Guerra Mundial, ao apoiar a guerra, se colocou ao lado e na defesa da burguesia dos países imperialista. Lênin e os bolcheviques ficaram isolados, em um primeiro momento, porém, não tardou para que a situação mudasse de lado. A Segunda internacional pelega, logo se esfacelou e se isolou do movimento operário, enquanto os bolcheviques avançaram para a Revolução e a construção da primeira Sociedade Socialista no mundo.

O conhecido texto literário de o “tonel vazio” é utilizado por Lênin para demarcar essa concepção do isolamento posto na subjetividade, sob os gritos de liberdade. “Pequeno grupo compacto, seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam de termos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação”. Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor! Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos “livres” para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem!(*)

A luta de classes impõe determinadas ações políticas, que são antagônicas ás classes em luta, devido as suas bases objetivas. Pra burguesia, manter o sistema político vigente até as últimas condições, é sua determinação. Por isso, o Fascismo nas condições imperialista ou sob o domínio do Capital financeiro é proclamado por essa classe como uma solução frente ao proletariado e a revolução. Já para o proletariado, tanto o oportunismo como o esquerdismo, levam o seu isolamento. Muitos dos partidos de esquerda, entenderam Lênin de forma unilateral, e passaram a entender que, o esquerdismo é a única forma de isolamento. É lógico que não. Além dos exemplos expostos acima sobre a Social Democracia, os atuais também dão prova disso. No segundo governo de Dilma, ela tentou em vão trazer para o centro da direção da economia, o Neoliberal de direita Joaquim Levy. O caminho para contentar a direita e o mercado, levou ao seu isolamento da esquerda e das lideranças anti Neoliberais e até do povo, logo tornando-se presa fácil para o golpe da burguesia então unificada (direita e extrema direita).

O próprio governo dos Estados Unidos, Donald Trump caminhou no sentido do isolamento internacional, comprando briga com os seus parceiros de longa data e com as instituições que eles mesmo construíram, como a ONU, OMS, bem como pactos de não proliferação de armas atômicas e de defesa do meio ambiente. Travou essa luta, em prol de manter o imperialismo americano de pé e hegemônico. Comprou briga, em todos os cantos contra o Socialismo, contra a Soberania e autodeterminação dos povos. Seu isolamento no entanto, parte de uma base objetiva do imperialismo em crise crônica. Seu isolamento faz parte de sua necessidade. Se eles abrirem mão dessa condição de golpes, guerras e intervenções como necessidades objetivas colocadas pelo imperialismo, eles tombam como um gatinho. Vão tombar sem dúvida alguma, mas irão lutar até as últimas consequências.

Contra Cuba por exemplo. Até hoje na ONU, EUA e Israel estão isolados em relação ao bloqueio daquele país. São 180 votos contra o bloqueio e dois permanecem a favor.  Isso faz parte da luta ideológica dos EUA, para que o Socialismo em Cuba não possa sobreviver e muito menos avançar para tornar-se um farol para a luta de classe do proletariado na América. São 60 anos de bloqueio. Sua ação, no entanto, levou a unidade do povo cubano contra o imperialismo, bem como no mundo inteiro. Para alguns essa talvez seja a grande política desastrosa dos EUA, porém, se isolam externamente mas mantém uma unidade interna entre os conservadores tanto do lado dos Democratas como dos Republicanos. A luta contra Cuba é a unidade dos Fascistas dentro dos EUA contra a revolução e o Socialismo no mundo, inclusive contra os movimentos internos proletários de seu país.

No entanto, o isolamento X o oportunismo e o aventureirismo, são elementos diferentes, pois um lado está marcado com a perspectiva de proclamar a metafísica, o subjetivismo, a esperteza (no sentido burguês) como algo dominante, sem que a objetividade seja compreendida em profundidade, isto é, onde o ideológico tem a sanha burguesa. O outro, dada a compreensão de que o isolamento é temporário, tende a reforçar muitas vezes, uma posição ideológica contra o oportunismo e o aventureirismo, de que o movimento é tudo e o objetivo é nada. São inúmeras as posições firmes e imprescindíveis que o movimento revolucionário teve que tomar, o qual em muitas vezes levou ao isolamento no primeiro momento. Não vamos longe, pois a Revolução Bolchevique na Rússia foi uma delas. Lênin ficou isolado de todo os partidos de esquerda quando bancou a tomada do poder pelos Sovietes.

Por isso, podemos talvez crescer bastante o movimento de rua pelo Fora Bolsonaro se nos fundir com o PSDB, MBL, Globo, Cidadania, etc, e a pergunta é, e daí? Um crescimento que atende mais a demanda dos golpistas, do projeto de continuidade e aprofundamento do neoliberalismo. Tendo eles juntos ao nosso movimento, ampliamos talvez em alguns pontos, porém nos distanciamos do povo e do movimento que estamos a construir.  O oportunismo sempre ouve mais o movimento da burguesia do que o movimento do proletariado. É normal, pois ela (a burguesia) é mais forte, mais influente. É nesse sentido que anda a Social Democracia. Jamais nesse sentido encontrará razões para bancar uma ruptura, quanto mais uma revolução. Por isso, chama para o pântano, para a conciliação.

Pois bem. Se o movimento Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja tem mantido um público inalterado, significa que, precisa evidentemente dar um salto. A presença de Lula alteraria a situação sem dúvida alguma, e o chamamento para uma greve geral também. Mas, objetivamente a esquerda precisa sentar, debater um programa mínimo de luta pela Soberania Nacional, colocá-lo em evidência e organizar o povo desde já e apoiar a candidatura de Lula a presidente. Esse é o momento de se criar algo novo, não para 2022, mas para colocar agora o proletariado em prontidão para a luta contra o golpe e sua continuidade e pelo Fora Bolsonaro Mourão e sua Corja; além do mais, esse movimento é imprescindível para que as vacinas seguem a atender o nosso povo, pois a única garantia que elas continuem vindo é o povo na rua.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja.

Abaixo o Fascismo.

Fascistas não passarão.

Por um programa de luta em Defesa da Soberania Nacional.

Lula presidente.

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