1- Houveram poucos embates entre a oposição de esquerda e o governo Bolsonaro. Na pandemia, quase 700 mil mortes não foram suficientes para as lideranças dos partidos e do movimento dos trabalhadores, organizarem o povo para derrubar o governo.
2- No Parlamento, a luta econômica prevaleceu sobre a luta política. Um exemplo disso é que o Bolsonaro queria conceder 200 reais de auxilio emergencial a oposição aprovou 600. Isso significou avanço da luta política? Não. Ao ser derrotado o governo absorveu o resultado e utiliza o fato como se fosse o autor. Aprovou as pautas ultra liberais no congresso sem dificuldades.
3- Subestimaram o governo de extrema direita como se ele fosse fraco. Apoiaram a PEC das “bondades” que disponibilizou 50 bilhões de reais para ele utilizar na campanha eleitoral. Simples assim sem resistência, denúncia… nada. Ao verificarmos a formação das bancadas no Congresso constatamos o avanço significativo da extrema direita como nunca antes na história política desse país. A realidade demonstrou que as eleições fazem parte do aparato de dominação. A população vota e sua situação não se altera e na maioria das vezes piora. Defendemos a participação dos Revolucionários no processo eleitoral, mas este espaço tem de ser utilizado, também, para denunciar suas limitações.
4- Lula ganhou o primeiro turno das eleições presidenciais contra Bolsonaro. Havia uma grande expectativa de Lula ganhar as eleições no primeiro turno, quando o ganhador tem mais votos do que a soma dos outros candidatos perdedores. Bolsonaro foi subestimado e ficou a menos de 6 milhões de votos de Lula (57 contra 51 milhões de votos) e ganhou os governadores, senadores e deputados das cidades mais ricas do Brasil, que agora passaram a ser bolsonaristas (fascistas ou semi-fascistas). A burguesia se opôs a vitória de Lula no primeiro turno, não desejou um Lula forte, eleito pelas massas trabalhadoras.
5- O povo trabalhador venceu no 1º turno. Lula teve mais de 57 milhões de votos contra a fome, a miséria, o desemprego e a corrupção. Mesmo assim o bolsonarismo cresceu, usando a máquina do Estado, a mentira, ameaças, provocações e do medo. O fascismo se aproveitou da confiança da direção do PT nas alianças por cima e não na mobilização popular, da falta de um programa claro para resolução dos problemas concretos da vida da classe trabalhadora. Acreditar que vamos ganhar a eleição apoiados mais nos golpistas de 2016 do que na mobilização popular é o caminho da derrota.
6- É um erro crasso e grotesco afirmar que nosso povo vota do jeito que vota porque é um povo reacionário e conservador, como muitos têm feito. Nosso povo tem dado sinais declarados de quer mudança real, que quer ruptura com a lógica estabelecida e de que está disposto ao confronto aberto e direto por dias melhores e dignos. Temos que saber ler e interpretar a revolta do povo contra o sistema e denunciar a subordinação da esquerda à direita, sob frases de esquerda.
7- O Estado brasileiro, com sua estrutura arcaica, já não consegue mais se apresentar como instituição protetora do povo. Isso resultará em medidas autoritárias, restritivas das liberdades como forma de precaver e conter as revoltas do Povo. No nosso entendimento, Lula para ser eleito, deve priorizar o contato com os trabalhadores apresentando um programa que contemple as necessidades do povo bem como indicando reformas que alterem a estrutura arcaica do Estado brasileiro e garanta as liberdades e a qualidade de vida para a população brasileira.
8- Agora é diferente. É uma questão de vida ou morte. O bolsonarismo deve ser esmagado nas urnas e nas ruas. Cada casa, cada bairro, cada sindicato, cada grêmio, cada fábrica, cada empresa, cada igreja, cada comunidade, cada organização popular deve se transformar numa trincheira contra Bolsonaro e o fascismo.
9- Não é hora de vacilar. Os comunistas chamam todos os socialistas, democratas, religiosos a construir uma frente única contra o fascismo, o imperialismo e a super exploração capitalista. Uma frente de luta pela vida de milhões de trabalhadoras e trabalhadores. Uma frente que una os pequenos empresários e proprietários contra o grande capital. Uma frente que eleja LULA PRESIDENTE contra os que apoiam Bolsonaro.
10- É preciso fazer a disputa com o bolsonarismo em todos os campos, ideológico, econômico, político, social e cultural. Chega de recuar e entregar as ruas para o fascismo, chega de deixar a luta ideológica para a direita doutrinar o povo, chega de adaptar-se a uma consciência atrasada que o próprio processo golpista criou. Chega de conciliação de classes e paz e amor com nossos inimigos de classe, de privilegiar uma política cirandeira e identitarista. É preciso derrotar a estratégia do bolsonarismo e dos militares de instituir uma nova ditadura no país, uma ditadura do capital, militar ou civil. Não existe espaço vazio na política, se não fazemos política de classe, por um governo nosso, um governo dos trabalhadores, a direita se apresenta como defensora de uma insurreição antissistema para retroceder a realidade por um governo de escravidão colonial. Programa para derrotar Bolsonaro e lutar por um governo dos trabalhadores:
a. Salário mínimo do Dieese, de 6.300 reais, para garantir condições de vida dignas necessárias para uma família da população trabalhadora;
b. Anulação de todas as medidas golpistas: Reforma Trabalhista, do Ensino Médio, do Teto dos Gastos (EC95), Reforma Previdenciária, reestatização da Eletrobrás;
c. Estatização do Sistema financeiro, reestatização do Banco Central, anistia das dívidas para o conjunto da classe trabalhadora, pequenos empresários e pequenos proprietários de terra; 4. Reforma Agrária e Urbana sob o controle dos Trabalhadores, com o confisco do latifúndio e das propriedades da especulação imobiliária. Revolução Agrária nas grandes industrias agrícolas; 5. Estatização das empresas de energia, educação, comunicação, água, luz, internet, transportes.
— Abaixo o fascismo
–Lula Presidente
Ousar Lutar, Ousar Vencer
Brasil, outubro de 2022.
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