Sobre a “Liberdade” de Manifestação

A defesa da liberdade é a palavra de ordem que os bolsonaristas mais gostam de fazer uso ao mesmo tempo que fazem coro à frente dos quartéis pedindo a intervenção militar. É claro que existe um abismo de contradição entre a defesa dessa  palavra de ordem e o seu encaminhamento sob dois aspectos: primeiro, que a história anterior e atual demonstra que os militares brasileiros são serviçais diretos do imperialismo dos EUA, que, por sua vez, massacram o proletariado da América Latina com golpes, assassinatos e desmonte das organizações que lutam pela independência, soberania, autodeterminação dos povos, portanto, coisas bem mais próximas da liberdade; segundo, a liberdade não é uma luta que se transfere a outros agentes, a forças externas, aqui não se faz outra coisa senão condenar a liberdade, numa tentativa de sair de uma prisão para sucumbir em outra.

Parte do povo alemão, quando transferiu a sua liberdade ao Führer, abriu a caixa de Pandora daquilo do que a burguesia pode realizar em matéria de terror contra o proletariado em épocas de crise crônica internacional. O Estado burguês, em sua democracia mais liberal, já é uma ditadura vil contra o povo do ponto de vista econômico, pois a escravidão assalariada é o seu bem maior. A liberdade política, de organização política, é um importante saldo da luta proletária, uma conquista que se coloca no curso das grandes transformações políticas como um teste de maturidade da classe operária. A negligência da conquista dessa luta está em ela própria não ser superada pela ditadura do proletariado para a liberdade mais ampla de um novo poder político e econômico.

A dialética é a essência das mudanças. Exigir que algo permaneça em seu estado eterno sem transformação é um absurdo. E, na luta de classes antagônicas, essa posição significa o caminho do retrocesso. Todas as lutas e conquistas logicamente não são iguais, e a tomada do poder muitas vezes é menos dolorosa que a sua manutenção. Mas muitos dirão, se não tivesse tomado o poder, nem poderia se falar em mantê-lo. Isso é o principal, e, portanto, numa liberdade de organização que não se trabalhe para isso, objetivamente destempera-se a classe que lutou por essa conquista, defende-se daí o estado de coisas da burguesia, o poder do capital. É nesta falta de um poder popular que se coloque abertamente em antagonismo ao poder existente que a burguesia faz com que parte das massas que queiram transformação acabam defendendo o fascismo, isto é, a continuidade do poder burguês, com liberdades superiores às que já existiam para reprimir as massas, porém muito mais violenta do que antes. Se há analfabetos políticos de um lado (bolsonaristas), é porque o outro lado também tem muito pouco de diferente a apresentar no plano político libertador.

E como diz Lênin, é sobre a liberdade que as maiores atrocidades da humanidade foram feitas. Os países imperialistas, por exemplo, fazem de seu desejo absoluto o conceito de liberdade e pelo qual os povos devem se submeter. O  primeiro dos mandamentos que querem nos fazer crer, é que não existe liberdade fora das “quatro linhas do imperialismo”. Daí que a filosofia pragmática é a verdadeira política nascida e desenvolvida no país do Norte das Américas. A história da liberdade, segundo o poder dos monopólios, acabou.  Os bolsonaristas nos dizem exatamente isso, que a ditadura com a intervenção militar e o fascismo são as formas de manter a liberdade; estão convictos de que a liberdade dos monopólios é a única existente. E quem tem que provar o contrário, não é a burguesia, é a vanguarda proletária e sua luta junto com o povo.

O poder político da burguesia em época de crise crônica aparentemente triplica, fazendo com que o proletariado massacrado economicamente defenda o mundo burguês, que se preste para lutar contra o socialismo, que é o prenúncio para a sua libertação. Mas, a liberdade é sempre a bandeira dos explorados, dos escravizados, e quando se começa a falar, pensar, discutir e principalmente sonhar com ela, a classe que a ela pertence historicamente, começa a colocar a política à frente de todas as outras ciências, fazendo com que política e liberdade tornam-se uma mesma luta, inseparáveis. Esta é a química perfeita da luta pela transformação.

Se os bolsonaristas estão falando em liberdade nas ruas em frente aos quartéis com o intuito da defesa da escravidão, que tal nós chamarmos o povo às ruas e demonstrar a liberdade que defendemos, de pão, terra, trabalho com direitos e soberania. Eis um momento adequado para que a conquista de liberdade de organização seja o passaporte para darmos um passo adiante, e não ficar refém eterno da democracia burguesa.

Fora Bolsonaro e suas corjas.

Abaixo o golpe e os fascistas.

Por um projeto político de Soberania para o povo brasileiro.

Às ruas para defender a posse de Lula e um projeto político soberano para o nosso povo.

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