A vitória eleitoral contra os golpistas e a extrema direita bolsonarista precisa ser potencializada nas ruas das grandes cidades brasileiras…“Temos que deixar a poeira baixar”, “ir com calma”, “ter tranquilidade neste momento”, “retomar os movimentos logo adiante”, etc. são algumas das palavras mais (mal) ditas no meio dos movimentos sociais e de alguns partidos de esquerda institucionais. A ideia agora, segundo eles, é arrumar a quebradeira geral, a corrosão nas contas públicas levadas ao esgotamento das finanças pela direita e pela extrema direita golpistas, assegurando o mínimo de institucionalidade, colocando aos poucos em dia a burocracia.
As tentativas de propagandear por todos os cantos que a situação das finanças do Estado brasileiro está em completo caos, de forma alguma pretende-se dar demonstração dos ataques nefastos do bolsonarismo e sua corja na administração do país. Pelo contrário, a ideia aqui é arrastar o povo a uma perspectiva mínima, de migalhas e nada mais além disso, em que as pretensões democráticas como a revogação das reformas trabalhistas e previdenciárias, a reforma agrária e urbana, a desprivatização da Petrobrás, da Eletrobrás, do setor de minério, da retirada da Amazônia das mãos dos grandes monopólios e dos países imperialistas e a luta pela Soberania, nem vêm à pauta.
Com o golpe, a burguesia nacional e internacional ganhou de graça, no mínimo, cinco anos de trabalho do proletariado brasileiro além do roubo na ascensão dos preços, do esmagamento do salário mínimo e do fim de vários auxílios sociais. A ideia de que o Estado está falido é uma farsa. O único que economicamente faliu foi o povo, mas o medo está na forma como ele reagiu politicamente, tal qual todo o proletariado na América do Sul. Os gritos da burguesia têm em vista tirar qualquer ânimo maior do proletariado. Para vingar a sua ideologia, num primeiro momento, basta que ela penetre profundamente na esquerda institucional, no Lula, no PT (uma vez que a Frente Ampla já está ganha) e que passem a trabalhar para eles, na burocracia, evitando aumentar os “problemas” com o povo nas ruas.
A vitória do povo não veio das urnas, mas sim das ruas. É por esse motivo que continuar a protestar nas ruas continua sendo o único caminho real de disputa de poder. A vitória popular, mesmo que seja nas urnas, pode e deve ser potencializada para aumentar os problemas da burguesia. Se a esquerda institucional vê isso como um problema, começou a buscar uma solução bem no nível do interesse dos golpistas, do bolsonarismo, do imperialismo. Sabemos que uma vitória pode ser dimensionada, bem como pode ser paulatinamente dissuadida, apequenada, desvalorizada, contida, capitulada, esquecida e, por fim, esmagada.
Sendo assim, a defesa do governo Lula, de sua posse e luta contra o relógio golpista, tem apenas um caminho, o povo nas ruas. Não há um caminho de solução para a burguesia sem que o povo retroceda, por mais que se esforce para isso, pois o imperialismo, neste momento de guerra e ascensão de um novo polo de poder no Oriente, não pode se dar o luxo em um país gigante como o Brasil, cravado na América do Sul, pertencente aos BRICS, com um povo que soube derrotar o retrocesso e eleger um governo de esquerda e um operário presidente sensível às questões sociais, mesmo que do ponto de vista político seja um Social Democrata, a polarização ditará o caminho da luta, isto é, do avanço ou do retrocesso.
Os exemplos vem da Bolívia (extrema direita do departamento de Santa Cruz) mobilizada contra o governo central, do Peru ( golpe em Pedro Castillos), da Argentina (mandato de prisão contra Cristina Kichner), e daqui mesmo (Brasil) com a continuidade do golpe sendo patrocinado por grandes empresários com mobilizações em frente dos quartéis pedindo intervenção militar e a própria crise do Capital que não cede e só se aprofunda, não tenhamos dúvida de que aqui cai bem a frase do poeta: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Em outras palavras, quem sabe põe o povo na rua, não espera o golpe acontecer.
Fora Bolsonaro e suas corjas.
Abaixo o fascismo imperialista.
Povo nas ruas para lutar
Faça um comentário