A prisão do geógrafo Valdir Misnerovicz, integrante do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), preso em Goiás há 16 dias, vem sendo repudiada por setores da igreja, parlamentares e movimento social. Denunciado como integrante de organização criminosa, Valdir divulgou nesta quinta-feira (16) carta à militância da entidade em que pede que o trabalho de base seja fortalecido. “A nossa melhor resposta para a burguesia, para o estado burguês e para o latifúndio é fazer lutas massivas”.
Confira na íntegra a carta de Valdir
“Não tem preço a liberdade, não tem dono.Só quem é livre sente prazer em cantar” Antônio GringoCompanheiras e companheiros,Camaradas militantes do MST, Espero que esta mensagem encontre todas e todos animados/as e em luta!Escrevo para transmitir um abraço amigo, fraterno e revolucionário. Para dizer que estou bem de saúde. Tenho aproveitado para estudar, ler e refletir. Tenho acordado cedo e dormido tarde. Aqui o tempo é bem mais lento. Os livros tem sido minha melhor companhia, especialmente o livro Olga que li todo em dois dias. Foi importante lê-lo para refletir este momento. Ao lê-lo percebi que os camaradas que os antecederam sonharam e lutaram pela emancipação humana, foram perseguidos, presos, torturados e mortos. Foram coerentes até o último respiro de suas vidas. Ficaram os seus legados, suas memórias.Tenho aproveitado para refletir sobre a nossa causa, as nossas lutas e nosso movimento a cada dia. Reafirmo a convicção da justeza da nossa causa, da necessidade de fortalecer o nosso Movimento, de estimular a criatividade nas formas de lutas e de organização. Estou animado e confiante na nossa vitória!A cada noticia que recebo sobre as lutas, o trabalho de base das próximas lutas, vibro de alegria e esperança. Confio em cada um de vocês. Na ousadia, na criatividade e no espírito de sacrifício que cada um está fazendo pela nossa causa. A minha vontade é estar aí com vocês (lágrimas)! Sei que cada um de vocês se sente em parte presos, injustiçados.Quando cheguei no complexo prisional os agentes já me aguardavam e quando me aproximei disseram “vc é o preso do MST”, ou seja, não me chamaram pelo nome, não sou eu, nem o companheiro Luiz, mas a nossa organização!Vou terminando com alguns pedidos:– Não desanimem! As nossas liberdades dependem de vocês continuarem a luta.– Fortaleçam o trabalho de base, pois a nossa força depende do número de pessoas organizadas.– Lutem! A nossa melhor resposta para a burguesia, para o estado burguês e para o latifúndio é fazer lutas massivas. Não é momento de recuar. É momento de mostrar a nossa força, ousadia e criatividade.– Não se percam e nem percam tempo com coisas pequenas (picunhagens). A nossa missão é ajudar a mudar o mundo numa perspectiva socialista.– Estudem! Encontrem um tempo para leitura a cada dia, pois somente com conhecimento podemos fazer melhor a nossa luta.Por onde passarem digam para a nossa base que não desistam dos acampamentos, não desistam da luta, não percam a esperança na nossa organização e nas mobilizações que conduzem às conquistas.Por fim quero reafirmar a minha confiança em vocês. Reafirmo as minhas convicções na causa. Tenham certeza que quando o meu corpo estiver livra, estarei mais preparado e com maior disposição de lutar!Forte e fraterno abraço!ValdirComplexo Prisional Aparecida de Goiânia, 12 de junho de 2016.
Fonte: Vermelho
Faça um comentário