O júri em um tribunal federal norte-americano em Orlando declarou nesta segunda-feira culpado, o ex-militar chileno Pedro Barrientos, pelo assassinato em 1973 do cantor Victor Jara, e ordenou a sua família o pagamento de 28 milhões de dólares.
Barrientos, agora um cidadão americano, foi acusado em uma ação civil movida pela mulher de Victor Jara, Joan, e suas duas filhas, Manuela Bunster e Amanda.
Os advogados explicaram que o montante da compensação é alto porque o júri encontrou uma forte ligação entre Barrientos e o que aconteceu no Estadio do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet.
Joan, Amanda e Manuela choraram de alegria após o veredicto. A advogada Catherine Roberts disse à EFE que esta decisão é uma “mensagem não só para outros torturadores mas também ao governo dos EUA para acelerar a extradição para o Chile de Barrientos”.
Os fatos
Quando Jara foi morto, Barrientos trabalhou no regimento Tejas Verdes, base de retaguarda da Direção de Inteligência Nacional (DINA), e estava em Santiago, onde apoiou o levante militar e a derrubada do presidente Salvador Allende (1970-1973) .
O processo observa que Barrientos supervisionou a prisão de Jara nos vestiários do estádio. “Os soldados sob a direção de Barrientos vendaram, algemaram, espancaram e torturaram Jara para interroga-lo. O tenente Barrientos também ordenou a seus soldados para espancar e tortura para puni-lo por suas crenças políticas e seu apoio ao presidente Allende”, descreve a sentença.
Depois de ser torturado, Barrientos coloca “uma arma atrás da cabeça” de Jara e joga “roleta russa” com sua pistola. Ele colocou várias balas aleatoriamente no revólver tambor. “Durante este ‘jogo’, Victor Jara recebe um tiro na parte de trás da cabeça. Então ele ordenou que cinco outros recrutas, sob seu comando, baleassem Jara várias vezes”, acrescenta.
Além disso, o exmilitar supervisionou a transferência do corpo de Jara para fora do estádio, que mais tarde foi encontrado em um bairro vizinho, juntamente com outro não identificado executado.
O contexto
Victor Jara foi brutalmente torturado e morto em 16 de setembro de 1973. Ele serviu como embaixador cultural do governo do presidente Salvador Allende.
Após o golpe contra o presidente Allende, Jara, junto com outros estudantes, ocuparam a Universidade Técnica de Santiago. O exército invadiu o local e levou preso o grupo para o Estádio Nacional. Atualmente, o edifício tem o seu nome.
Jara foi submetido à tortura severa por altos funcionários do Exército, que o mataram com 44 tiros, como afirma o relatório forense.
Fonte: Telesur
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