Ensinamentos da Revolução Proletária Russa e os rumos para o Brasil

Ensinamentos da Revolução Proletária Russa e os rumos para o Brasil

O proletariado assumiu o poder político na Rússia em 1917, transformando-se de classe em si, em classe para si. Tomou em suas mãos os rumos da história, demonstrando para o mundo o seu poder dirigente. O novo modo de produção então surgia e assustava o mundo Burguês. Nascia então a ditadura do proletariado. A “democracia” capenga da Burguesia e da pequena burguesia, não contiveram seu ódio, e as investidas contra o Socialismo, não tardaram. No comunismo de Guerra, a guerra civil demonstrou o instinto de classe daqueles que querem “mudanças”, mas não revolução, não com a classe proletária na direção da luta, não o fim do capitalismo. Os ataques no campo político, econômico e ideológico, feitos pela burguesia e seus aliados, no jovem poder soviético não davam trégua, sendo que apenas em alguns momentos houve um tímido arrefecimento destes ataques.

Com a democracia transformada em ditadura do proletariado, nem mesmo os Mencheviques, tão “Marxistas” e “revolucionários”, não se contiveram em atacar o semi Estado proletário. A segunda Internacional, dirigida pelo renegado Kautsky, passou em bloco a atacar o poder soviético. A luta ideológica, é sem dúvida aquela que abrirá caminho para a ação política. A vontade, a determinação, a dedicação, a disciplina, a organização, etc… são importantíssimas, porém, elas não podem avançar por si mesmas, sem uma teoria que oriente a ação de forma consciente. A educação da militância proletária de vanguarda, principalmente o operariado, quanto a necessidade da tomada do poder político bem como o tipo de governo que surgirá após a revolução, deve ser assimilada pela classe proletária, para não ter ilusões nos momentos decisivos ou abertos da luta de classes. E quais são esses momentos? Quando os de cima não conseguem mais comandar e os de baixo não aceitam mais esse comando.

Vivemos um Golpe em nosso país, sob o comando do imperialismo Ianque e da burguesia oligárquica brasileira, submissa e entreguista aos intentos do imperialismo americano. As reformas no campo trabalhista, na Educação, Saúde, Previdência, habitação, salários, etc… não param, bem como no campo da participação política, com as reformas. O aprofundamento deste golpe, visa aniquilar o caminho das conquistas democráticas, que avançaram sob o governo Lula e Dilma. Sendo que a democracia deve envolver também avanços econômicos, a diferença entre o período antes e depois do golpe, são gritantes. A miséria, a fome, o desemprego, fim da assistência avançam a passos largos, e não cessarão esse rumo até que o povo levante-se contra o golpe. Aqui, haverá uma aproximação das leis da revolução. E para sair desse caminho, a burguesia e o imperialismo ianque farão de tudo, para providenciar um caminho de conciliação, de abertura democrática, de contenção das massas através das ilusões do estado democrático capitalista, que novamente não irá, além dos pressupostos colhidos em toda a nossa história.

A educação teórica do proletariado através das leis da revolução, do materialismo histórico dialético e dos caminhos da luta de classes em nosso país, da insuficiência da democracia burguesa, da necessidade da transformação dessa democracia em ditadura do proletariado, devem ser intensificadas nesse período. O meio caminho apresentado pela esquerda em nosso país, não pode ser um reflexo eterno de nossa luta. A democracia burguesa não pode ser um eterno lugar comum. Essa é uma concepção insistida pela pequena burguesia, bem como as suas ilusões de uma evolução constante. É preciso educar o povo com os fatos históricos, do limite do sistema capitalista imperialista, além do cerceamento nos países da América do Sul pela burguesia ianque e nossa burguesia aristocrática entreguista. Elementos para essa educação popular não faltam. E sob o golpe, essa compreensão torna-se muito, mas muito mais clara.

Tendo como objetivo aprofundar esse debate, os partidos que realmente defendem o caminho da Revolução e o estabelecimento da ditadura do proletariado, devem ter um compromisso de aproximação, de unidade, de educação das massas. Ao mesmo tempo que a Burguesia forma de todos os cantos os elementos de direita e fascistas, apresentando um caminho racista, Chauvinista, de guerra; os partidos revolucionários devem educar as massas no sentido contrário. A democracia sem dúvida aparece nestes momentos como uma palavra de ordem de enfrentamento da direita, contra o golpe, porém, sua perspectiva única, frustra as massas, pois os seus limites são decorrentes do próprio sistema econômico, patrocinado pela ditadura da burguesia. Por tanto, a unidade dos revolucionários nessa época é uma necessidade política.

A tática da luta pela democracia sem a estratégia da tomada do poder político pelo proletariado, isto é, sem a transformação desta em ditadura do proletariado, é mera ilusão. Lênin nas duas táticas da Social Democracia Russa, mesmo insistindo que o proletariado estivesse à frente da revolução Burguesa, jamais poderia no mesmo ano, se tivesse alguma ilusão na revolução democrática burguesa, propor a revolução proletária. A revolução democrática burguesa, nem sequer aceitou a exigência do proletariado em retirar-se da guerra (Primeira Guerra Mundial). Em nossa época de crise sistêmica do Capital, de aprofundamento da ditadura da Burguesia contra o proletariado do mundo inteiro, de formação de partidos de ultra direita, de preparação de guerras de amplo extermínio das populações, do crescimento do fascismo, a luta do proletariado constitui-se de defesa da Democracia, com o interesse de acumular amplas setores e das massas contra a autocracia. Utiliza-se a palavra de ordem da Democracia burguesa contra ela mesma, uma vez que seus intentos nessa época é o Fascismo, pois o Capital falha. A unidade de amplos setores populares é a única força capaz de conter este avanço de um sistema e de sua classe, que para se manter no poder tomará qualquer atitude. Esse é o papel da tática neste momento.

Mas a tática nunca vem separada da estratégia. Ela é de entendimento de grandes massas. Porém, a vanguarda não é vanguarda se sua luta é apenas no nível da tática ou de assegurar a existência da tática como elemento principal. Dissemos que a democracia tem que ser transformada em ditadura do proletariado, e ao quebrar a resistência do imperialismo, da oligarquia burguesa em nosso País, de derrotar o golpe, é preciso que a estratégia seja acionada. É pra isso que se um partido revolucionário deve se preparar ( Marx já falava no Manifesto do Partido Comunista, que os comunistas se diferenciam dos demais partidos que lutam ao lado dos trabalhadores, por ter em vista o resultado final dessa luta). Por isso além de tomar à frente na tática, em hipótese alguma pode-se declinar na hora da aplicação da estratégia. Durante a Segunda Guerra Mundial, os partidos comunistas da França, Espanha, Itália, que lutavam contra o Nazi-Fascismo, e estavam a frente das massas nessa luta, após a derrota dos fascistas e a ofensiva popular contra os mesmos, os comunistas deixaram para a burguesia conduzir o caminho do restabelecimento das Repúblicas burguesas.

Isso demonstra que existe muita ilusão entre os partidos de esquerda e as vezes até nos revolucionários, nas ditas Repúblicas Burguesas. E sob a égide do imperialismo, essas Repúblicas não passam de extensões ditadas pelos grandes monopólios. Os governantes mal se mexem político e economicamente dentro do pouco espaço que tenham para apresentar alguma alternativa que não seja aquela, proposta por uma meia dúzia de nações imperialistas. E quando fazem, mesmo que timidamente, são golpeados à exemplo do governo Lula/Dilma e tantos outros. É preciso entender essa lógica, isto é, que a tática só é realmente uma bandeira eficiente, quando ela é amarrada com a estratégia. A estratégia é a transformação da República burguesa em ditadura do proletariado.

A tempestade é muito intensa no horizonte. Assegurar-se de uma tática acertada nesse momento é essencial. Ela precisa atrair amplas massas, democratas, progressistas, patriotas, para vencer essa batalha. Essa é a tarefa dos comunistas, isto é, construir uma Frente ampla anti-imperialista e anti-fascista, sem contudo deixar sucumbir por ela. Ela é um meio para atingir os objetivos do proletariado e é tão decisiva quanta a estratégia. Por isso, conclamamos que a participação do povo em todas as frentes, inclusive eleitoral, (por mais limitada que seja), é um meio para que avance a tática. Só a dialética entre a tática e a estratégia poderá assegurar a vitória da luta do proletariado. Já vimos que, tivemos vitórias importantes ao longo de nossa história contra a direita e a burguesia, do ponto de vista tático. Essas logo passaram a ser derrotas, pela simples inconsequência estratégica. A vitória da tática só é assegurada com a vitória da estratégia.

E essa tática hoje avança na medida que considerarmos que a derrota de Temer é ( do imperialismo, do golpe, da Globo, do PSDB, da FIESP, do reacionarismo de todas as formas) mesmo que, em sua aparência possa indicar claramente, pois os mesmos jogam também com as perspectivas de uma possibilidade de queda do governo, pela força popular, e portanto um plano B deve ser acionado, que inclui também a intervenção militar. O que não se pode ter em conta, é que estas forças golpistas derrubarão o Temer, isto é, o supremo, o parlamento, a justiça, a globo, o PSDB, etc…, por conta de suas contradições internas, pois qualquer alteração neste sentido, abrirá dentro do governo uma acirrada disputa pelo poder, que hoje tem, mas as conveniências e as dificuldades de unidade, põe medo aos golpistas. Por tanto, derrotar o Temer é acirrar uma disputa interna e quebrar com a unidade que o governo golpista possui até aqui. Para isso se concretizar, é trabalhar pela ampla unidade do movimento popular pelo Fora Temer, com o maciço apoio do povo nas ruas.

Fora Temer.

Greve Geral contra Temer e o Golpe.

 

João Bourscheid.

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