A PROLETARIZAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO

Em diversos estados do Brasil, administrações alinhadas ao governo golpista de Jair Bolsonaro investem duros ataques contra a educação pública. Estes ataques ocorrem em todas as esferas (municipais, estaduais e federal), resultando em um movimento que não apenas golpeia duramente a qualidade da educação pública, como gera um sério e perceptível movimento de acelerada proletarização dos trabalhadores em educação.

O fato da educação publica não ser prioridade de governos da direita é explícito. Talvez por apresentar possibilidades de contribuir para elevação da consciência (já que alguns professores trazem em suas práticas pedagógicas o questionamento, a reflexão, a inquietude e inconformidade diante das injustiças e isso soa ameaçador demais para os fascistas que estão a frente dessas administrações governamentais) e certamente pela concepção neoliberal que dirige as práticas e lógicas de governos e prefeituras em vários pontos do Brasil, como é o caso do governo federal. Como sabemos, o neoliberalismo sucateia o Estado no que tange à prestação de serviços oferecidos ao proletariado e essa é a classe que necessita imprescindivelmente da educação pública.

Junta-se ao neoliberalismo, o fascismo, que dirige as ações de grande parte das prefeituras, governos estaduais e do governo federal. No intuito de esfacelar toda oposição a sua política, estas instâncias, quando dirigidas por representantes do fascismo, agem de forma cruel e intransigente contra os movimentos sociais que lutam por uma educação pública de qualidade. Suas ações ocorrem tanto no campo econômico quanto no campo político. No campo econômico podemos citar cortes de ponto contra as greves e paralisações, os arrochos salariais, (que geram a já destacada acelerada proletarização), as diminuições das concessões de verbas destinadas à educação, entre outras. Já no campo político observa-se, por exemplo, o desmantelamento das entidades sindicais e a perseguição aos lutadores em geral. Sem falar da criminalização dos movimentos de resistência, pois não são raras as vezes em que os trabalhadores em educação recebem dos governos balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, etc.. Cabe citar ainda, a ofensiva quanto às estruturas curriculares, as reformas educacionais impostas de “cima para baixo” que vão inviabilizando a qualidade da educação publica, os fechamentos de escolas, ou superlotações de turmas…. Todo esse conjunto de ações de cunho neoliberal e fascista, têm gerado, paulatinamente, uma forte fragilização da educação pública e a dura proletarização enfrentada pelos trabalhadores ligados ao setor da educação.

Elencados como uns dos grandes inimigos do governo Bolsonaro, o que ecoa em diversos governos estaduais e municipais do Brasil, os trabalhadores da educação do país possuem uma péssima perspectiva de futuro, se o quadro da correlação de forças atual não se modificar.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, os ataques iniciados nestes últimos anos pelo ex-governador José Ivo Sartori e aprofundados pelo atual governo de Eduardo Leite, resultaram, segundo dados oficiais, em perdas que somam entre 30 e 36% no poder de compra. Isto representa uma redução de quase a metade do salário dos trabalhadores em menos de seis anos.

Essa situação tem gerado uma grande desmotivação nos trabalhadores desse setor, que veem suas lutas economicistas serem impotentes, não conseguindo mobilizar empreitadas que imponham derrotas a esses governos neoliberais e fascistas. A desmotivação e a falta de perspectivas otimistas dentro do quadro atual gera desespero, o que tem como consequência o surgimento de trágicos suicídios de professores e funcionários, depressão e outros adoecimentos, além da vontade de sair das fileiras da educação.

A atual e aguda crise do capital, acentuada com o surgimento do COVID -19, traz mais certezas de que o futuro da educação e dos seus trabalhadores, assim como os demais proletários, será de grande aprofundamento de suas dificuldades se estes governos seguirem a frente de determinados municípios, estados e do Palácio do Planalto.

De fato, não é fácil, se não for impossível, manter a motivação ou ter esperança de melhora se estes anseios estiverem dissociados da luta política, ou se estiverem ligados (como estão hoje) basicamente à luta economicista por aumento de salário, de direitos, de verbas, etc., sem levar em conta a necessidade de derrotar o fascismo e o golpismo, em todas as esferas governamentais.

As lutas atuais como a de defesa da educação pública, de melhoras para a vida do proletariado, ou de enfrentamento contra a pandemia do corona vírus, todas elas estão diretamente ligadas à luta política pela derrota do fascismo em nosso país. Neste sentido, não haverá avanços em nenhuma pauta proletária sem derrotarmos Bolsonaro e o fascismo. O avanço da luta dos trabalhadores em educação, assim como do restante do proletariado, está diretamente ligado com à palavra de ordem “Fora Bolsonaro”. Dissociar-se da luta política, alegando o risco de ser taxado de partidário, como se ouve muitas vezes no meio do movimento social, é uma postura que já sabemos ser ineficiente. Mais grave do que isso, este tipo de atitude, contribui diretamente na derrota do proletariado e consequentemente propicia o avanço do fascismo.

O momento é de grave crise do capital. A burguesia, embora dividida, se unifica quando a pauta é empurrar os prejuízos da crise para cima do proletariado. Ela sabe que o caos se aproxima, discute nesse momento apenas, qual a melhor maneira de empurra os prejuízos desse caos para a classe operária.

Diante dessa situação, é indispensável para que vençamos o desânimo, a desmotivação, os fascistas, o imperialismo, que nossa luta se eleve. Essa elevação só é possível diante de uma politização que nos de clareza que o fracasso do economicismo é natural e não é sinônimo do nosso fracasso, pelo contrário, a superação da concepção economicista será determinante para a superação da confusão e das ilusões que permeiam todo o proletariado, não escapando disso os trabalhadores em educação.

Se não aprendermos nesse momento de grave crise capitalista sobre os limites desse já “caduco” sistema, se quisermos achar soluções dentre dos marcos institucionais do capital, não é preciso bola de cristal para saber que a “nossa cabeça” será servida no banquete burguês.

A única forma de vencermos a miserabilidade crescente dos trabalhadores em educação, como de todo o proletariado, passa, em um primeiro momento, pela urgente derrubada de Bolsonaro e seu governo fascista, nas ruas, pela ação do povo. Sem uma luta que rompa os marcos do economicismo, sem uma luta que se disponha a interferir no rumo da sociedade como um todo e não somente interferir na educação, será impossível superarmos essa conjuntura adversa.

A dialética nos dá perspectivas otimistas diante do duro quadro conjuntural à frente. O caos se aproxima, os planos da burguesia e do imperialismo são os piores para o proletariado, mas, por outro lado, a crise e o próprio caos trazem à tona, com toda nitidez do mundo, os limites do capitalismo e o quão superado ele está, criando assim, um terreno extremamente fértil para elevação da consciência do proletariado de todos os setores. Abre-se assim, ao que tudo indica, um momento revolucionário. Se este momento terá como consequência a revolução, isso dependerá das lideranças, das forças e organizações progressistas, as quais podem elevar o debate e a politização, chamar e mobilizar para a luta, ou trair o proletariado apontando para ilusões economicistas e conciliadoras. Nós do PRC, não temos dúvida: o momento é de conscientizar o proletariado para a necessidade de que ele assuma o papel principal na luta pela derrubada de Bolsonaro, dos fascistas, da burguesia, do capitalismo.

– Fora Bolsonaro!

– Abaixo o fascismo!

– Pela luta proletária politizada!

– Pelo socialismo!

– Ousar lutar, ousar vencer!

Everton Barboza

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