Algumas correntes de esquerda dizem que o Brasil não é para amador em relação à luta pela transformação política e social de nosso país, ou seja, para derrotar a burguesia. Já mencionamos que essa definição, além do caráter extremamente subjetivista, ajuda a aumentar a tendência ao imobilismo, se autoconcedendo, desde o início, uma autoridade “moral” para a dirigir ou abrir as portas para uma conciliação. A Social Democracia utiliza esses expedientes para se acomodar junto ao movimento da burguesia imperialista e aplacar a insígnia do evolucionismo.
Esse profissionalismo provavelmente condenaria Lênin, tal como fizeram os Mencheviques, socialistas revolucionários, etc., ao transformar a queda do Czar, pela revolução burguesa da época (em fevereiro de 1917), em uma revolução proletária em outubro do mesmo ano. O que diriam então estes profissionais em relação a Fidel Castro, que com um bote lança-se com alguns revolucionários no rumo a Cuba, e toma o poder junto com o povo das mãos da burguesia local e imperialista para daí dar sequência à construção de uma pátria soberana e socialista. Nessa, tal como aquela exemplificada acima, devem ter tido inúmeras condenações, chamando a empreitada de foquismo, aventureirismo, esquerdismo, etc., e por aí vai.
Não estamos querendo aqui reforçar as tendências acima apontadas (foquismo…), pois somos Marxistas/Leninistas e primamos pela teoria revolucionária e entendemos que sem ela nem se quer existiria movimento revolucionário. Porém, muito da teoria já existe, o Marxismo, bem como junto com o Leninismo, nos dão as pedras angulares e adjacentes para fazer frente à burguesia imperialista. É verdadeiro que devemos primar para não cometer grandes erros, mas a história tem demostrado aqui em nosso país que os grandes erros são todos produtos de falta de protagonismo da esquerda, de subestimar o papel da luta de classes, de superestimar a institucionalidade burguesa, de conciliação, de não compreender ou dar as costas à própria teoria Marxista/Leninista. A história de nossa luta tem demonstrado que são esses elementos que levaram a erros grotescos.
Nos dois golpes sofridos pelo povo brasileiro nos últimos 50 anos, seus desfechos tem sido altamente positivo para a burguesia brasileira e o imperialismo, pelo fato de que a luta pela esquerda, aparece para a própria esquerda, como uma tirania, uma falta de princípio, falta de ética com aqueles que nos deixam de vez em quando participar de seu banquete “democrático”. Muito da esquerda não entendeu que a democracia burguesa é importante desde que temos em vista subverte-la, caso contrário é engodo, é uma subserviência aqueles que roubam do povo.
Cada vez fica mais claro que o profissionalismo que querem nos passar é o culto ao espontaneísmo, que se revolta quando toma um golpe e faz festa de conciliação quando esses pilares (do golpe) já sentem a ferrugem lhe corroer. Nesses momentos que a burguesia perde a centralidade, que o povo já não confia mais em sua posição de direção do Estado, quando as suas lideranças políticas estão amplamente desmoralizadas, não se dá um aval mínimo que seja à teoria Marxista/Leninista, vira-se totalmente as costas a ela. Esse profissionalismo é próprio da teoria burguesa. Nada além disso.
E assim, quando existe a possibilidade em dobrar a coluna do golpe, parte da esquerda trabalha para mantê-lo intocável. Seis anos de ataque ao povo são camuflados e permutados por uma anistia ampla, sem mágoas. Fala-se inclusive de pacificar o Brasil. É lógico que não devemos ter mágoas, afinal de contas, alguns “profissionais” da política pensaram que não teria golpe ou que poderiam impedir seus efeitos com votos dentro do parlamento. Quem comete esse erro, tem que fazer autocrítica na prática. E quando existe essa oportunidade de realizar um contra golpe, pronto, o pessoal do “deixa disso” entra em campo. Por mais que possamos e devemos ter uma política que neutralize certos setores, temos que fazê-la, contudo, sem sabotar ou renunciar a luta pela transformação Social.
A filosofia pragmática é a irmã gêmea do oportunismo. Concebe objetivamente os fatos, concorda com eles, mas nunca na perspectiva de os transformar e sim de os manter. É assim que tanto a Social Democracia como o Imperialismo se entrelaçam, veem problemas concretos, falam da fome, da falta de emprego, da miséria, porém, não concordam em sua transformação. E aí todos se abraçam em uma política que visa dar uma amenizada, e daí começam a falar na dita “inclusão”.
E para não dizerem que estamos falando sem base concreta, basta ver o que esses “profissionais” e os bem entendidos da política fazem neste momento: o Fora Bolsonaro parece carta fora do baralho; a discussão de um projeto Soberano pela esquerda é posto na geladeira; golpistas sendo reconduzidos para conciliar-se com a esquerda (Alkmin e muitos da cúpula do PSDB); as eleições e as pesquisas são aquelas que estão comandando e deixando novamente a esquerda no sofá.
Por isso não nos aquietemos com esse dito profissionalismo da esquerda, e continuaremos como revolucionários a nos manifestar contra a eterna conciliação, que visa jogar a unidade da esquerda e popular na cauda da burguesia brasileira e do imperialismo. E em nossa opinião, não dá para ser esquerda sem pensar diuturnamente em “tomar o céus de assalto”.
Fora Bolsonaro, Mourão e suas corjas.
Povo na rua em defesa de um projeto Soberano para o Brasil.
Unidade das esquerdas.
Lula presidente.
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