Após a vitoriosa Greve Geral da última Sexta-Feira (28/04), a tendência é o acirramento da campanha de criminalização dos movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos de esquerda, bem como a intensificação da campanha midiática para fazer crer que as medidas contrárias à classe trabalhadora, principalmente a reforma da previdência, são positivas e a única maneira de livrar o Brasil da crise causada pelo “nefasto legado petista e suas políticas sociais”. Sob o mantra do combate à corrupção e inflado pelo antipetismo, forjado à base de uma campanha de perseguição com proporções nunca antes vista na história desse país, apesar de claramente lesiva aos trabalhadores e às trabalhadoras, e a despeito da impopularidade recorde do golpista Temer, tal perspectiva, ainda que não hegemônica, é compartilhada por parcela importante da população. Forjada, também, sob tais bases e tendo como objetivo impedir uma vitória do campo progressista com Lula em 2018, avançam — a partir do exemplo da Lava Jato — as ações policialescas de modelo inquisidor, encabeçadas pelo Judiciário e pela Polícia Federal, implodindo todo o sistema republicano e a classe política nacional, abrindo espaço para o fortalecimento de pensamentos e ações de cunho fascista, sustentadas pela criminalização e o ódio à política, sentimentos construídos diuturnamente entre a população por meio da exposição, seletiva e sensacionalista, de tais acontecimentos pela mesma mídia golpista citada acima. Diante de tal quadro, quais são então as principais tarefas dos comunistas?
Inicialmente, é necessário dizer que a Greve Geral não pode ser considerada como um ato que se encerra nele próprio. Ao contrário, ela deve ser vista como um movimento propulsor para a continuidade da luta, tendo em vista o acúmulo de forças para barrar não só os ataques aos nossos direitos e destituir o governo golpista e retornar o Estado Democrático, ainda que o Burguês, mas, também, para destruir, ainda em seu ninho, o ovo da serpente fascista, que a cada dia cresce mais e, principalmente, para lançarmos as bases teóricas e práticas que possibilitem o avanço para o socialismo. Portanto, não há tempo para descansar, comemorar vitórias ou lamentar derrotas. Nesse sentido, a construção de um 1o de Maio de Lutas e que mostre, mais uma vez, a força do proletariado brasileiro e que a única saída para a crise em que vivemos é romper com o capitalismo e avançar na construção do socialismo, se coloca como o próximo passo nesse sentido. Muitos outros ainda serão necessários.
Um desses outros passos é refletirmos profundamente sobre o valor simbólico de cada ação. Desde 2015, a esquerda e as forças progressistas — a despeito dos grandes atos políticos organizados, principalmente contra os ataques perpetrados pelos golpistas contra a democracia — temos sido derrotados em todas as principais reivindicações. A superestrutura do golpe, ao mobilizar os três poderes da República na direção de seus interesses e com o apoio aberto dos meios de comunicação oficiais, tem aprovado tudo o que é de seu interesse e contrário aos interesses dos mais pobres até o presente momento. Desta forma, toda e qualquer ação deve caminhar no mesmo sentido que a Greve Geral se propôs, ou seja, atacar as bases econômicas da estrutura de dominação. A principal força do proletariado, sabemos, está em seu poder de parar a produção. Vivemos em uma conjuntura de golpe e cerceamento dos direitos, logo, é preciso responder com a mesma intensidade, com a mesma força, usando as armas que dispomos, entre elas, nossa posição central e indispensável na engrenagem do sistema capitalista, mas, também, todas as outras que forem necessárias.
No entanto, para que isso seja possível, é fundamental avançarmos quantitativamente e qualitativamente em nossa unidade e capacidade de organização. Até o momento, os comunistas, por nos faltar, ainda, a condição subjetiva para a vitória do proletariado, temos marchado, muitas vezes de forma voluntarista, quase que a reboque das pautas impostas pelas derrotas sofridas perante nossos inimigos de classe e pelas bandeiras, meramente reformistas, levantadas como forma de reação a essas derrotas pelos setores mais vacilantes dos movimentos sociais. Em sentido figurado, podemos dizer que temos agido como um boxeador encurralado nas cordas por seu oponente. Nossos golpes, sem direção e força, nenhum problema causam a ele, que espera apenas o momento oportuno para nos colocar ao chão. Para esse boxeador, assim como para os setores reformistas, mesmo diante de tal massacre, a única estratégia pensada como reação resume-se a permanecer de pé e torcer para que o inimigo tenha dó e bata menos e mais devagar. Os comunistas, não podemos seguir nessa mesma direção e posição. Devemos ocupar o lugar que nos cabe historicamente, ou seja, o papel de vanguarda de todo e qualquer movimento, pois nossa tarefa não é reformar o capitalismo e sim, destruí-lo, definitivamente, por via revolucionária.
O Partido Comunista defende que essa unidade, fundamental para a nossa vitória, seja construída a partir da manutenção de nossos princípios, mas sem sectarismos ou estreiteza, pois, se a realidade é dialética, tais princípios não podem ser vistos como dogmas. Quer dizer: para a nossa vitória, é preciso a aproximação dos setores comunistas e a construção coletiva de uma plataforma única de lutas e ações, que objetive nosso fortalecimento enquanto força política realmente capaz de intervir na realidade de nosso país, fora da órbita de atuação burguesa e dos limites por ela impostos. É preciso, portanto, a formulação de uma tática e de uma estratégia capazes de colocarem-se como alternativa, tanto ao neoliberalismo — fortalecido e disseminado pelos interesses imperialistas — quanto ao fascismo — o “plano B” desse mesmo imperialismo para barrar qualquer tentativa de emancipação ou governo popular. É preciso, também, e de forma urgente, disputar o setor que se coloca indiferente ou vacilante diante da atual conjuntura — em sua maior parte os mais pobres — que se encontram em tal posição devido ao seu descontentamento com a politicagem burguesa e pela falta das condições subjetivas para direcionar a sua revolta. O povo, em sua esmagadora maioria, que sai de casa para trabalhar com o dia ainda escuro e retorna ao lar quando já é noite, e que desfrutou ao longo de sua vida de parco acesso a educação, mesmo a mais básica, é bombardeado sistematicamente pela mídia golpista que molda sua opinião ao seu bel-prazer. É fundamental, mesmo em uma guerra disputada com armas totalmente díspares, lutar pelo imaginário e pela adesão à nossa causa por parte dessa parcela da população. Sem ela não poderemos seguir em frente e, tampouco, derrotar nosso inimigo de classe.
Para que essas tarefas sejam vitoriosas, é indispensável que cada um que compreenda minimamente a importância do momento histórico em que vivemos e tenha a consciência de que somente com a destruição do capitalismo e a construção do socialismo poderemos resolver os problemas mais urgentes colocados ante a conjuntura atual, principalmente para o Brasil, mas também a nível mundial, ou seja, para toda a humanidade, tome partido. Ter a ciência de tal situação e permanecer inerte e isolado de seus companheiros de classe e de luta é uma traição e um crime. É preciso se organizar, trocar experiências e conhecimentos, contribuir, minimamente que seja, na construção das condições subjetivas para a nossa vitória, na concepção e realização das tarefas mais imediatas e daquelas que futuramente surgirão. É preciso, acima de tudo, conversar e convencer a todos e cada um, começando por si próprio, que não há outro caminho que não a luta. Sozinhos nada somos, mas juntos, podemos ser uma força quase invencível!
Abaixo o capitalismo e toda a forma de opressão e exploração!
Por um 1o de Maio de denúncia e resistência às reformas, à violência policial e ao governo golpista!
Avançar na organização da classe trabalhadora!
Por uma plataforma de lutas unificada e socialista!
Ocupar as ruas e barrar o golpe!
Viva o proletariado brasileiro, viva o Partido Comunista!
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