Durante a greve dos caminhoneiros, essa foi a palavra mais utilizada pelo governo em vista da negociação com os grevistas. Palavra bonita que remete ao controle, o domínio da situação, ao cálculo, enfim a previsibilidade. Isso no entanto não passa de lorota. Primeiro que no capitalismo, o que existe é a anarquia da produção, caso isso não fosse verdadeiro, de onde nasceria as crises? Todo o controle foge a essa condição, quando a produção é privada, e ainda mais quando a produção é feita sob a base da mercadoria. E não deu um mês da negociação, parece que a situação nem de longe foi contornada, e a que foi contornada, foi graças aos subsídios que foram tirados da saúde, educação, habitação, esportes etc., enfim da assistência social. E se não bastasse, a crise do petróleo só tende a crescer, visto que o mesmo está nas mãos de grandes conglomerados internacionais, que não rezam cartilhas de caminhoneiros ou de governos entreguistas, mas a dos monopólios, do imperialismo. Haja visto, que entre os grandes, a crise capitalista já se transformou abertamente em guerra comercial.
Se é assim na economia, como haverá de ser na política? Como essa é reflexo daquela, poderíamos dizer que, a instabilidade política deveria ser o quadro esperado. No entanto, essa relação da economia para a política não é direta, pois a política depende de ação por parte das classes, e mais especificamente pelas massas. Se a mesmas manterem-se apáticas frente ao processo, ou se as forças ( de esquerdas) capazes dessa mobilização optarem por caminhos que não unificam o povo, teremos um quadro, onde mesmo com as condições econômicas extremamente adversas ao trabalhador, com pouca alteração política na estrutura golpista. E isso acontece por duas razões: Primeiro a subestimação do golpe ( que como já vimos em todo o seu processo, essa foi sempre a tendência), e segundo da ilusão nos aspectos eleitorais, isto é , dos aspectos institucionais do golpe.
Essa condição de subestimação e ilusão nas eleições, levam a divisão do movimento de esquerda, e na pouca mobilização na construção de um movimento amplo que abranja democratas e progressistas na luta anti imperialista e contra a direita e extrema direita. Focados apenas na crise econômica, não veem que é decisivo a ação das massas, e essas não agem apenas por não ter gás de cozinha ou por estarem desempregadas ou passando fome. E quando se movimentam, são facilmente conduzidas pelo setor mais forte economicamente; quem os domina é a burguesia que tem a força econômica. Em menos de 5 anos aqui no país, tivemos dois movimentos massivos, ambos dirigidos pela direita e extrema direita.
Da forma que a esquerda vem agindo diante do golpe, a economia mesmo em frangalhos, vai se constituindo em uma previsibilidade política para os golpistas. Se a burguesia não consegue controlar a economia, visto que o Capital em crise falha, controla politicamente, porém, muito menos por sua avidez política, mas principalmente pelo aburguesamento das organizações de esquerdas, que estão muito mais dedicadas ao canto da sereia burguês (participação no processo eleitoral e institucional), do que em por fim aos seus mandos. Em outras palavras, estão poucos comprometidos com a unidade popular e com a luta de classes.
A não compreensão deste quadro em andamento, levará um duro golpe aos Lulas, Manuelas, Boulos, Ciros, etc., que não conseguem um entendimento mínimo para enfrentar o golpe já no primeiro turno. Não é a eleição que está em jogo, é a unidade do povo no campo de esquerda e popular, contra o golpe.
A previsibilidade econômica como diz Marx, em relação as crises do Capital, é tão certa que essa ciência deve ser considerada como natural. No entanto, se estivéssemos com os nossos espíritos voltados ao campo proletário, tornaríamos menos previsível o controle político que a burguesia tem, fazendo uma grande unidade popular contra a direita e extrema direita. Isso sim faria a grande diferença na atual luta de classes no Brasil e porque não em toda a América do Sul. Por isso não cansamos de destacar e lutar;
Pela unidade das esquerdas na construção de uma frente ampla contra o golpe, a direita e o fascismo.
Lula Livre.
Fora Temer.
João Bourscheid.
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