EDITORIAL – NEM TUDO É BRASIL NA COPA

Passaram-se mais de quatro meses da intervenção militar no Rio de Janeiro e a violência aumenta, assusta e apavora. O Estado tornou-se um dos vetores explícitos de propagação e utilizador de mecanismos extremamente violentos. Ao relatarmos para os desavisados que um helicóptero estava atirando na população civil, logo pensariam que tratava-se dos Yanks na Somália ou no Iraque. Mas não, trata-se do helicóptero da polícia, sob o comando do exército brasileiro que alvejou e matou um menino a caminho da escola. A perícia diz que o disparo foi na horizontal, mas quem acredita? Havia um helicóptero blindado, uma espécie de “Caveirão voador”, atirando do alto, de fuzil ou metralhadora, sobre casas, escolas, comércios, adultos, crianças, idosos, isso não há como negar.

Há mais de cem dias, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco(PSOL) e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, foram assassinados em um crime que gerou manifestações em todo o Brasil e que ganhou repercussão internacional. Mesmo com toda a repercussão, somente 15 dias após os assassinatos, o secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, admitiu que a morte da vereadora poderia estar ligada à sua atuação política.

Continuando, ainda analisando os fatos da semana, Lietides Pereira Vieira, irmão do caseiro do sítio atribuído ao ex-presidente Lula, contou, em depoimento à Justiça Federal nessa quarta-feira (20), que agentes da Polícia Federal e membros do Ministério Público Federal levaram a sua esposa e o filho de 8 anos ao sítio para depor sem autorização judicial ou mandado. O caso teria acontecido no dia 4 de setembro de 2016. Segundo o depoimento, os agentes chegaram à casa de Vieira às 6h da manhã e sua esposa, Rosilene, ficou com eles durante aproximadamente uma hora. Ação estilo aos organismos da ditadura militar, DOI – CODI, DOPS, OBAN et caverna.

Outro fato relevante foi o encontro do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na noite desta quinta-feira, 21, com o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. O que estavam tramando? Há quem jure que estavam fritando a candidatura de Alckmin, estagnado nas pesquisas de intenção de voto. Geraldo não consegue empolgar nem os tucanos.

Mas há quem afirme que o conchavo era para acertar com o Edson Fachin a manutenção de Lula na prisão. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin rejeitou o pedido protocolado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aguardar em liberdade o julgamento de mais um recurso contra a condenação na Operação Lava Jato. Com a decisão, o caso não foi julgado na terça-feira (26) pela Segunda Turma do STF e Lula continuará preso. Dois meses depois da defesa de Lula haver impetrado recursos (especial e extraordinário) ao Superior Tribunal de Justiça, que ficou engavetado por 42 dias à espera de que a vice-presidência do TRF-4 se dignasse a intimar ao Ministério Público do pedido de recurso, a tartaruga acelerou e, às vésperas do julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal, negou ao ex-presidente o direito de recorrer à Corte, tudo o que o ministro Edson Fachin queria para poder tirar o caso de pauta.

A decisão de Fachin, de impedir a tramitação do recurso que poderia propiciar a soltura de Lula, é mais um golpe perpetrado. Assim como já citado, os atos arbitrários em busca de provas contra o Lula. Isso mostra, mais uma vez, que estamos em estado de exceção o qual, utilizaram de aparatos do estados para tentar fabricar provas contra um ex-presidente. Mesmo estado de exceção que executou a vereadora Marielle que criticava veementemente a intervenção militar no RJ. E o que o mesmo estado pode fazer com cidadão comum? O Rio de Janeiro sob intervenção militar utilizou o helicóptero da polícia para executar o povo e isso é apenas uma das consequências de todo esse caos instaurado para manter no poder o projeto de redução de direitos dos trabalhadores, de entrega dos bens brasileiros ao capital internacional, de manutenção do poder político nas mãos dos golpistas.

A vinda do vice-presidente dos EUA é também algo relevante, a mídia golpista relata a vinda dele, dizendo desavergonhadamente que seria para explicar as dificuldades com a imigração. Desde quando os imperialistas prestam contas de suas ações ou suas dificuldades internas? É obvio que sua vinda foi para tratar da entrega por parte do governo brasileiro da base de Alcantara, da tentativa de intervir militarmente na Venezuela.

Falta pouco tempo para as eleições e a própria direita golpista tem que alinhar suas diferenças para legitimar o golpe nas urnas e para isso é imprescindível que o Lula não seja candidato e que a turma do Temer (Maia, Aécio e companhia) chegue a um consenso sobre o candidato.

Como disse Aécio: “tem que ser um que a gente mata” e é com esse ímpeto, o de matar, que a direita golpista age, primeiro mataram a democracia tirando a Dilma, depois mataram a CLT com a reforma trabalhista, mataram o patrimônio e a soberania nacional com a venda da Eletrobrás e do Pré-Sal.

Sob essa conjuntura de golpe não é apenas as eleições de 2018 que estão em jogo elas são apenas mais uma batalha dentro do golpe. O que está em jogo é a capacidade de organização do povo de resistir ao golpe. Por isso apontamos sempre a necessidade da unidade de todos os lutadores do campo popular (movimento campesino, partidos políticos, sindicatos e etc…) para que possamos, juntos, construirmos uma alternativa para derrotar o golpe.

– PELA UNIDADE DAS ESQUERDAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA FRENTE AMPLA CONTRA O GOLPE, A DIREITA FASCISTA E O IMPERIALISMO.

– FORA TEMER

– LULA LIVRE

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*



The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.