ENTRE O FASCISMO E O PODER POPULAR!

Trinta anos depois, o regime político republicano burguês que surge com o fim da ditadura militar brasileira – se é que ainda existe – vive sua maior crise de representatividade. Evidentemente, essa crise não vem de hoje. Ainda no processo de formação da chamada “Nova República”, a incompatibilidade de tal modelo com os principais anseios das parcelas da população brasileira cujos efeitos da exploração capitalista agem de forma mais intensa, já se manifestavam. Afinal, em “terra brasilis”, sempre foram “os de baixo” que pagaram a conta.

Sucessivos fracassos econômicos, escândalos de corrupção e subserviência aos interesses do capital-mercado em detrimento dos interesses da maioria da sociedade, têm sido as características fundamentais de nossa mais recente “aventura” republicana. E, de fato, não poderia ser de outro modo, uma vez que essas são, em essência, as características mais marcantes dos regimes políticos burgueses em países periféricos do capitalismo.

Por outro lado, as tentativas, ainda que mínimas, de modificar “as regras do jogo”, foram respondidas com ações golpistas promovidas pelo centro do sistema e seus agentes internos e externos que, obviamente, nos preferem ter na mesma e histórica posição de subserviência. Assim, como outra face da moeda, é possível verificar a total impossibilidade de que, por dentro do próprio sistema, se promovam alterações estruturais em nossa ordenação social, pois até mesmo o mais sutil reformismo causa pânico e horror às “elites”.

Nesse sentido, chega-se a um impasse crucial, uma vez que, desde a “democratização”, houve total aposta das principais organizações políticas que então surgiram – tanto à direita quanto à esquerda – nesse modelo político, sendo que as últimas eleições gerais consagraram, pelo menos ao nível do discurso, justamente uma ampla recusa e negação a ele. O resultado observado foi que, PT, PSDB e MDB, as três mais importantes siglas partidárias nacionais, viram reduzirem-se suas bancadas. Por outro lado, o fenômeno do Bolsonarismo varreu de norte a sul o país, transformando o insignificante PSL em uma potência.

Obviamente, desde o resultado do pleito, como uma série de acontecimentos vêm demonstrando, e a eleição para a presidência da Câmara dos deputados comprova, nem aquela que se reivindica como “nova”, tampouco aquela dita “velha” direita, possuem qualquer escrúpulo em aliarem-se para a promoção de seus pacotes de ataques aos direitos sociais e trabalhistas e de entrega do patrimônio nacional, cujas expressões maiores, atualmente, manifestam-se no projeto de “reforma” da Previdência e no plano de privatizações. De roldão, ainda arrastam considerável parcela da suposta “esquerda”, demasiadamente apegada às benesses do sistema para pôr em risco seu próprio pescoço, afinal, iludidos e envolvidos nas amarras da política parlamentar e às esferas do Executivo, não podem e não querem, de forma alguma, colocar em xeque a primazia da institucionalidade, pois, a cada dois anos, novas eleições estão aí para manter o ciclo.

Diante desse quadro, a trágica realidade é que – com raríssimas exceções – acaso necessitemos dos partidos e representantes políticos que insistem nesse caminho, sofreremos profundas derrotas, e o fascismo, que chegou ao coração do Estado burguês graças e assas mesmas deficiências já apontadas, encontrará caminho livre para avançar, varrendo do mapa quaisquer resquícios de oposição e resistência.

O fascismo é a expressão política da sociedade burguesa em degeneração, e é exatamente nessa fase que nos encontramos, quando, dentro da mais longa e intensa onda de crise econômica capitalista, assistimos ao desmantelamento das organizações comunistas e das vias revolucionárias de luta que, junto à ciência marxista, têm sofrido os mais intensos ataques, revisionismos e reformismos.

Hoje, dois de fevereiro, completam-se 76 anos da vitória soviética, em Stalingrado, contra as hordas hitleristas que invadiram e tentaram destruir aquele país. Na ocasião, os governos liberais do ocidente, durante anos, não moveram sequer um dedo em auxílio do povo soviético, que necessitou, sozinho e por seus próprios esforços, derrotar a besta-fera nazista e libertar o mundo da ameaça fascista.

Nesse sentido, a história nos ensina que não devemos ter nenhuma ilusão quanto a possibilidade do liberalismo político e econômico se colocar em confronto ao fascismo emergente. De fato, ele o tem como aliado para, onde não conseguir por outros meios, dificultar e impedir a vitória do proletariado e do socialismo.

Diante da grave crise de representatividade do regime político republicano burguês em nosso país, mas tendo em mente que, sem luta e organização proletária, ele não ruirá por si próprio, apresentam-se dois caminhos possíveis e antagônicos: o primeiro – com a capitulação das forças de esquerda e do proletariado – resultará no avanço irrestrito do fascismo; o segundo – com o rompimento das ilusões em relação a luta institucional como único caminho, bem como pela organização e unidade das forças de esquerda junto a uma ampla mobilização proletária – resultará, em termos táticos, na construção de uma Frente Ampla como embrião do futuro poder popular e, em termos estratégicos, na superação do próprio sistema capitalista e na construção do socialismo.

– Não à capitulação institucional e às ilusões liberais!

– Não ao revisionismo e ao reformismo!

– Frente Ampla já, para derrotar o fascismo!

– Viva os 76 anos da vitória soviética em Stalingrado!

– Viva o Poder Popular e o Socialismo!

Por Fábio Rodrigues

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