A produção de armas no Socialismo como uso de defesa aos ataques das nações capitalistas, é uma necessidade, já dizia F. Engels, caso essa nação queira manter-se por algum tempo. É um gasto improdutivo, de um objeto que consome grande parte das forças de produção; de tempo de trabalho empregado em algo de valor de uso que não depende de sua vontade o seu consumo. Para o socialismo, as armas não são um valor de troca. Diferente das armas no capitalismo, as quais são mercadorias e como tais, sua finalidade são para o uso e para o lucro, bem como uma necessidade intrínseca do próprio sistema, seja para repressão das classes antagônicas ou para a destruição das forças produtivas ante as crises.
Falam o que quiserem da Coreia do Norte, mas ela só garantiu a sua sobrevivência no mundo atual frente as ameaças do imperialismo, pelo poder de suas armas. Fez o maior império pensar duas vezes ante um ataque, e ao final de contas, veio negociar. É lógico que não deve-se confiar em um inimigo como EUA, que nos últimos 100 anos, passam o tempo todo intervindo e subvertendo as várias nações do mundo, e esse passo atrás, de forma alguma mudaram as suas intenções.
E se não fosse a força das armas, a União Soviética não teria sobrevivido aos ataques fascistas da Segunda Guerra Mundial quanto nação soberana, quiçá socialista; e ainda ter contribuído decisivamente para o fim do Nazi-Fascismo. Portanto, as armas utilizadas por estes povos, contribuem para o avanço da humanidade, contra o retrocesso das armas empregadas pela burguesia, cujo a sua utilização está centrada na exploração e na eterna escravidão dos povos.
Povo e armas, são decisivos na luta de classes. E é por isso, que no mundo burguês, as armas estão de um lado, nas mãos de uma força especial (exército, marinha e aeronáutica) e o povo do outro, desarmado. O seu encontro se dá, sob necessidades revolucionárias ou reacionárias, dado o contexto de crise, pois por mais ocultas que possam parecer uma guerra, elas sempre são produtos da luta de classes.
Uma burguesia salva a si mesmo e a outra (burguesia) da crise, humilhando com algumas centenas de milhares de mortos e feridos os seus povos, destruindo as forças produtivas e enganando-os em relação aos seus inimigos de classes. Nesses momentos, as armas chegam ao proletariado. Se o caminho for salvar a burguesia, este povo estará condenado a uma luta de classes chauvinista, reacionária, antiproletária, escravista. Se o caminho for o inverso, as armas servirão para aniquilar a classe no poder e propor a paz entre as nações, tal como fez a Rússia ao sair da 1ª Guerra Mundial, propondo a paz e levantando a bandeira da revolução Socialista.
As armas são as mesmas, mas seu emprego é antagônico, pois respondem a uma sociedade dividida em classes também antagônicas. As armas na Venezuela cumprem perspectivas progressistas, revolucionárias. As armas Ianques, cumprem a defesa reacionária, de dominação, de retrocesso, de submissão aos povos. O Brasil, com uma burguesia submissa, entreguista e refém aos Ianques, e um governo de extrema direita, serviçal do retrocesso e aniquilamento de tudo que é progressista, já deu apoio incondicional ao lado da escravidão.
Portanto as armas aqui no Brasil, sob o domínio das forças atuais que ocupam politicamente a Administração do Estado burguês, estão apontadas abertamente para a cabeça do povo brasileiro e aos demais povos que lutam pela sua autodeterminação e, por tanto, vivemos um momento de extrema insegurança. Esse é o conteúdo da extrema direita.
As propagadas medidas de segurança propostas pelo governo Bolsonaro, que tem por base a venda de armas, possuem o mesmo fundamento que a versão feita pela pequena burguesia na lei do desarmamento. Tanto uma medida como a outra, tem o mesmo conteúdo ideológico, pois propõe ao povo confiar a segurança na eternização do Estado Capitalista. Ambos armados contra o proletariado, isto é, uns dizendo que as armas são ruins e que o povo deve-se afastar delas, e os outros, que as armas só são boas para matar aqueles que são vítimas diretas da miséria do Capital e daqueles que o querem transformar. Ambos concorrem para que a escravidão do capital perpetue, tal qual a paz no cemitério.
Mas a política de segurança, em uma sociedade com base na exploração de classes, tem como objetivo principal a defesa da riqueza e de sua manutenção eterna. A segurança do explorado em nenhum momento foi pensada com alguma seriedade, a não ser no fato de eternizar o trabalho escravo e a sua substituição física. Do mesmo modo, se o proletariado quiser pensar a segurança com devida responsabilidade, em hipótese alguma, seu pensamento deve se referir ao sistema capitalista. Pensar desta maneira, é pensar como um Social Democrata.
E na medida que o Estado torna-se o grande defensor dos monopólios, defensor das grandes corporações, o resultado que vemos é catastrófico. Nem um povo no mundo está verdadeiramente a salvo de intervenção. Porém, estão (os povos) em maior segurança, onde a consciência, a unidade e as armas estejam apontadas para os intervencionistas, fascistas e imperialistas tanto internos quanto externos.
O exemplo dessa defesa dos monopólios e da insegurança do proletariado, pode ser visto em relação a Vale do Rio Doce, que em menos de dois anos, duas ações catastróficas contra o povo e o meio ambiente, e ela (a Vale), segue firme e forte protegida pelo Estado. O exemplo no mundo, são as migrações, que já superam de longe aquelas que levaram a 2ª guerra mundial, ou seja, não tem mais espaço pra grande parte do povo morar, viver, trabalhar.
Os gastos com a guerra e intervenções imperialistas, são investimentos estatais na segurança dos monopólios e a desgraça do proletariado. Até os ditos “socialistas imperialistas” da França, a exemplo de Hollande, que invadiu Mali na África, com o intuito de acabar com o terrorismo, agia, segundo a orientação de seus patrões, isto é, dos monopólios franceses. O que pretendiam era a apropriação do Petróleo e do urânio daquele país. Assim aconteceu há pouco na Líbia. Segue-se a mesma trajetória em relação a Venezuela.
Ora, se as armas do imperialismo são tratadas a todo instantes por eles, como a maior essência, no mínimo o proletariado não pode ficar alheio a essas questões. Se eles (imperialistas) consideram elas (as armas) da maior importância, qual o sentido de o proletariado se distanciar delas. Se a história da luta de classes foi sempre protagonizadas por enfrentamentos que pareciam o fim dos tempos, e as classes avançadas superaram o período histórico abrindo um novo, de avanços, foi por conta de que, não titubearam em colocar a seu serviço, as ferramentas mais avançadas para realizar o parto.
Muitos da esquerda, agem como se não houvesse ética no uso das armas ou para quem as usa. É um pensamento equivocado, a serviço da dominação, desprovido de qualquer fundamento de classes. Dão espaços a extrema direita, que se propõe a curar as chagas do capital, com as armas, e de certa forma, ganham espaços em muito do proletariado.
O que tudo indica que o povo terá que tomar nos próximos anos, diante das desgraças eminentes e inclusive com as que virão com este governo fascista e entreguista, que defende o imperialismo e a escravidão, um caminho na luta. A história abriu uma nova página. Como vamos aconselhar (educar) o proletariado. Pela ética do Allende e do Mujica – depor em armas? Pela ética eterna do voto? Pela ética da Paz do cemitério como querem os imperialistas? Ou pela ética das armas.
– Abaixo o Imperialismo.
– Abaixo governo Bolsonaro e sua extrema direita.
– Frente ampla contra o Fascismo e o neoliberalismo.
– Fora EUA da Venezuela.
– Lula livre.
João Bourscheid.
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