GOVERNANTE PROTOFASCISTA É OBRIGADO A DEMITIR SECRETÁRIO QUE TIETAVA GOEBBELS

Criticado e pressionado nos vários flancos – agora não mais por “hienas”, como no bizarro vídeo, mas por importantes instituições da sociedade civil e da sociedade política, incluindo partidos conservadores, mídias burguesas e organizações populares –, Bolsonaro demitiu Roberto Alvim. Relutante, consternado e pesaroso, foi obrigado a fazê-lo, mas resistiu até o fim. O ministro selecionado a dedo para enquadrar completamente a cultura brasileira, terminara de indicar os chamados “prêmios nacionais de fomento às artes”.

Com discurso solene, impositivo e altissonante, expôs – ao som da wagneriana Lohengrin e plagiando Goebbels – sua concepção acerca das “formas estéticas”. Seu fulcro articulador foi o tratamento irracionalista e reacionário de “mitos” para impor um estilo artístico programático-instrumental, confessional, fundamentalista, oficialesco e único. Havia um aval, pois o clone do ministro nazista falou em nome do “Governo” e se referiu a um “pedido” que o chefe lhe fizera sobre as finalidades precípuas da “nova cultura”.

Bolsonaro abandonou a “pérola” intelectual que libertaria o Brasil dos valores democráticos e progressistas, mas por que a nomeou? A resposta veio por escrito. Em comunicado no Twitter minimizou a posição do exonerado, que teria feito apenas um “pronunciamento infeliz”. A seguir, repetiu a noção de “ideologias totalitárias”, abusivamente universal-abstrata, que o revisionismo histórico – negacionismo – criou e a extrema direitista incorporou qual mantra: “o nazismo e o comunismo” seriam equivalentes.

Só não explicou a própria incongruência. No mesmo comunicado e com base em um comparativismo estapafúrdio, falou em “total e irrestrito apoio à comunidade judaica”; porém, omitiu a história real e bem conhecida: logo depois que o antissemitismo e a “solução final” hitlerista foram derrotados, a independência de Israel – contra o mandato imperialista britânico na Palestina – recebeu voto favorável da União das Repúblicas Socialistas soviéticas, o primeiro país a reconhecer o novo Estado, em maio de 1948.

O contencioso recente contém preciosos ensinamentos. Prova que a unidade ampla consegue deter iniciativas reacionárias. Expõe a contradição entre os planos do Planalto e o regime político democrático-constitucional. Sugere que a fração monopolista-financeira do capital, sócia de grupos internacionais, é desinteressada em trocar o liberalismo econômico dependente por algum tipo de imperialismo autônomo. Por fim, torna urgente o combate ao programa do ex-secretário, ovo que repousa no serpentário.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*



The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.