DERROTAR O AUTOGOLPISMO E BARRAR O GOVERNO BOLSONARO

Em abril, amalgamaram-se três crises, já por si devastadoras: o ciclo adverso do capitalismo, inaugurado em 2014, que se recuperava de modo lento e com recaídas; o novo coronavírus, que impôs a quarentena social e aprofundou a recessão; a carga da horda protofascista contra o Congresso Nacional, o STF e todos que destoam de seus propósitos, mesmo levemente, inclusive alguns ministros, a exemplo de Mandetta e Moro.

Por conseguinte, configurou-se uma nova conjuntura política. Desde 1988, o País jamais tinha sido alvejado pelas forças reacionárias e obscurantistas com tal virulência. Em face das graves agruras que afligem os brasileiros, a conduta governamental – exacerbada pela conversão do mais elevado cargo de Brasília em chefia das milícias paramilitares que organiza e acoberta – se transformou em um sério problema nacional.

Se há crise econômica, joga o seu peso nos ombros do povo. Em face da Covid-19, obstrui a campanha sanitária. Perante a crise institucional, “purifica” sua equipe, procura submeter a Polícia Federal e tenta impor às Forças Armadas o seu projeto pessoalizado, buscando suprimir o regime democrático e provocar uma guerra civil. O Governo Central, ilegítimo desde a posse, feriu abertamente a Carta Magna e demais leis.

O comportamento autocrático do primeiro mandatário é traço imanente ao grupelho que ocupa o Planalto. Encontra-se fanatizado pela contrarrevolução conservadora, cônscio de que a Constituição dificulta o retrocesso ao regime de 1964, mas reformado para contemplar o capitão como ditador individual e vitalício. Eis o mito que justifica o processo de autogolpe, mas seu fundamento está nos interesses monopolista-financeiros.

Vários partidos, inclusive inúmeras figuras e segmentos conservadores, até mesmo frações burguesas, bem como incontáveis agremiações representativas sindicais, entidades populares, órgãos estatais e autoridades públicas, pronunciaram-se contra o que desde 2018 acontecia e agora todos finalmente viram: os limites foram ultrapassados e a marcha batida sobre os direitos e as liberdades fundamentais tem que ser barrada.

A tríplice crise criou condições para que se inicie a remoção da falange que aparelhou a Presidência. Para ter consequência e lograr vencer, a luta contra Bolsonaro, em vez da simples briga contra um indivíduo, precisa repousar em quatro pilares: a oposição ao Governo Central como conjunto; a frente ampla democrática, nacional e progressista; uma plataforma emergencial de unidade; a mobilização de grandes massas.

Entraram, pois, na ordem do dia, com a mesma importância do combate antipandêmico e do amparo aos mais atingidos, a completa investigação dos crimes cometidos por Bolsonaro e seus cúmplices, com a punição dos responsáveis mediante os recursos disponíveis, incluindo-se o impedimento. Para tanto, é imprescindível a intervenção enérgica do movimento popular, tão logo as condições sanitárias o permitam.

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