Os Números Frios da Crise Só Esquentam Com o Povo nas Ruas

Estamos hoje com 28 milhões de pessoas em condições de trabalho fora do mercado. Até o final do ano, talvez sejamos 50 milhões. A burguesia brasileira sabe o significado disso. O império ianque também já amarga muito mais do que 50 milhões de desempregados em seu território . Previsões de queda e retração do PIB dos países não param de chegar, sendo ajustadas a cada mês, sempre com previsões cada vez piores. Porém, não é possível, apenas sob as projeções dos números negativos que cercam as economias, determinar se o holocausto que se aproxima é contra o império da burguesia (o capital) ou sobre as costas do proletariado. Esse caminho aparentemente frio e sem vida será pavimentado sob o calor da luta de classes.

É por isso que alguns movimentos , quando o proletariado sai às ruas para protestar chamam bastante atenção e dão a dimensão e a temeridade que os números por si só não revelam. Nos EUA, esse movimento (contra o racismo), aliado à crise, fez o presidente D. Trump sair da Casa Branca (sede do poder do Império) para ir a pé à sede dos deuses e com a bíblia na mão rogar providência. Para um religioso temente a deus, isso parece de boa índole ou um oportunismo; para um marxista, significa que a burguesia, diante de tamanha crise, já necessita sem escaramuças, utilizar as palavras de ordem nascida com a primeira farsa da Revolução Francesa, que sob o sobrinho de Napoleão, para se manter no poder, proclamava as palavras de ordem que são os mandamentos contra o proletariado, para enganá-lo e unir a burguesia: Propriedade, família, RELIGIÃO e ordem.

No Brasil, bastou o povo começar a ocupar as ruas e levantar a palavra Fora Bolsonaro, que a crise econômica ganhou novos contornos políticos. PSDB contra o impeachment e o centrão em defesa do Bolsonaro fortaleceram a extrema direita. E como se isso não bastasse, votaram pela cedência do Estado brasileiro ao domínio privado e monopolista das águas. Também a Amazônia segue o mesmo rumo, para segurar o golpe e a extrema direita no governo, que passa sob o controle do bolsonarista Mourão, que com a ajuda do exército brasileiro conterá grileiros, fazendeiros, indígenas, em prol das grandes empresas multinacionais. Terras raras, diamantes, biodiversidade das drogas, e, sobretudo, a total subserviência ao imperialismo, o que fortalece a política golpista.

O povo vai às ruas e a burguesia brasileira reage se unindo política e economicamente contra ele. Nos EUA, esse processo resultou no seu contrário, isto é, Trump perdeu a liderança eleitoral, e praticamente deu adeus a reeleição, aprofundando seu isolamento. Embora sabemos que as mínimas diferenças que existem entre Republicanos e Democratas no gerenciamento do imperialismo ianque, no entanto foram os movimentos de rua que levaram a esta mudança. Aqui no Brasil, parece que ocorre o contrário. Na medida em que o povo se manifesta e vai às ruas, a burguesia por cima se unifica mais para salvar Bolsonaro. Isso só demonstra que o que existe é uma luta por espaços dentro do governo da extrema direita, sem que a direita seja capaz de tentar ocupar o lugar daqueles que já estão no governo. Ela tem medo de que sua queda pode resultar em um processo de ascensão dos movimentos populares, abrindo espaço ao crescimento da esquerda.

Por isso, a defesa da democracia sem um programa claro de intenções a respeito dos ataques democráticos aos direitos trabalhistas e econômicos serve muito mais à direita do que à esquerda, e muito menos ao povo. Porque razão na Frente Ampla não se sustenta uma clara manifestação política pelo Fora Bolsonaro e Mourão, contra o golpe, contra os ataques econômicos de toda a ordem? Dizem que é a partir da Frente Ampla que se começa a disputa, que a direita e a esquerda travam essa batalha.

Dizem, que a esquerda ganha mais força na luta contra o Fora Bolsonaro e Mourão, mantendo a direita em oposição ao Bolsonaro. Que a direita ganha mais força por espaço no governo Bolsonaro tendo ao lado da esquerda reagindo ao governo da extrema direita, embora descarte o uso da palavra de ordem Fora Bolsonaro, e a luta pelo impeachment. Ainda, ambos os lados, no seu objetivo diferente, possam com isso neutralizar forças fiéis ao Bolsonaro e forças que querem avançar no rumo de uma derrota fulminante do golpe em curso, desalojado de vez os bolsonaristas.

No entanto, sabemos que a única força capaz de derrubar o governo que aí está é o povo nas ruas. A luta pela democracia, não faz sentido a não ser pelo Fora Bolsonaro. Nesse caminho, a direita não embarca, porque nas ruas pode perder o controle. A esquerda permanece tímida, porque a força nas ruas é pelo Fora Bolsonaro. E para tanto, chamam o povo pela democracia, no sentido da possibilidade de evitar um constrangimento da direita, quebrando com a Frente e dando vazão ao um possível autogolpe. Não notaram ainda que o golpe já foi realizado ( a quatro anos atrás) e segue hoje está sob o comando das forças de extrema direita. Tirar o Bolsonaro só é possível com uma nova força, realmente democrática, isto é, o proletariado nas ruas exigindo o Fora Bolsonaro, contra o golpe.

Assim como os números frios da crise da pandemia, do desemprego, do crescimento da miséria, só vão tornar-se quentes com possibilidade de uma reação popular, se houver ação de massas nas ruas. Caso contrário, vão continuar gelados para o povo, tal como o abandono dos entes queridos na porta de entrada dos hospitais, desgraçadamente ainda mais frio, com a entrega do atestado de óbito. Sem reação, as mortes somam-se como o PIB, EUA -6,0, Alemanha -9,0, Inglaterra -7,0, China 1,0, Brasil -9,0, etc. Cada dígito enlouquece a burguesia, Trump, Bolsonaro, mas quem vai perder a cabeça é povo se não reagir, e não o “rei”. E a esquerda e os movimentos sociais organizados têm papel decisivo aí.

O tempo perdido em construção de uma Frente Ampla poderia ser gasto, pelo menos em 90% na articulação de forças que estão dispostas a colocar o povo na rua pelo Fora Bolsonaro e trabalhar ostensivamente para fazer atos de massa. É preciso dar vida para os números, para que façam sob a luta do povo, a burguesia perder literalmente a cabeça.

Fora Bolsonaro e Mourão!

Abaixo o Fascismo e o golpe!

Comitês de Luta contra o Golpe e o Fascismo (ALN)

Se podemos trabalhar, podemos protestar.

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