O Que Há de Comum e Antagônico Entre a Democracia e a Soberania

Sabemos que o modo de produção Capitalista está enredado em mil e uma contradições, sendo a maior delas a do antagonismo de classe, onde o proletariado aparece como o futuro do modo de produção socialista/comunista. Para a sua causa histórica o Proletariado utilizará de todas as demais contradições do mundo que o explora para fazer a luta avançar. Cada povo, com seu partido à frente, além das inúmeras contradições intrínsecas existentes no modo de produção burguês, terá que encontrar a contradição principal que enreda a própria burguesia local (do seu país) na exploração da mais valia. Em outras palavras, se a crise crônica é a maior manifestação das forças produtivas, que atinge o centro do sistema burguês, como em nosso caso, o Brasil, a burguesia reage contra o imperialismo, principalmente o yanque. Como ficam os meros ajudantes (burguesia brasileira) responsáveis pela coleta da mais valia no país e do repasse ao capital financeiro central?

Nesse sentido que a burguesia brasileira quando fala de democracia, fala envergonhada, pois sabe que os atributos dessa palavra nem mesmo nos limites do seu modo de produção (capitalista) ela própria é capaz de orquestrar. As leis, os artigos, os incisos que constituem a sua carta maior são em essência apenas forma onde o conteúdo está representado no imperialismo yanque. Os repassadores da mais valia aqui explorada, às vezes pensam em gritar que a sobra dela (da mais valia) que fica aqui é muito pouca e que mal e mal dá para acumular. Mas quando gritam de verdade (a burguesia brasileira) é para atacar o povo, já explorado aos limites. Nesse sentido eles são unidos, é só vermos como eles trataram dos direitos trabalhistas e previdenciários durante a crise.

É claro que eles às vezes a burguesia brasileira recente que está cada vez mais menos influente em seu Estado e as riquezas se perdem aos grandes tubarões externos. É por isso que, vez e outra, se neutralizam sob um projeto minimamente popular, soberano, tal qual aquele que impediu a concretização da ALCA e fez prosperar a existência dos BRICS. A burguesia brasileira é incapaz de levar qualquer projeto minimamente soberano, só a esquerda e o povo unido tem essa condição. Em toda a nossa história isso é sintomático, desde a época do império até hoje. Às vezes tentam associar a nossa burguesia com a da Alemanha, da qual Marx citava do seu atraso histórico em virtude da revolução burguesa, isto é, tinha medo dos de cima e medo dos de baixo. Mesmo que existam relações da nossa burguesia com a da Alemanha, vamos ver que mesmo assim há grandes contradições.

Desta forma, a começar com o setor das Forças Armadas, o Exército, Marinha e Aeronáutica. Eles não são um mecanismo para defender a soberania do Brasil, mas para defender a soberania dos EUA na exploração da mais valia no Brasil, e, além disso, ao lado dos demais Exércitos da América, defendê-la em prol do amigo do Norte.  Quando um general brasileiro abre a boca, nada mais é que a expressão da OTAN. E quando há contradição pequena entre Mourão e Braga Neto, (vice-presidente e Ministro das Forças Armadas), pode se contar que a CIA já deu as coordenadas. E no caso dessa aparente contradição sobre os rumos eleitorais, a pressão não é contra o processo em si, mas sobre quem não poderá participar dela. A pressão é feita tanto de um lado como de outro, para que as instituições se mobilizem para tirar o principal candidato do povo do páreo. Esse é o imbróglio que está em curso. Lula não pode ser candidato. Esse é mais um ato que pertence à bula da burguesia; além da CPI, Impeachment, Parlamentarismo, etc.

O que diferencia a nossa burguesia da Alemanha em relação ao que foi dito acima por Marx, aparece mais claramente na extrema direita. Ela impõe-se, não como um rompimento ao domínio dos EUA, pelo contrário, sem medo e vergonha, ela a defende abertamente, coisa que os neoliberais encontram mil e uma justificativas para fazer o mesmo. E o que os torna diferentes (Neoliberais e Fascistas), em suas igualdades, é o momento histórico, isto é, nem toda a burguesia torna-se extrema direita da noite para o dia, uns estão mais “à frente” que outros, estão em condições mais “livres ou comprometidas” para fazer a nova política imperialista avançar, no caso o Fascismo, depois os outros a seguem. Tal como se unem nas mesmas condições e diferenças o Trump e o Biden. O que une ambos é a crise e papel fascista dos EUA no mundo. O que os diferencia são setores dos monopólios que ganham mais sob determinado governo e menos com o outro. Representam monopólios diferentes. Mas o seu conteúdo é manter à frente a perspectiva sob qualquer forma, que o proletariado não alcance nem mesmo a ideia de classe para si. Sem essa concepção, jamais poderá realizar seu papel histórico, dependerá do proletariado externo.

Essas contradições históricas da burguesia também aparecem aqui no Brasil, onde o movimento econômico de um setor e de outro faz com que hora haja apoio e hora abandono de determinado governo. Mas em nosso caso, como a burguesia brasileira não é protagonista, isto é, vai a reboque do Fascismo yanque, exigir algo além da sua conta é apostar sempre nos golpes. Todas as vezes que a esquerda se esforça para se iludir com partido A ou B historicamente entrelaçados com as elites, ela própria dá força para os golpes. Mas não é só isso, perde-se em determinados momentos de avançar como classe para si, e esse é o maior estrago. O movimento passou a discutir quem participa ou não do Fora Bolsonaro, e está se esquecendo de enriquecer o movimento com um programa Soberano e com a defesa da candidatura Lula.

Certa parte do movimento de esquerda não se dá conta da importância da neutralidade de certos grupos da burguesia em suas ações. Outra parte pensa que essas ações são decisivas e existem por conta de um trabalho de ampla articulação. No entanto, sabemos que a forma de utilizá-la (parcela da burguesia) como um elemento neutro é a unidade da esquerda, a unidade com o povo com os objetivos de defesa da Soberania. Isso é o novo. Além do mais, a única força que pode desenvolver certa neutralidade de parte da burguesia brasileira é a esquerda e o povo em luta. Essa é a única condição objetiva que pode fazer com que subjetivamente podemos contar com certa neutralidade. Como serviçal do imperialismo, jamais ela própria se colocará à frente do processo, e como um próprio filisteu, fará de tudo para desviar o movimento às condições mais avançadas.

O mais interessante aqui é o cuidado que se deve ter, é não deixar se perder com o aparecimento das novas condições históricas na luta de classes. Quando se fala no Brasil em todos os cantos sobre a Democracia, é porque está em curso a luta pela Soberania. Só que essa luta se confunde aqui no Brasil, pois ela é o espelho da luta de classe mundial. A burguesia de direita defende a democracia, atacando a luta pela soberania, exigindo o fim de qualquer radicalismo. Fazem de conta que batem na extrema direita, nos fascistas, mas estão dando um recado para a esquerda. Para nós comunistas, fica evidente que a janela histórica se abriu novamente, e a defesa da Soberania, de um programa mínimo, de unidade da esquerda contra o golpe é a única que faz alusão à Democracia, no sentido proletário.

Por isso, não nos enganemos com as figurinhas que estão sendo trocadas entre o STF, o congresso, os militares e o Bolsonaro. Os sinais deles têm igualdade. Para nós, a luta que temos é manter o povo na rua, unir em cima de um programa soberano, colocar a maior liderança de esquerda do nosso país a percorrer de Sul a Norte defendendo a Democracia, pois ela nesse momento expressa exatamente a perspectiva SOBERANA do Brasil e da América Latina. É a forma evidente e dialética da resolução de um dos problemas da luta de classes no Brasil e na América Latina. A burguesia brasileira fala em Democracia, mas nenhuma palavra sobre a Soberania.

E para os que ainda não entenderam, quando os EUA falam em Democracia, na defesa dos direitos humanos, contra o autoritarismo, eles falam em Fascismo. Quando nós falamos em autodeterminação dos povos, de liberdade de organização, de Democracia, nós falamos de Soberania. Para quem atua na superfície da luta de classes, tem a impressão de que os dois lados falam a mesma língua. E pra quem quiser ir mais a fundo, fica clara a luta entre a continuidade e a ruptura, entre as reformas, golpes e a Revolução, entre o caminho da burguesia e do proletariado, entre o Imperialismo e o Socialismo. Nesse sentido do duplo caráter das expressões, até hoje os militares golpistas quiseram nos empurrar goela abaixo que o golpe de 1964 patrocinado pela CIA foi uma revolução. Eis o teor da luta que estamos empreendendo hoje novamente.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja!

Abaixo o Fascismo Ianque!

Fora EUA da América Latina!

Viva Cuba Socialista!

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