Nos últimos momentos temos assistido Brasil, sob olhares atônitos de muitos, um crescimento avassalador da fome, da miséria e da precariedade nas condições da vida humana como um todo. É perceptível aos nossos olhos o aumento gigantesco de pessoas morando e pedindo nas ruas, vivendo em condições sub-humanas.
Na última semana foi divulgado o dado oficial de que 70 milhões de brasileiros ficam sem comer por mais de 24h, ou seja, 70 milhões de brasileiros enfrentam diariamente a luta contra a fome em busca de alimento. Este é um dado assombroso que indica destacadamente, não só os resultados da crise estrutural do capitalismo, como também a atuação da extrema-direita e da direita diante da crise. É o avanço do ataque aos direitos do proletariado, como as contrarreformas encaminhadas, assim como as privatizações e o sucateamento dos serviços públicos como um todo.
A crise do capital gerenciada por representantes do capital financeiro internacional, da burguesia nacional e das oligarquias do agronegócio, gera, muitas vezes, contradições entre os diferentes setores da burguesia, o que traz brigas e disputas, tanto por espaço político, quanto por minimizar os prejuízos da crise para este ou aquele setor. A luta pela diminuição do prejuízo da crise é o “engalfinhamento” interno da burguesia para evitar que a diminuição da repartição do bolo que representa a extração da mais-valia, atinja determinado setor burguês. Desta forma, cada setor faz força para ficar com o maior pedaço, ou ainda para que seu pedaço não diminua tanto, que diminua o dos outros. Esta luta muitas vezes vem à tona de forma óbvia. No Brasil, muitos são os exemplos das contradições entre a direita e a extrema-direita. As brigas de Bolsonaro com o STF, com a Rede Globo, com alguns governadores são exemplos destas brigas e contradições.
Nos meandros destas contradições, Bolsonaro tentou mobilizar a extrema-direita brasileira para dar um golpe no feriado do dia 07/09. Acentuou o discurso golpista, mobilizou um lockdown dos caminhoneiros, botou seus apoiadores nas ruas e, como o próprio genocida anunciou, jogou todas as suas fichas nessa batalha (no golpe do dia 07/09), partindo para o “tudo ou nada”. Por outro lado, a direita, percebendo que o golpe poderia realmente se concretizar, mobilizou-se e agiu. O STF de maneira mais contundente, afirmou que não aceitaria desrespeito à “democracia” e que quem não cumprisse a Constituição responderia por isso. Ao que tudo indica, algumas manobras nos bastidores também foram executadas. O que se ouve “a boca pequena” é que foi anunciada até a prisão de um dos filhos de Bolsonaro se ele não recuasse do seu intento golpista. O que se sabe de forma oficial é que a tática de mobilizar um lockdown dos caminhoneiros, serviu mais para acentuar os problemas de Bolsonaro. Entre o oficial e o extraoficial o que se viu foi que Bolsonaro recuou e desagradou grande parte de seus apoiadores, que esperavam que ele não recuasse e concretizasse o prometido golpe fascista.
Dessa forma, com a acentuação da contradição com a direita e com a decepção de muitos apoiadores, Bolsonaro se isolou e fragilizou e, em um ato de desespero ligou para o golpista mor Michel Temer, para que este resolvesse o problema em que havia se metido. E foi assim que Temer, representante da direita, assumiu o comando da crise e escreveu uma carta de “arrego” (como dito pelo povo) que foi assinada por Jair Bolsonaro como sua. Talvez grande parte da sociedade não tenha se dado conta do que ali ocorreu, embora todo mundo tenha compreendido a derrota humilhante pela qual Bolsonaro se jogou e que foi habilmente sacramentada pela direita.
O vazamento das imagens de um jantar ocorrido logo em seguida do desfecho deste capítulo político, que contava com a participação principal de Michel Temer e de outras personalidades da direita, em que os participantes se debulhavam em gargalhadas de Bolsonaro como uma corte rindo de seu bobo, dão sinais do que o que ali ocorrera.
A fragilidade em que Bolsonaro ficou nessa batalha em que jogou todas as suas fichas e que o “tudo ou nada” se concretizou no nada, permitiu que a direita, neste exato momento, assumisse o domínio do jogo. Não se afirma aqui que Bolsonaro está morto politicamente, até porque a dinamicidade da política não permite que façamos uma avaliação como esta, simplista e rasa. Além disso, Bolsonaro até pode ser usado pela direita, se preciso for. Mas, o que estamos afirmando aqui é que agora a direita assumiu de vez o controle e é ela que tem dado as cartas a partir de então.
A percepção dessa mudança na rota da luta política é imprescindível para que setores da esquerda deixem de insistir no erro da Frente Ampla, onde estariam juntos a esquerda e a direita da chamada “terceira via”. Isto mesmo! Aliaríam-se à mesma direita que hoje dá as cartas, domina o jogo e permite a continuidade de Bolsonaro e de sua política de genocídio de ataque aos direitos do proletariado, aumento da fome e da miséria. A mesma direita que dirigiu o golpe em 2016, que no Congresso vota junto com Bolsonaro sempre para garantir o sacrifício da massa trabalhadora. A mesma direita que luta para consolidar a farsa da “terceira via”.
É preciso ter consciência que essa direita é inimiga do povo, que é responsável tanto quanto o governo de Bolsonaro pela miséria crescente no Brasil, pelo genocídio, pela situação de 70 milhões de brasileiros que enfrentam a fome. A mesma direita que tenta desesperadamente emplacar a palavra de ordem “nem o extremismo de Lula nem o de Bolsonaro”, que ainda não conseguiu mobilizar as massas por suas fajutas bandeiras, mas, que com certeza está trabalhando nisso. É preciso perceber que a busca por espaços nos palanques dos atos pelo “Fora Bolsonaro” é um exemplo concreto desse trabalho. Dar espaço para golpistas da direita nestes atos é trabalhar sob o comando daqueles que querem que perdure o sacrifício proletário. Dar espaço para os golpistas farsantes da “terceira via”, afirmando que hoje a pauta principal é a unidade de todos contra os fascistas é negar a responsabilidade direta da direita na consolidação do fascismo, é desconsiderar que esta direita está de mãos dadas em essência com esses fascistas, não em forma, mas em conteúdo.
Da mesma maneira, é preciso que toda a esquerda entenda que estamos enfrentando agora diretamente não mais um movimento burguês sob o comando da extrema-direita, mas sim sob o comando da direita, que é chamada de forma vil e oportunista de “terceira via”. A “terceira via” nada mais é do que essa direita que assumiu o comando político do cenário e hoje comanda inclusive a extrema-direita. Ela vai buscar consolidar seu nome para a sucessão presidencial. A princípio, um nome que não seja o de Bolsonaro, mas, com certeza, se a direita não conseguir emplacar um nome seu (Eduardo Leite ou João Dória, por exemplo) o genocida também pode ser um plano B para este segmento. O que mudaria neste momento é o fato dele estar subjugado aos ditames da direita.
Acreditar que a direita de Leite, Dória & “Cia” é melhor que a extrema-direita de Bolsonaro é o mesmo que acreditar que Biden era melhor que Trump nos Estados Unidos. Muitos são aqueles que estão decepcionados com Biden, não é o nosso caso. Afirmamos e reafirmamos aqui: a direita chamada farsantemente de “terceira via” é em essência tão fascista quanto a extrema-direita de Bolsonaro, tão genocida e antipovo quanto.
Combater a direita urge! A “terceira via” em verdade é a mesma via da extrema direita, leva ao mesmo fim: ao sacrifício do povo em nome dos monopólicos, do imperialismo, do capital financeiro internacional. Negar isso é trair o povo, enganá-lo e consolidar sua subjugação ao capital.
– Pela emancipação do proletariado!
– Fora Bolsonaro e sua corja!
– Nenhuma Frente que conte com a participação do PSDB e de lideranças golpistas e antipovo!
– Fora Leite, Dória e todos os farsantes da “terceira via”!
– Pela consolidação da Frente de Esquerda Revolucionária (o Bloco Vermelho)!
– Lula Presidente!
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