A natureza do Imperialismo e a defesa da Soberania nas ruas

É bastante conhecido o texto polêmico de Lênin sobre K. Kautsky intitulado como um renegado ao marxismo, o qual conhecia a teoria quase de cor. Ao anunciar a existência de um ultraimperialismo, o Social Democrata alemão abandonara as teses de Marx sobre o Capital, dando uma nova concepção para os desdobramentos de sua fase superior (o imperialismo). Kautsky conclamava a nova era do imperialismo como pacífica, acabando com a concorrência, possibilitando o entendimento e a uma nova era. A tese desabou com a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, e a natureza do Capital cada vez mostrando mais claramente que nessa nova fase, de lucro máximo, não respeitará fronteira alguma, estado nacional algum, civilização alguma; nem mesmo os pobres de seu próprio país.

Por isso, as resistências aos golpes e às invasões, e a luta pela autodeterminação dos povos são valorosos instrumentos políticos de ação do proletariado contra o imperialismo, isto é, a luta pela Soberania. Como fazê-la se o comércio internacional, a tecnologia, o dinheiro e até as armas estão concentradas nas mãos de meia dúzia de nações? Olhando assim, parece que teríamos que prosternar diante do destino da história e aceitar do ponto de vista filosófico o pragmatismo, isto é, se as coisas são assim, porque não tirar o melhor proveito desta condição? Porque, levantar-se no rumo da transformação como fizeram alguns povos, e que embora se tornaram soberanos, senhores do seu próprio destino, porém ainda assim, em muitos lugares, as dificuldades são de grande monta, como Cuba. Então é melhor achar um meio termo, ou seja, lutar sem romper, sem transformar, sem colocar abaixo a ordem internacional ditadas pelos de cima.

Essa é a política pela qual não está inserido o proletariado revolucionário. Em outras palavras, o próprio proletariado fica de fora. A política Social Democrata se fundiu a tal ponto com o imperialismo, que ela própria hoje é produto do pragmatismo. Podem chamar isso de tática, de estratégia, de um programa ajustado às condições de país tal e tal, articulação política, consciência do que se pode fazer e onde se pode chegar etc., no entanto, é uma política contrária ao Marxismo/Leninismo porque segue a filosofia imperialista. Ela não forma lutadores, não se desenvolve no rumo da luta pela liberdade, portanto não irá romper nunca, pois ela é atrelada à filosofia dos monopólios, ela não é independente a eles.

O Materialismo Histórico, para chegar onde chegou, fez um caminho de desenvolvimento ajustado a uma nova filosofia, negando, em cada passo que dava na história, as concepções idealistas, metafísicas. Para um marxista voltar à análise metafísica, tal qual Kautsky, parece inconcebível, mas na luta de classes isso, longe de ser incomum, é, na verdade, lugar comum. Incomum é manter-se na luta, na construção da política revolucionária e sua organização, pois uma não sobrevive sem a outra.

A política de rompimento precisa ser levada a sério, desde sua formação partidária, no seu desenvolvimento e logicamente no momento que as condições propiciam esse rompimento. Não pode levar a cabo o rompimento, se não tem um histórico para isso. Pode até defendê-lo no momento que outros proclamam, e se colocar a cauda, pode até parecer que é revolucionário na época da revolução, mas, logicamente, no menor problema tudo voltará como antes. Por quê? Porque não houve, desde o início, o desenvolvimento de uma política independente, própria do proletariado. Em essência, ela nunca passou as raias do economicismo. Foi o que aconteceu com Kautsky. Ele sabia a teoria quase de cor, mas não conhecia a essência política do Marxismo. O Marxismo nunca lhe ganhou para a causa, ou seja, para a luta. A luta, para ele, era momentânea, estava em seu lado, não tinha lhe ganhado a mente e o corpo. Ainda era uma separação metafísica, do espírito e do corpo, uma concepção mecânica.

Escrevemos isso, pelo fato de que a luta de classes no Brasil está na iminência de dar um salto, se levarmos a luta pela Soberania, de modo não Kautskyano, isto é, de detalhar essa necessidade (da Soberania) como alguma coisa viva e correspondente à luta de classe atual no Brasil. Não adianta darmos conferências, discursos brilhantes sobre essa necessidade, se não construímos o desafio para efetivarmos ela na prática. O desejo ou o sonho, não são os problemas para os lutadores, pelo contrário, sem eles a própria luta esvanece, se perde. Mas, como diz Lênin, esses desejos e sonhos têm de corresponder a mais fiel expressão da realidade, de colocá-los em prática, de em cada passo desta execução, submetê-la a mais enérgica correspondência prática e fiel a natureza da luta existente. Caso contrário, desejo e sonho perdem-se em um emaranhado de coisas obsoletas, que tanto fazia ter pensado ou não, sonhado ou não.

E essa luta começa agora, no protagonismo de forças populares e de esquerda, em derrotar nas ruas Bolsonaro, Mourão e sua corja. E, a maior liderança do país não poderá continuar a faltar nas ruas. A manifestação popular nas ruas, como demonstração de vontades em manifesto à luta, existe na história da humanidade antes mesmo da luta de classes. Sob o efeito dessa luta, ela (a rua) tornou-se algo muito mais precioso, tanto é verdade, que em nenhum país que se faça uma greve, reivindicações, defesa de uma determinada política, não tenha a rua como demonstração de força, de apoio, como uma ação que fala por si mesma.

Por isso o Lula erra quando segue a política de distanciamento nas ruas. Está premido pela direita e sem dúvida a campanha eleitoral de 2022, mesmo que negando tal ideia. Já dissemos em outro momento que é na rua junto ao povo que efetivamente podemos correr com Bolsonaro e sua corja, bem como também impedir que a extrema direita e direita, junto com o imperialismo, sigam com o domínio das rédeas do golpe. Além de tudo, como dissemos que a necessidade da luta pela Soberania representa a contradição essencial de nossa política atual, tanto do Brasil como da América Latina, afastada das ruas, deixamos de organizar e conscientizar as forças mais contundentes, isto é, o Povo, para que essa perspectiva torne-se real.

Como a direita em nenhum país consegue colocar massas nas ruas em defesa de sua política, ela necessita da extrema direita, ou ainda da esquerda como estamos vendo no Brasil. Como a extrema direita deu um chega prá lá nos apoiadores mais radicalizados, a direita agora quer que todos sigam a sua cartilha, ou que a esquerda abra espaço para eles também aparecerem. Mas se não conseguirem, está de bom tamanho, manter afastado do movimento das ruas, nossa maior liderança, pois assim os caminhos que estão sendo articulados nos porões da CIA, sob o imperialismo, para manter o golpe, não poderão dar o efeito contrário, que é a grande preocupação deles.

Fora Bolsonaro Mourão e sua corja.

Abaixo o Fascismo e o Imperialismo

Pela autodeterminação dos povos e a luta pela Soberania popular brasileira.

Lula presidente.

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