“Dois Brasis”?

Este termo “dois brasis” não é adequado, pois considera o elemento (país) como algo que se move fora de uma mesma luta, dando o entendimento que um ou outro Brasil depende de soluções de vontade ou de escolha. Tal como temos denunciado em nossa imprensa proletária, a discussão de inclusão e de exclusão é inócua do ponto de vista prático se não forem relacionados com a superação do modo de produção capitalista na luta pelo Socialismo. São frases bonitas e impactantes, que não têm viabilidade, são economicistas, não vão a lugar algum.

As expressões “dois Brasis” e “excluídos” são concepções sociais-democratas, que não permitem enxergar o mundo sob os olhos da luta de classes com base no Marxismo. Isso significa que, mesmo compreendendo a existência de classes sociais (a própria burguesia também compreende), utiliza-se dos fundamentos da metafísica para encobrir e desviar o proletariado da real solução do problema. Mesmo parecendo para muitos algo que não possa causar grandes estragos para a luta, em nossa opinião, são extremamente inconsequentes, pois rebaixa e diminui o valor da teoria, retirando do Marxismo a única ciência capaz de solucionar os problemas insolúveis sob o capital. Quando se reforça tais concepções, dá-se o entendimento que existe uma ciência burguesa, capaz de preservar a humanidade eternamente.

Por isso que destacamos, no momento atual do Brasil, o papel da luta pela Soberania no rumo do Socialismo. Esta é a única solução para o nosso povo. Cada passo nesse distanciamento, a burguesia brasileira aumenta em grau, gênero e número a miséria do povo, distanciando com isso a solução, e acreditem, este é o único caminho que ela tem a seguir. O caminho de seguir como capacho, fez da burguesia brasileira tornar-se mais e mais refém dos grandes monopólios internacionais. Cada vez mais míngua diante da entrega da Petrobrás, Eletrobrás, dos minérios, da água, da Amazônia, da tecnologia, etc., dando uma clara noção para o imperialismo, de que enquanto classes podem ser descartáveis também (a burguesia brasileira) do recebimento de parte da mais valia explorada pelo império do povo brasileiro. As próprias Forças Armadas, que se tornaram defensoras da entrega de cima a baixo do Estado brasileiro, poderão ser descartadas pelas forças da OTAN, CIA, Israel.

O pensamento pequeno da burguesia brasileira, refém principalmente do imperialismo ianque, pensa de forma imediata. Basta ver como cada um quer encher os bolsos de dólares, levando-os para o paraíso fiscal. Desde o ministro da Economia até o presidente do Banco Central levam suas apostas. E assim, provavelmente muitos empresários, latifundiários, militares, políticos têm esse mesmo objetivo. Ora, daqui uns dias, o dólar internacional poderá perder a influência que tem e desabar. Se hoje essa gente está fazendo fortuna, ela a faz entregando por ninharias aquilo que lhe dava, como indivíduo e como classe, certo respeito e importância. Ao se desfazer de tudo, é provável que também deva receber um coice na bunda, do imperialismo, pelo menos parte deles. Além disso, a riqueza logo acaba, caso não tenha um capital que possa “produzir” mais valia.

É dessa forma que a burguesia dos países da América Latina tem conduzido essas nações, entregando tudo na busca para viver também de gorjetas. Não são todas as burguesias dos países não imperialistas que tomam essas posições. Há burguesias nacionais que lutam para manter seus Estados e patrimônios com perspectivas de elas próprias comandarem parte da produção de mais valia. Mas aqui em nosso país, desde o início do neoliberalismo, ficou claro que o caminho tem sido exatamente de entregar o patrimônio construído e o patrimônio natural. Desde aeroportos até as terras são possíveis de serem alienadas para os estrangeiros (ar, terra e mar). Isso só prova que desde Piñera (Chile), Bolsonaro (Brasil), Jeanine Áñez (golpista da Bolívia), Ivan Duque (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Mario Benítez (Paraguai) e Luiz Alberto Lacalle (Uruguai), são presidentes de direita e extrema direita que representam a burguesia de seus países, dando claro curso à intensificação da miséria dos povos de toda a região. Não conduzem à grave crise mundial do capitalismo a nem uma solução, pelo contrário, aprofundam a continuidade do problema, conservando o caminho da dependência e não superação.

A luta aqui na América Latina da esquerda (representando o povo e uma solução à crise) versus a direita e extrema direita (burguesia local/poder do Estado e continuidade e aprofundamento da crise) está posto tal qual a luta internacional entre o Imperialismo de um lado (principalmente os EUA) e o Socialismo do outro (principalmente a China). A dialética impõe solução para que a desordem colocada sob o capital possa ser estruturada em uma nova ordem revolucionária e socialista. Caso não atentemos para esta perspectiva ao construir uma Frente Ampla ou um governo mesmo de esquerda que não busca a solução (a Soberania e o Socialismo), sempre deixará as portas abertas para a continuidade, que nada mais é do que a manutenção e o agravo do problema. Se a burguesia brasileira e da América Latina pensa que a solução é fortalecer a burguesia imperialista, seu engano ainda é mais profundo. Não há solução nesse campo.

Quando uma determinada classe à qual corresponde um sistema político e econômico já passou demais de sua época histórica, e no caso do imperialismo, o Fascismo passa a atuar diuturnamente. A ilusão de se unir com setores da burguesia contra os setores dela ainda mais reacionários é tentativa de adiar a solução, apostar em parcelas da classe no poder em detrimento da organização do proletariado. É por isso que lembramos à esquerda que ela não pode ter medo de ser esquerda, não dá para ser meio esquerda, não dá apenas para transformar “um dos Brasis”.

Por fim, salientamos as teses equivocadas dos dois Brasis. O Brasil é um só e só tem uma solução, como qualquer outro país no mundo. O que fica claro, no entanto, é que a burguesia do Brasil e da América Latina elevou a sua dependência ao grau de submissão total, abrindo mão de qualquer luta de resistência no campo econômico, político, militar, ideológico ao imperialismo. Há evidências muito claras sobre isso. Aqui no Brasil o golpe deixou isso muito claro. Portanto, a solução só tem um nome: Frente de Esquerda Ampla que lute junto com o povo pela Soberania e pelo Socialismo.

A ideia de dois Brasis acaba abrindo uma sequência de outros Brasis, como o preto, de gênero, de LGBTS, etc, secundarizando a solução política, pois rebaixa o proletariado como classe e daí a própria luta de classes como motor (Marx), tira de foco a única classe que une e é capaz de fazer todas as lutas do nosso povo avançar. Por isso 20 de Novembro é um dia de luta política pelo Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja

Abaixo o Fascismo imperialista.

Frente de Esquerda unida na luta pela Soberania e o Socialismo

Lula presidente.

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