O primeiro turno das eleições brasileiras de 2022

O resultado do primeiro turno das eleições brasileiras de 2022 dá importantes recados. Precisamos analisá-los. Primeiramente, verificamos que as pesquisas eleitorais precisam ser vistas com desconfiança, pois elas, ou são constituídas por metodologias que geralmente acarretam em erros, ou são verdadeiramente manipuladas, visando influenciar nos resultados dos pleitos (essa segunda hipótese é provavelmente a correta). Esta é uma realidade cada vez mais evidente que, salvo raras exceções, ficou expressa nas urnas, de sul à norte do país, mostrando disparidade entre as pesquisas e o resultado eleitoral real.

Quanto à análise do resultado em si, acreditamos que há a tendência de que a vitória de Lula no segundo turno se concretize, mas não com a tranquilidade que as pesquisas apontavam. Porém, sabemos que a probabilidade da vitória de Lula não é algo que já está dado – aqui nos referimos ao fato de que isso depende do curso das coisas seguirem dentro da “normalidade” esperada, com os dois lados fazendo campanha, indo às ruas e se mobilizando.

Então estamos afirmando que a esquerda sairá vitoriosa neste pleito? Não é bem assim! Mesmo que a coisa se concretize como prevemos com a vitória de Lula e derrota de Bolsonaro na disputa presidencial, sabemos que o fascismo ganhou força neste processo, elegendo um considerável número de governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distrital. Certamente o quadro adiante, no que tange à institucionalidade, não é promissor, em verdade ele é preocupante.

Além disso, destacamos que é importante que se perceba, diante deste quadro, que o papo cristão da esquerda do “amor vencer o ódio” é despolitizado e fora da realidade do povo. A expressiva votação de Lula não se deu (pelo menos em relação ao proletariado) pelo fato da candidatura Lula representar o politicamente correto e as pautas identitárias. A massa proletária que votou em Lula neste primeiro turno o fez porque vincula corretamente o governo Bolsonaro com a carestia que enfrenta, responsabilizando-o por isso.

A massa proletária que votou em Bolsonaro no primeiro turno também deixa recados importantíssimos à esquerda brasileira. Um deles é sobre aquilo que apontávamos: o golpe/fraude eleitoral do auxílio emergencial e das “ajudas” miseráveis dadas pelo governo de Jair Bolsonaro ao povo, (inclusive com aprovação dos parlamentares de esquerda) fortaleceu o fascismo na disputa presidencial. Como afirmamos naquele momento, aprovar e não denunciar a manobra golpista que estava em curso era algo reacionário e contra a classe trabalhadora.

Outro recado deixado por esta parte do proletariado é que, diferente do que a esquerda institucional tem afirmado, o povo quer sim uma luta de enfrentamento direto com o sistema, quer sim o rompimento com a institucionalidade burguesa. Quem tem fugido dessa luta é a esquerda! A massa proletária que vota em Bolsonaro, o faz porque equivocadamente acredita que ele representa o rompimento institucional, sendo assim, a representação do antissistema. Nós sabemos que isso não é verdade, mas a postura da esquerda de buscar defender o STF, a “legitimidade” das urnas, a democracia burguesa e etc., a distância do povo, pois este sente na pele as injustiças do sistema diariamente e está de “saco cheio” das ilusões prometidas pelas forças institucionais.

Também é indispensável destacar que é extremamente injusto e errado afirmar que o nosso povo é conservador, reacionário, como muitos têm feito neste momento. Muito pelo contrário, o povo tem dado sinais declarados que quer mudança real e ruptura. Está disposto à luta e ao confronto aberto e direto por uma vida melhor. Quem tem jogado um papel conservador e reacionário são setores da esquerda institucional que buscam desesperadamente o caminho da pacificação (como se ela fosse possível no capitalismo, do ponto de vista proletário) e da conciliação.

Para a esquerda revolucionária destacamos que é urgente trabalhar pela concretização de um movimento de unidade, já que este setor de lutadores/as está dividido, pulverizado e sem a mínima força de influenciar nos rumos das coisas. Consegue ver adiante, mas não consegue interferir. Enquanto a referência de esquerda no Brasil seguir sendo essa economicista, social democrata, institucional que aí está, permaneceremos muito longe de derrotar o fascismo. Na verdade, desta forma, ficaremos cada vez mais próximos da consolidação do movimento fascista.

Os grupos revolucionários realmente sérios, comprometidos verdadeiramente com a transformação, terão que vencer os limites que concretizam essa pulverização e trabalhar urgentemente, com prioridade, para os movimentos de fusões e unidades entre organizações revolucionárias. Esta tem que ser a palavra de ordem entre nós: “Unidade das organizações revolucionárias já!”

Por fim, da mesma forma, precisamos organizar, em conjunto com esse movimento de unidade, comitês de luta em cada bairro do país, com o objetivo de organizar e elevar a consciência das massas para a luta. Os fascistas têm em cada igreja evangélica um comitê, onde doutrinam e organizam as massas em suas fileiras. Se não disputarmos também nesta trincheira, as lutas pela emancipação proletária, pelo o avanço do povo e pela revolução, se tornam distantes e até surreais.

Nós do PCPB chamamos esses comitês de luta de Aliança Nacional Libertadora, pois além de simbolizar uma luta por soberania, anti-imperialista e pela emancipação proletária, resgatamos mais uma vez os movimentos de luta elaborados por Luís Carlos Prestes e por Carlos Marighella, dois grandes heróis nacionais comunistas que dispensam apresentações.

O nome dos comitês é o de menos! Para nós, o que realmente importa é a consciência da necessidade urgente de se fazer o contraponto ao papel de comitês fascistas e fundamentalistas que grande parte das igrejas evangélicas têm cumprido em nosso país. E este contraponto certamente se constitui pelo empenho de fundação dos comitês do tipo ANL em cada bairro, em cada vila, em cada distrito, ou seja, em todos os cantos do Brasil.

 

 

Fora Bolsonaro e toda a sua corja!

Pela Urgente Formação da ANL!

Unidade das Organizações Revolucionárias Já!

Lula Presidente!

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