O delator da operação Lava Jato, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que repassou valores ao deputado federal, Paulinho da Força (SDD-SP). De acordo com o colaborador, os valores foram repassados como doações oficiais nas campanhas de 2010 e 2012.
Pessoa participou de audiência, nesta quinta-feira, como testemunha de acusação em ação penal relacionada a 26ª fase da operação Lava Jato. O processo possui 12 réus – entre eles, o executivo da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o marqueteiro do PT, João Santana, a esposa dele, Mônica Moura, e o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Durante a audiência, o delator ainda comentou que fez pagamentos ao ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR). Ricardo Pessoa explicou que os valores foram entregues como uma estratégia para manter um relacionamento dentro do Ministério dos Transportes.
“O interesse na contribuição ao Valdemar Costa Neto era manter o interesse na relaçao com o Ministério dos Transportes abertos e iniciando. Porque nessa época, em 2010, o grupo UTC adquiriu o Constran e nós queríamos reestabelecer o relacionamento com o Ministério dos Transportes. Por isso que me aproximei do Valdemar Costa Neto que era o comandante do partido PR que tinha o domínio sobre o Ministério dos Transportes, essa é a verdade”, afirma.
Ricardo Pessoa também disse que pagava propina desviada de contratos da Petrobras diretamente na conta do Partido dos Trabalhadores, a pedido do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
“No caso do João Vaccari, a grande absoluta maioria, quase absoluta, era depositada nas contas do Partido dos Trabalhadores. A maioria no Diretório Nacional. Como eu mencionei, na minha colaboração, se não me recordo em torno de 2 milhões e 900 em espécie para Vaccari, ao longo desse período que nós trabalhamos nesse sentido”, disse.
Na mesma ação, prestaram depoimento nesta quinta-feira ex-diretor financeiro da UTC engenharia, Walmir Pinheiro e o lobista e ex-executivo da empreiteira Engevix, Milton Pascowitch.Como todos são delatores e já prestaram diversos depoimentos, apenas reafirmaram o esquema de corrupção dentro da Petrobras:
Sérgio Moro: o senhor sabe se outras empresas da Petrobras, na época o senhor sabia se elas também pagavam comissões ou propina?
Ricardo Pessoa: era lógica de mercado que quase todos os fornecedores pagavam comissões e propinas. Não acho que abrangeu todos os fornecedores. Mas se você tinha já um canal aberto e que envolvia essa contribuição de pagamento de propina acho difícil dizer que paga nesse, não paga no outro. No caso do grupo Engevix ele. Era um modus operandi, um status quo que existia.
Em um trecho, em que Ricardo Pessoa responde a questionamentos de advogados, ele menciona valores a Paulinho da Força:
Adv: O senhor afirma que nos anos de 2010 e 2012 fez algumas doações para o Paulinho da Força. O senhor confirma essa informação?
Ricardo Pessoa: Confirmo.
Adv: Esses pagamentos, segundo declarado pelo senhor no mesmo termo (de delação premiada), teria um objetivo de manter um bom relacionamento com o líder da Força Sindical. O senhor conrima essa informação?
Ricardo Pessoa:Confirmo.
Adv: Esse pagamento foi feito por fora ou por fora?
Ricardo Pessoa: Foi oficialmente na campanha do partido, não sei se é Solidariedade eu acho.
Adv: Nos anos de 2010 e 2012?
Ricardo Pessoa: Sim, senhora.
Outras testemunhas do Ministério Público Federal serão interrogadas na semana que vem. Em seguida, começam as audiências com testemunhas de defesa.
A 26ª fase, a Operação Xepa, investiga um setor interno da empreiteira Odebrecht que teria sido utilizado para pagamento de propina em obras em diversos setores, incluindo projetos da Petrobras.
A investigação revelou que a empreiteira tinha funcionários especialmente dedicados ao setor de contabilidade paralela que distribuiu, pelo menos, 60 milhões de reais em propina entre mais de 20 pessoas.
Fonte: Paraná Portal
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