O Fascismo, as Massas e a Luta contra o golpe.

Sobre estes dois aspectos (fascismo e massas), estende a atual conjuntura mundial, e de forma quase autêntica, se manifesta esse quadro em nosso País. Primeiro pelo caráter de nossa burguesia, que é entreguista e submissa ao Imperialismo ianque, o qual se apresenta hoje como a sede do Fascismo internacional. Segundo, pelo simples fato, de que o seu projeto é de respaldar os intentos da burguesia americana, não existindo projeto nacional próprio, e a própria intelectualidade confirma isso. Essa concepção pode ser estendida, a burguesia da Venezuela, Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia, enfim, toda a América do Sul. Triste é a sina de um povo, que sob essa situação, não pense em fazer a revolução, (ou não é educado para isso pelas forças ditas de esquerda), e é levado a confiar nessa classe.

E nessa época, de crise profunda do Capital, que o capital falha nos EUA, na França, na Inglaterra, na Alemanha, no Japão (e na própria Rússia, mas de maneira diferente), ou seja, nos países imperialista, o mundo se vê as voltas de uma nova perspectiva de guerra mundial, isto é, de aniquilamento em grandes proporções das forças produtivas. É por isso, que sob essa necessidade, o Fascismo anda a galope, liquidando tudo que é progressista. De forma rápida, todos os sinais vão trocando de posição. O que era progressista ontem, passa a ser reacionário hoje, e o ódio da burguesia ao povo nessas épocas triplica-se, bem como para as organizações que o defendem política e economicamente, tornando-se alvos de ataques abertos (vide as guerras aos povos patrocinado pelos os EUA, Inglaterra, França,). E aqui no Brasil, os representantes deles (EUA) seguem a mesma sina, tendo a Lava Jato, Polícia Federal, Executivo, Legislativo em sua maior parte, os órgãos de Justiça como STF, STJ, os mantenedores do golpe, juntamente é claro com todo a burguesia brasileiro entreguista (FIESP e cia).

Sendo o Fascismo a única saída para a crise do Capital, compreende ele (o fascismo) a condição de desespero da burguesia que na eminência de manter o sistema, utiliza todos os métodos de aniquilamento da classe que historicamente é seu coveiro. Nessas épocas, portanto, os desavisados, na ânsia de fazer justiça se lançam na defesa daqueles que são protagonistas das desgraças humanas, isto é, a burguesia. E, muitos são os desavisados e entre eles parte da juventude. Assim como portadora do novo, pode, sob a fraqueza de Organizações proletárias na sua educação dos rumos Socialistas, cair no canto da sereia dos golpistas, da direita e dos Fascistas. Maquiavel já dizia, que os jovens devem ser atraídos aos 17 e 18 anos para ocupar os postos do exército, pois nessas épocas a sua formação ideológica começa a se definir. Alia-se a este ideário, a classe média, reacionária desde de sempre, “pregadores da moral e dos bons costumes”, de verdades eternas; porém permanecem sempre na defesa intransigente do sistema capitalista e por conta disso, nessas épocas se manifestam como os autênticos filhotes da “serpente”.

Mas o fascismo, é a política empregada em determinado momento de crise crônica do Capital, que leva a burguesia a trilhar o caminho da saída de sua própria crise, e como faz do ponto de vista político? Aniquilando a classe antagônica política, econômica e ideologicamente ( o proletariado). Mas para cumprir esse papel, precisa do proletário, para pegar em armas, para matar seus irmãos, para jogar povo contra povo, para fabricar armas, para continuar a exploração capitalista, enfim, precisa que o povo aceite o seu caminho proposto. Eis aqui o grande desafio da burguesia. Se os povos ou as massas aceitam a sua condução, docilmente, a vitória é dela sem dúvida nenhuma, e a derrota é nossa, e por conta disso, o Socialismo e a revolução estão adiados.

Portanto, a disputa de projetos com os Fascistas torna-se o embrião de nossa luta, pelo simples fato de disputar as massas, não deixa-la ser absorvida pela direita e a estrema direita. E o nosso projeto, para disputar as massas é o da Frente ampla e a Democracia. São elementos de fácil coesão, pois o povo entende, mais do que ninguém, quando existe unidade. Ele sabe que só esta é a vertente que pode dar forças para a sua luta contra aqueles que já são tão fortes por conta do Capital.

A unidade sindical e a unidade de partidos de esquerda, geram uma nova força de luta no povo. Se a Frente ampla e a luta pela democracia cumprem com esta perspectiva, devemos aprofundá-las. Mas é preciso, ir além disso, por que a democracia burguesa é diante do golpe um avanço pro proletariado, mas também é um atraso, pois é um lugar comum de toda a ditadura burguesa, que estamos vivendo a mais de séculos. Ofertar ao povo, a luta pelos 1/9 da democracia sendo que os outros nove décimos são de ditadura burguesa, é se atar até o pescoço com a lógica capitalista e impedir que as massas aspirem condições superiores. É aquilo que condenamos como projeto das migalhas, o qual impede o projeto de tomar os céus de assalto se estabelecer na consciência das massas.

O Fascismo disputa o povo para o seu projeto anti-povo. A burguesia sabe, que só terá êxito se o povo assumir suas propostas, ou pelo menos grande parte delas e outras tantas permaneçam caladas, caso contrário estará em mal lençóis, pois, estando em crise crônica e tendo ainda as massas contra si, a sua perspectiva como classe economicamente mais forte estão com os dias contados. É nessas épocas que parece a burguesia ser extremamente forte, a sua fraqueza também é eminente. Por isso, ao confrontá-la com uma frente ampla e democrática é preciso de um projeto, que, como dissemos acima, vá além das migalhas. Esse projeto tem de ser articulado ou melhor, disputado junto com a frente ampla, e essa tarefa pertence aos revolucionários. O abandono deste projeto significa que, a burguesia em desespero ou em dificuldades extremas, será contemplada pelas forças progressistas, democráticas e populares, com a manutenção de seu projeto, e não a sua derrocada.

Por isso, nós do PRC entendemos que, a luta contra o Fascismo e as disputas pelas massas proletárias, entre elas a nossa juventude, são decisivas neste momento. Por isso o entendimento de amplos setores contra o golpe e a direita em nosso país, são decisivas. Mas a par disso, é preciso que essa unidade lute para transformar a própria democracia burguesa, que em nossa época histórica já não representa grande coisa. Pelo contrário, em relação á economia, é um atraso, pois como vimos, sob o tacão do imperialismo Ianque e a submissão das classes burguesas brasileiras e de toda a nossa América do Sul aos EUA, qualquer lugar comum burguês é voltar para o mesmo ponto.

Mas como se pode voltar para o mesmo ponto se não é possível banhar-se no mesmo rio por duas vezes; se um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, ou ainda, que a história não se repete? É preciso então que se diga: continuar insistindo em tomar banho no mesmo rio; que raios diferentes continuem caindo apenas sob a cabeça do proletariado e ainda, não nos esforçar para que a história seja escrita apenas por migalhas, é uma solução filosófica positivista, que tem base dialética mas a conclusão não é revolucionária. Hegel também partia das bases dialética, mas a resolução do problema era de ordem idealista. É neste sentido que se critica a luta que busca sempre voltar ao ponto onde a ditadura burguesa é o Maestro.

Lênin dizia: “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com o nosso sonho, de realizar escrupulosamente a nossa fantasia. Sonho, acredite neles”.  E diante dessa afirmação, Lênin criticava a falta de sonhos dos ditos marxistas e a esquerda da época. E falta esses sonhos a esquerda brasileira, que atua sempre no limite das migalhas da ditadura burguesa, e condena o povo muitas vezes, por este não reagir aos ataques da direita. Mas se atuamos, sempre para que o povo permaneça na prisão, mas que na prisão tenha certas regalias, nunca teremos um povo que luta por liberdade, mesmo quando o Capital dá provas de sua demência e já não consegue ficar de pé sem bengalas.

Defender o Lula Livre, é uma das condições mais importantes de nossa luta contra o fascismo. Pois, o que está em jogo na luta contra o golpe e a direita em nosso País é as massas. É isso que ainda falta para que a extrema direita assuma de vez o comando. É o que eles estão tentando desde 2013 quando o movimento de massas daquele momento foi coordenado pela direita. Deste momento em diante (até o impeachment e pós impeachment), essa luta foi trabalhada dia a dia e os movimentos de massa que eles tenham feito, seja pela FIESP, MBL, Lava Jato, as tentativas de melhorar os indicativos de Temer e do Executivo junto ao povo brasileiro, intervenções militares, mesmo com assédio constantes dos meios de comunicação, não tem dado muito certo. A sanha do golpe permanece, sob o comando de cima, e de certa forma com o distanciamento do povo.

Por isso, tornou-se pedra angular, tirar a influência popular que encontra-se sob a liderança de Lula é o que a burguesia brasileira e imperialista mais quer. Acabar com a influência de Lula, e do próprio PT, no povo brasileiro abre-se as portas para a concretização do Fascismo. É o coroamento que falta. Por isso, Lula livre, é uma das lutas ideológicas e prática dentro do proletariado e da própria juventude, para mantermos a presença viva da luta contra o golpe, neste momento. As palavras de ordem que dizem: “eleição sem Lula é fraude”, canalizam justamente contra esta ação golpista e fascista de impedir que o movimento anti golpista se articule com o povo nas ruas durante as eleições e prepare movimento maiores após elas.

Vivemos um período decisivo diante do golpe e das eleições que se avizinham. A tática a ser adotada pelo movimento anti-golpista poderá deixar condições para que a extrema direita assuma o comando e parta para a ofensiva aberta contra os movimentos populares e de esquerda, aquietando os democratas e progressistas. Também, se dermos o passo certo no rumo de uma frente ampla, já no primeiro turno, unificando amplos setores, estaremos em condições melhores de enfrentar a direita, pós período eleitoral. A resposta desta luta, encontra-se em não se apartar das massas, não se isolar delas, porque isolados, nem se quer nossas ideias serão ouvidas, falaremos para nós mesmos, e as ideias não se materializarão. De outro lado, junto com as massas, é preciso mobilizar também uma força que, além de lutar contra o Fascismo, avance na perspectiva de não contentar o povo apenas com migalhas. Dada a frente ampla, essa luta passa a ser decisiva. Uma está articulada com a outra.

A resposta tática para esta luta é: Ampliar radicalizando, radicalizar ampliando. A ampliação de uma frente com o PDT do Ciro Gomes, que para uns é uma catástrofe e para outros é a solução, devemos nos ater o que a luta de classes nos apresenta. É preciso manter a clareza da luta contra o golpe, isso é básico, pois de que adianta uma unidade que não se manifeste na luta principal. Segundo que, somente um grande movimento de massas nas ruas vai por fim ao golpe. Qualquer tentativa de administrar o que está aí, sob o golpe e a crise do Capital, isto é, sem uma mudança profunda nos rumos da economia política ( diferente de políticas econômicas ), logo cairá em descrédito e se aprofundara os caminhos do fascismo.

É preciso entender que, não tem caminho fácil e muito menos o (caminho) eleitoral é uma solução. A Argentina vem nos dando provas iminente deste caminho que Macri faz lá sob golpe eleitoral, é o mesmo que Temer faz aqui sob o golpe com o nome de Impeachment. Tanto um quanto o outro, só beneficiam os grandes monopólios internacionais do capital financeiro, os padrinhos do golpe, sem conseguirem a dita estabilidade econômica, tão prometida a cada rodada política, para o povo de seus países. Para eles manter tal situação só é possível sob o recrudescimento das medidas fascistas, e para nós, só com profundas mudanças políticas e econômicas.

Mas para nós, a luta contra o golpe, a direita e o fascismo, pra ser eficiente, tem que manter a influência nas massas, e estas serem politizadas da necessidade de romper com o golpe. Por isso a esquerda propõe a frente ampla, e não de esquerda. Por isso, a luta intransigente pelo Lula Livre, pois sua prisão lhe tira o contato com as massas, impedindo-o de concorrer e ainda de ser candidato. O ataque a sua pessoa por parte da direita fascista, é para diminuir a sua influência junto as massas e ela (a direita) ocupar este espaço. O mesmo se diz a respeito do próprio PT.

Mas a luta contra o golpe hoje, do movimento Lula Livre, não dependem mais de uma única força, mesmo que uma delas concentre a força principal. Depende de ampla unidade, defendida por muitos, mas manifestada apenas formalmente, porém sem efetivação prática. Muitos ainda, mantenham os interesses partidários e pessoais, acima das necessidades exigidas pela luta de classes. Todos se auto intitulam com direito a lançar-se candidato. Ora, isso nada mais é que um argumento burguês. E é por conta desses desvios, que qualquer nome novo que apareça bem como um partido que compõe a frente com as possibilidades de liderar uma disputa eleitoral, é rechaçado antes mesmo de discutir as possibilidades. Isso significa estreiteza e sectarismo, concepções que dividem e impedem de a luta avançar.

A luta eleitoral em nosso país, por conta do golpe, se encontra em disputa entre a direita e a extrema direita. O domínio que tenham por cima, é quase unânime, isto é, das urnas, da justiça eleitoral, dos meios de comunicação, do Capital, por fim, dos votos e do resultado. Porém, não significa como verdadeiro que o resultado que a direita venha conquistar nas urnas, seja de fato apoio real das massas. No entanto, a divisão do movimento anti golpista, facilita e muito a ação da direita. Para tanto, cabe desde já conscientizar os membros da frente ampla para o movimento real e não apenas eleitoral. A institucionalidade é o que menos deve nos preocupar nesse momento, pois essa, a muito foi dominada pelo golpe. Prender, matar, torturar físico e psicologicamente, são condições abertas que o golpe permitiu a burguesia, e somente as forças das ruas pode estanca-la das massas contra o golpe.

Mas é preciso se ater á preparação da luta pós eleição. Este é o fato que realmente nos interessa. E ele começa já neste período eleitoral. A frente ampla já no primeiro turno é significativa para esta luta, pois mantém a unidade de um setor que tem perspectiva de confrontar com o que aí está. E, com um quadro de retrocessos econômico, poderá sem dúvida alguma ampliar e tornar-se uma força real na luta contra o golpe. E, Também, através de uma frente ampla, embora em um período de resistência, não abrir flancos para a direita conquistar espaço sob os nossos erros. Se conseguirmos avançar em uma frente ampla é preciso, no entanto, manter bem alto a bandeira contra o golpe.

E este movimento de disputa das massas não é estático e certas ações na conjuntura fazem com que essa influência, sobre elas, aumenta ou diminua. Todos os movimentos feitos devem levar a manutenção e ampliação das massas que nos apoiam e, ainda, neutralizar outros setores dificultando a ação dos Fascistas. Por isso, não se descarta a unidade com outro candidato qualquer do campo popular, progressista e de esquerda, desde que haja a concordância de amplos setores da Frente Ampla, principalmente de Lula e do PT. A maturidade para o boicote eleitoral de forma politizada pelas massas e lideranças do campo popular, progressista e até de esquerda é muito débil portanto, essa condição se materializa em minha opinião como um tiro no pé, podendo cair num rompimento com as massas mais atuantes que podem não compreender esse caminho.

E de nossa parte, PRC, dada a Frente ampla, diminuir nela as ilusões na ditadura burguesa, e sonhar.

É por isso que continuamos a defender a frente ampla, já no primeiro turno, contra o golpe, a direita e o fascismo.

– Frente Ampla já no primeiro turno.

– Contra o golpe, a direita e o fascismo.

– Lula Livre.

João Bourscheid.

Se ainda não nos permite uma maturidade para uma unidade desde o primeiro turno, e por isso é formal, também não temos essa condição de unitariamente estabelecer um boicote eleitoral com a devida politização do golpe junto as massas. Estaria mais para um rebaixamento de consciência, onde ninguém presta, que todos os políticos são corruptos, posicionando contra a política. Nesse caso, não estaríamos fortalecidos, mas pelo contrário, ainda mais enfraquecidos e ainda sem condições de lutar com as massas, que ainda entendem que o caminho é eleitoral, jogando direto nas mãos da direita.

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