Óbvio estava, para qualquer um não dominado pela cegueira coletiva que se abateu sobre parcela importante da população brasileira em relação ao clã Bolsonaro, que Flávio, ao recorrer ao “Foro Privilegiado”, durante anos tão atacado de maneira hipócrita por Jair e seus filhos (mesmo diante o desgaste político que essa ação geraria, e de fato vem gerando), tinha muito a esconder. Ou seja, no jargão popular, “tinha culpa no cartório”.
Não demorou muito para “a prova do crime”, ou pelo menos parte dela, aparecer. Os 48 depósitos feitos em um mês na conta do então deputado estadual e senador eleito pelo PSL do Rio de Janeiro que, em conjunto, somam 96 mil reais, quando revelados em rede nacional pela ainda mais influente emissora de televisão do país, explodem como uma bomba sobre o desgoverno que hoje se encontra à frente da gerência do Estado Burguês, colocando em evidência aquilo que sempre se soube: a família Bolsonaro é corrupta.
Não é preciso ser nenhum gênio para constatar tal afirmativa: Considerando-se a corrupção no sistema político vigente como algo estrutural, afinal, no Estado Burguês, prevalecem os interesses privados sobre os interesses coletivos e os interesses econômicos sobre os interesses sociais, como imaginar uma família inteira de políticos profissionais isenta a seus vícios e mecanismos? Jair Bolsonaro, deputado federal por quase 30 anos, gostou tanto dos privilégios e vantagens do cargo que, não contente em tê-los para si, tratou de providenciá-los também a seus filhos. Agora, parem para refletir: Quanto custa uma campanha para deputado? Quem banca há décadas o clã Bolsonaro? Certamente, um desses esquemas, o mais rasteiro de todos, trata-se do agora revelado no caso Queiróz, ou seja, o repasse de dinheiro ilegal via funcionários-laranja alocados em seus gabinetes. O enriquecimento rápido e incompatível que o clã Bolsonaro teve nos últimos anos, e que vem sendo denunciado há bastante tempo, é prova disso.
É normal que revelações como essa nos inspirem um profundo desgosto em relação à política, mas é importante lembrar que, em grande parte, pelo menos para aqueles que não vão se beneficiar com a política econômica entreguista e anti-povo promovida por Bolsonaro pai e Guedes, que foi um certo rancor e ódio à própria política que originou a cegueira em relação aos Bolsonaros. O problema, na verdade, não está na ação política em si, pois não existe vida em sociedade sem política. O problema está nas formas de se fazer política e a quem ela serve.
O “Mito” e seus filhos foram mitos criados e sustentados pelos inimigos do povo. Pelos patrões e empresários que querem o nosso couro para explorar livremente. Hoje, como gestores do capital, os que antes atacavam, são postos na posição de vidraça. Somente a realidade, em sua forma mais cruel, pode dar fim aos mitos.
Fábio Rodrigues.
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